quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Lula-luz e o poste





Por Mary Zaidan (*)

Dilma Rousseff é a presidente com o maior índice de aprovação que o País já teve. É alguém que obedece tão fielmente às instruções de seu marqueteiro que tem coragem de, sem qualquer constrangimento, bater no peito e anunciar a data do fim da miséria. É “o poste que está iluminando o Brasil”, como disse Lula ao lançá-la candidata à reeleição na festa dos 33 anos do PT e do decênio do partido no poder.

Então, por que Lula e o PT andam tão aflitos? Por que gastar quase dois anos de um mandato seguro, popularíssimo, para tentar garantir o próximo?

Com o batido discurso do "nós x eles", em que o eles é Fernando Henrique Cardoso, a mídia golpista, os que não suportam um operário ter chegado ao poder e toda essa ladainha, Lula consegue trazer o debate para o seu campo de conforto.

É certo que Lula anda menos falante. Tem preferido palcos sob medida, com claque garantida, sem chance de ser questionado sobre a sua auxiliar Rose-tudo-pode ou sobre as denúncias de Marco Valério de que o ex-presidente teria usufruído de dinheiro do mensalão.

De jornalistas não oficiais, quer distância.

Ainda assim, se mantém no topo do noticiário, como o grande articulador, o imbatível. Aquele que conseguirá, mais uma vez, trazer a vitória das urnas.

As chances são grandes.

Mas, ao contrário do que Lula quer fazer crer, sua preocupação do momento não é o governador do Pernambuco Eduardo Campos (PSB), muito menos o senador tucano Aécio Neves (MG). Eles só vão incomodar se a economia - que já patina - piorar. Aí, Aécio pode crescer e Campos torna-se realmente um perigo.

Ao insistir no lengalenga populista, no “nunca antes neste País”, Lula redirecionou e personalizou o debate. É ele x FHC. É ele x Campos. É ele x qualquer um.

Com isso, divide as atenções, dá um refresco nas críticas mais afiadas contra ele, seu governo, sua pupila e os seus.

Substitui as manchetes sobre a inflação, que começa a corroer os ganhos dos mais pobres. Tira o fiasco da Petrobrás das primeiras páginas. E com sua fala de efeito, ocupa todos os espaços com articulações mirabolantes – como a de oferecer a candidatura ao governo de São Paulo a Michel Temer (PMDB) e a vaga de vice a Campos.

Safo como ele só, Lula é capaz até de culpar a oposição pela incompetência do poste que escolheu para a cadeira do Planalto. De atribuir os reveses da economia à elite, a mesma que lhe garantiu e lhe assegura o trono.

Há tempos reservou para si o papel da luz.

Joga ciente de que, se ao fim e ao cabo a economia fraquejar, será ele, Lula, o ungido. Não dá para saber quem torce mais para esse curto-circuito: se o PT ou Lula. Ou ambos.

--------------

(*) Publicado no Blog do Noblat em 24.02.2013. Eu hoje li no blog do meu correligionário, no nosso PLP (Partido da Lucinha Peixoto), o Rafael Brasil,  sua explicação para a entrada de Ciro (que o conterrâneo do Rafael o Zezinho chama de Ciro Boca Suja) na briga presidencial, não como possível candidato, mas, como coadjuvante do Lula e do PT. Lá ele remete às suas postagens anteriores apenas com o título: “Eu não disse?” Mesmo se Rafael não disse o que a Mary Zaidan diz acima, junto com toda a torcida do Flamengo de jornalistas e blogueiros, sobre o que o Lula pretendia e parece estar conseguindo: Antecipar o debate eleitoral em proveito próprio. E isto é o ponto chave do texto da Mary e indiretamente do do Rafael. Este meu comentário passa um pouco ao largo.

Eu hoje, bem cedinho estava vendo a última aparição do Bento XVI lá no Vaticano. Como todos sabem sou católica e adorei os últimos papas, por eles terem colocado um freio nos padres de passeata, sem tirar a missão social e política que a Igreja deve ter para melhorar a vida das pessoas. Muitas reformas ainda estão por serem feitas, e os últimos escândalos certamente contribuirão para que o próximo papa as lidere. E espero em Deus que elas não patinem como patinaram por 10 anos as reformas no Brasil, com o governo petista.

Voltando ao Lula, eu já ando tão impressionada com a antecipação do debate eleitoral no Brasil, que esperei que o Papa, em sua última audiência pública dissesse o seguinte:

Caros amigos do Brasil.

Eu já soube que os próximos candidatos a presidente do Brasil são o FHC e o Lula. Peço-lhes que reflitam bem, façam o que lhes peço para o bem de seu país. Não vote em nenhum dos dois. Os dois deveriam vir ficar comigo aqui no Vaticano onde morarei depois de minha renúncia, e nunca mais meterem o bedelho em política. O primeiro porque já é da minha idade e já está um pouco esquecido, como eu. E o segundo porque está enredado até o pescoço com falcatruas e amantes. A senhora que está no poder, e que tem mais popularidade do que eu, foi retirada da disputa porque não sabia rezar nem o Pai Nosso. Outros pretendentes, até agora, não dizem a que vieram. Seria ótimo que o próximo presidente do Brasil fosse um italiano, mas, não me atrevo a sugerir o Cesare Battisti. Portanto, caros irmãos e irmãs, esperem um pouco para tomar sua decisão. In nomine Patris, et Filli et Spititus Sancti.”

É claro ele não disse nada disto, apesar de haver sempre um lulo/petista em qualquer canto querendo abrir o debate sobre a sucessão. Eu penso que o Coronel Eduardo deveria enfrentar o caso dos precatórios,  e seu passado, que será destrinchado em pedaços miúdos pelo PT, somente para levar a disputa para um segundo turno. Se isto acontecer eu voto nele, se não aparecer um melhor do que os até agora apresentados, que deixe a Dilma de fora. Afinal, como diz o Zezinho, o Eduardo, de socialista, só tem as penas. (LP)

Nenhum comentário:

Postar um comentário