segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Prisões




Por Luiz Fernando Verissimo (*)

Quando os figurões do governo Nixon envolvidos no escândalo de Watergate começaram a ir para a cadeia, um cômico americano imaginou-os liderando um motim entre os presos, batendo nas mesas do refeitório com seus talheres e pedindo “Montrachet! Montrachet!” ou outro vinho da mesma estirpe para acompanhar a comida.

Se a prisão dos acusados do mensalão estiver mesmo inaugurando uma nova prática jurídica no país, o encarceramento de condenados sem distinção de nível social ou importância política, uma das consequências disso pode ser uma melhora dos serviços penitenciários para receber a nova clientela.

Prevejo duas coisas: uma que quando exumarem esse processo do mensalão daqui a alguns anos, como agora fazem com os restos mortais do Jango Goulart, descobrirão traços de veneno, injustiças e descalabros que hoje não dão na vista ou são ignorados. O que só desgravará alguns dos condenados quando não adiantar mais nada. Outra profecia é que, mesmo sem “Montrachet”, a comida das penitenciárias certamente melhorará.

Prisões mais humanas e democráticas serão um avanço, mas nossa meta deve ser o que acontece na Suécia, como li há dias. Lá vão fechar algumas penitenciárias por falta de detentos. Diminuiu a população carcerária na Suécia, abrindo imensos espaços ociosos até para — por que não? — importarem presos de países onde há superpopulação carcerária.

Não se imagina uma campanha de incentivo à criminalidade na Suécia para reabastecer suas penitenciárias igual a campanhas de incentivo à fertilidade que havia na França, onde as pessoas eram premiadas por ter filhos.

Na Itália havia, e acho que ainda há, uma crise educacional grave, não por falta de lugar nas escolas, mas por excesso de lugar: simplesmente não existiam crianças suficientes para encher as salas de aula e fazer o sistema funcionar normalmente.

A solução era animar a população: façam filhos, façam filhos! Ou, no caso da Suécia: roubem! Matem! Enganem o fisco! Temos uma cela quentinha para você!

Especula-se que os programas de reabilitação de presos nas cadeias sejam responsáveis pela diminuição da criminalidade na Suécia e que... Mas do que adianta sonhar com outra realidade quando a nossa, nesse assunto, ainda é medieval?

Mesmo que melhore a frequência nas nossas cadeias ainda estaremos longe do ideal. Ou, no mínimo, do escandinavo.

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(*) Publicado no Blog do Noblat em 17.11.2013. Como todos meus leitores sabem, estou em regime de escrever e publicar, pelas minhas condições de internet. E hoje, vindo a minha lan house (o contrato que fiz com o dono é escorchante) vejo este do Veríssimo, atualíssimo, pois tenho certeza, ontem o Zé Dirceu deve ter dado algum “piti” na Papuda, por não tinha o seu vinho favorito. Chamou seu advogado e deu a ordem: “Procurem o Joaquim e digam a ele para definir o que é “regime semi-aberto”, pois este aqui junto com o Delúbio é um horror. O homem não para de contar piada de salão.

Pois é meus amigos, justiça é como chuva de janeiro, tarda mas não falta, pelo menos a justiça divina. E vimos pela TV um avião cheio de bandidos com destino à cadeia.  Se fossem pobres iria a pé e não em burrico. E o meu super-herói Joaquim Barbosa, voltou a brilhar e o vilão Lewandowski continua fazendo seu papel. Será que este filme não termina nunca?

O Verissimo fala na situação da Suécia, onde estão faltando presos. Que tal um convênio com aquele país para levar alguns daqui para lá? O Zé Dirceu iria adorar e Fernandinho Beira-Mar também.

E agora vamos esperar o término do processo. Pensando bem, pelo número de embargos, quando ele terminar poderá não ter mas nenhum preso desta leva. Talvez o Marco Valério se não se valer da delação premiada e levar o “chefe” para o lugar onde ele merece está. (LP)

2 comentários:

  1. Concordo plenamento com tuas sabias palvras, e alias ja era hora... mas felismente esses tem bons adigovados pago com o dinheiro do povo.. E em pouco tempo com as suas costas quentes e um bom adivogado serao abisolvido como se nada como se nada tivesse acontecido.

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  2. Lucinha, o Verissimo (é assim mesmo, sem agudo!) não nega ser um dos vermelhinhos da esquerda caviar, ou, como ele mesmo diz, ''Montrachet''. Que história é essa de ''acusados do mensalão''? Os caras foram condenados, mesmo após tantas marés de recursos e exageros mil de chances dadas aos corruptos. Assim não, Verissimo!

    A outra parte cabeluda é esta: ''quando exumarem esse processo do mensalão daqui a alguns anos, como agora fazem com os restos mortais do Jango Goulart, descobrirão traços de veneno, injustiças e descalabros que hoje não dão na vista ou são ignorados''.
    Caramba, ele também faz coro junto com aqueles que defendem que houve prisões políticas? Depois de tudo o que rendeu esse processo, apelações, direitos dos réus...
    É um gozador esse Verissimo.

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