Os chifres de Marisa Letícia

Quando subo a Serra das Russas em direção a Gravatá adoro a paisagem durante este período de seca. O céu é límpido de nuvens e seu azul é encantador. Ali acolá um arbusto verde que parece com aquela pé de juá que Luis Gonzaga imortalizou para nossa paisagem e que nem sei se ainda existe lá por Bom Conselho. Lembro até que sua frutinha servia para escovar os dentes. Mas, quando penso nos efeitos da seca tudo muda em minha cabeça, e muda para pior porque não possuo meios nem poderes para fazer algo em relação às suas consequências para o nordestino sofrido.

Eu gosto da serra, do seu clima, e agora gosto até da tranquilidade que meus parentes me dão devido ao meu estado, cuidando mais dos meus netos. Embora, eu preferisse estar o tempo todo com eles, mas, não posso. Quando volto até sinto um pouco de saudade, mas vou levando.

Eu confesso que não ia escrever nada disto quando, neste prometido dia quente de Recife, sentei aqui em frente ao computador. Vinha apenas para dizer que no final de semana não escrevi nada para colocar neste meu blog e meus leitores sabem que não gosto de deixá-los com crise de abstinência dos meus artigos, e, além disto, mostrar o que escrevi ontem no blog do Roberto Almeida sobre o assunto do momento, que é resumido pelo título que dei a este artigo. E se possível complementar o que lá deixei.

Numa postagem chamada de OS EX-PRESIDENTES E SUAS AMANTES (aqui) o Roberto Almeida, como todo petista (aberto ou enrustido) tenta fazer uma comparação da traição do Fernando Henrique com a traição de Lula, e já culpava a “grande imprensa” por ideologizar o adultério. Vejam bem, já estamos comparando safadeza com safadeza, e lá eu escrevi um comentário que dizia:

“Eu adoraria que alguém me dissesse o que é a Grande Imprensa. Será que o meu blog (para o qual não estou escrevendo pois não tenho mais tempo, por esta lendo sobre a Rosemary) está entre ela? E o do Roberto? Ambos os presidentes foram safados com suas mulheres e não terão perdão no reino de Deus. Mas, no reino dos homens, o FHC apenas mostrou que até para ser safado tem que ter classe e instrução para não confundir os interesses sórdidos da safadeza com os interesses públicos. Esta de vir igualar as duas safadezas não cola, a não ser em petistas enrustidos que não sabem o que dizer mais para saber o safado do apedeuta. Tem que haver a dosimetria da pena (este já é o escândalo petista anterior). Não me consta até agora que a amante do Fernando Henrique tenha nomeado alguém para o setor público nem arranjado diploma falso para o ex-marido. Mas, só resta mesmo ao PT este caminho. Dizer que é mais uma armação das elites e da Grande Imprensa. Até o bandido JD está dizendo isto. Me poupem! Como diz um amigo meu, é muita desfaçatez.”

E hoje já voltei lá e já há 14 comentários depois do meu sobre o tema. Então o negócio rende notícia e, se se relaciona a sexo, então o não poderíamos esperar que o Sr. Ccsta estivesse ausente, com sua verve preconceituosa e machista, por trás de um linguajar correto do ponto de vista gramatical, mas que não esconde o ranço petista e machista. Mas, eu não quero nem comentar comentário hoje, a não ser o meu, para ampliá-lo.

Para mim, homem que trai a mulher é um safado como outro qualquer e a mulher que se presta a ajudar na safadeza é um quenga, só para lembrar do linguajar do meu pai, que, pelo que sei não era um safado como o são o Fernando Henrique e o Lula.

Eu sei que o adultério era um crime no Brasil, mas, se tornou tão comum que foi “descriminalizado” em, se não me engano, 2005. Pela data da revogação do artigo do Código Penal eu até me pergunto se não houve o dedo do Lula para revogação para não ser criminoso além de ser um safado já naquela época. O que importa, é que não deixou de ser um pecado, uma falta de ética e de decoro, que em países mais civilizados é punido com o ostracismo político. Aqui neste país de machistas e da safadeza generalizada é até motivo de orgulho. Isto para os homens, pois quando a mulher trai ninguém perdoa. Eu não perdoo nem a homens nem as mulheres.

Da forma como as coisas vão, em termos de moral e costumes (o julgamento do mensalão, espero, dê um basta ou pelo menos coíba um pouco), chegaremos o dia de descriminalizar a corrupção. Ela está tão generalizada no mundo lulo/petista que não se admirem se aparecer uma lei dizendo que corrupção não é crime, mas, só “caixa dois”. É o “abolitio criminis” dos juristas em prol do “status quo” da safadeza.

E o pior argumento a favor da safadeza é dizer que a vida privada das pessoas públicas não tem nada, ou não deve ter nada com a política. Aqui neste país se duas pessoas se juntam para trair uma terceira não é impedimento do ponto de vista político porque tudo foi feito entre quatro paredes e em cima de uma cama e não afetou a vida de ninguém. Como não afetou? E o traído ou traída?  E a Marisa? E a D. Ruth? São os mesmos que argumentam assim que se sentem ultrajados com a troca de afetos entre gays e querem criminalizar a prática. São os fariseus modernos, os sepulcros caiados, os dois pesos duas medidas. Isto acontece quando deixa-se de lado os princípios éticos (que na sua maioria nos são passados pela religião) que influem em nossa convivência social, e que nem sempre são colocados em nossos códigos legais.

Mas, era de se esperar isto, quando hoje, o casamento virou apenas uma festa para dar lucro aos bufês. Eu não gosto de moralizar o debate político, mas, não me sinto uma udenista por fazê-lo, quando necessário. Pois sei que sem alguns princípios morais a convivência humana se torna insuportável. E a tentativa de deixar o adultério como independente da prática política é um erro de nossa sociedade brasileira machista, escravagista e mundana. Eu não vou dizer que não voto em político que trai seus cônjuges, nem que fosse o safado do John Kennedy, pois sei que corro o risco de sempre votar em branco, mais voto não os absolve de serem safados.

Já estou me estendendo demais para uma manhã de segunda-feira na qual deveria estar escrevendo sobre assuntos mais amenos. No entanto, é um sacrifício que faço para aliviar o peso dos chifres da Marisa Letícia.