sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Brasil: Bole-bole ou Saramandaia?





Há alguns dias, depois dos meus filhos se filiarem à Globo para ver novelas pela internet, eu comecei a ver uma que sempre me chamou a atenção mas nunca havia assistido: Saramandaia. Sempre vi a Wilza Carla explodindo e sempre tive vontade de ver o porquê daquela coisa, já que sempre fui um pouco descuidada com o que como e fiquei um pouco rechonchuda com o passar dos anos.

Não, meus amigos, o meu marido não é besta de me chamar de “dondinha” como o marido de Dona Redonda a chamava antes de sua explosão. Eu fiquei alegre por poder ver agora a novela, mesmo que atualizada para nossos tempos, e é uma pena que suas cenas picantes não permitam que ela seja transmitida em horário nobre. É um obra de arte televisiva e merece ser vista.

Os especialistas dizem que esta obra artístico/literária pertence ao gênero do realismo fantástico, seja lá o que se queira dizer com isto. O interessante da arte é ela nos remeter à nossa realidade de alguma forma, que nos faça associar ideias e que nos permita atuar na realidade atual para melhorar nossa vida.

Eu ficaria aqui páginas e páginas tentando trazer para no nosso mundo, personagens como o Zico Rosado, que cria formigas no nariz e é o maior cafajeste político de Bole-Bole, a cidade onde se passa a novela e que passou a se chamar Saramandaia, pelo voto popular. Qualquer semelhança com o Zé Dirceu, é mera coincidência, pois o nosso chefe de quadrilha não tem um formigueiro no nariz. Ou, pelo menos, não consta de sua biografia, que estou lendo, agora.

Temos o João Gibão, que nasceu com asas e consegue, através de visões, se contatar com futuros acontecimentos. Eu não sei porque, ontem ao ver o Aécio Neves no programa eleitoral do PSDB, eu me lembrei do “corcovento”, que é como os inimigos chamam o João. Eu acho que é porque ele, o Aécio, poderia voar mas tem vergonha de fazê-lo, ou, porque está tão apegado ao mineirismo de Tancredo que não conversa nem com ele mesmo, a não ser de frente do espelho.

O Professor Aristóbulo, que, nas noites de quinta-feira se transforma em lobisomem, me fez lembrar o ministro Celso de Mello, embora este não tenha esperado nem o dia certo para a transformação e tenha sido a fera que acabou com os sonhos de muitos brasileiros. Em termos de erudição e no linguajar eles parecem a mesma pessoa. Como gostam de aparecer! Ainda há o Belisário, pai do professor, que me lembra o Lula, pois vive com a cabeça separada do corpo, e vive muito bem, segundo a esposa que ficou com a cabeça enquanto o corpo só aparece de vez em quando. Com o Lula é a mesma coisa. Ele vive com a cabeça em Brasília e com o corpo no quarto da Rosemary.

Há o seu Cazuza, um farmacêutico sério que está sendo agora “convidado”, pelo Zico Rosado, a convencer os vereadores através de uma mesada para votar com ele e desmudar o nome da cidade para Bole-bole. Não sei ainda se o intento vai ser conseguido, mas, se o Dias Gomes vivesse nos dias de hoje, a tentativa seria um sucesso e sem medo de represálias, se o STF de Saramandaia fosse o mesmo do Brasil.

Enfim, o realismo fantástico de Saramandaia ou Bole-bole não nos surpreende mais. Os seus personagens estão espalhados pelos nossos poderes e pela vida política e social do nosso país. Talvez os médicos cubanos não tenham entrado no roteiro porque lá tem o Doutor Rochinha, que resolve todos os problemas, menos o dele, de alcoolismo, mas que dá conta dos casos de saúde da cidade. Aliás, este programa Mais Médicos deve ter sido bolado por alguém que adota o gênero do realismo fantástico. Querem resolver os problemas de saúde do brasileiro abolindo o trabalho livre, ou, no linguajar da novela, abolindo a desescravidão.

E eu comecei a escrever sobre a novela para falar do que o país hoje sente, depois que temos convicção de o Zé Dirceu não vai mais para cadeia, de que se oficializou a impunidade para os ricos e poderosos, o que nos leva ao mesmo patamar de Bole-bole que quer ser Saramandaia e não pode. Parece que o Zico Rosado venceu.

Eu continuarei acompanhando a novela, e esperando tal qual aconteceu com Dona Redonda, nossa “dondinha do planalto” se exploda também. Politicamente, é claro.


P.S.: Se alguém chegou ao fim deste texto é porque já vê a novela. Se por acaso alguém chegou e ainda não a viu, tente vê-la e releia o texto. Vai concordar comigo. 

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