quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Benditas ou malditas as heranças?





Por Ateneia Feijó (*)

Petistas fanáticos são mais irritantes para as esquerdas do que para a direita conservadora. Por quê? Porque desqualificam realizações de adversários partidários (e de ex-aliados), mesmo quando se embasam nelas para seus programas de governo.

Por exemplo: o Bolsa Família. Não é preciso ser petista para festejá-lo; tampouco inimigo para fazer alguma crítica. Porém, não é justo e nem honesto não levar em conta os 13 programas anteriores de combate à miséria de FHC, que foram coordenados por sua secretária de Estado de Assistência Social Wanda Engel. Geógrafa e doutora em educação.

Ela colocou o ovo de Colombo na mesa ao apresentar o conceito do “núcleo duro da miséria”. Mostrou que sem quebrá-lo não se mudaria o Brasil, porque esse núcleo seria a matriz da pobreza extrema. E da perpetuação das gerações de miseráveis; com seus filhos analfabetos continuando a ter filhos analfabetos. Progressivamente.

Para romper esse círculo perverso havia de se quebrar preconceitos. Como o da entrega do dinheiro público direto na mão da mulher chefe da família miserável. Junto com escola.

Engel foi a primeira a enxergar a erradicação da pobreza como estratégia. Seu trabalho não era filantrópico, ora. Chegou a declarar que não considerava a fome como prioridade porque não faltava alimento no país. Na época, foi um prato cheio para os petistas.

A ministra de Desenvolvimento Social, Tereza Campello, reconhece Wanda Engel como uma das pioneiras na política de transferência de renda. Mencionou-a ao discursar na cerimônia em que a presidente Dilma instituiu o Sistema Único de Assistência Social.

Em entrevista a Sergio Lirio, na revista Carta Capital, a ministra credita o sucesso do Bolsa Família ao cadastro único de beneficiados: “é a nossa grande tecnologia”. Ou seja, é uma “tecnologia” que permite mapear a pobreza e reorganizar a oferta de serviços públicos.

Entusiasmada, Campello propõe que se faça uma “verdadeira reforma do Estado brasileiro”. Entretanto, sua proposta tem sido rejeitada.

 “Parte da esquerda rejeita qualquer discussão sobre a reforma do Estado por associá-la a uma bandeira do neoliberalismo”, queixa-se. E explica que defende um Estado mais efetivo; nada de Estado mínimo...

O fato é que a partir de tecnologias conquistadas no passado está sendo possível aprimorar sistemas informatizados que permitem maiores avanços sociais. Hoje o poder público acessa e cruza informações inimagináveis. Qual será o próximo mapa? (Ou herança?)

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(*) Publicado no Blog do Noblat em 23.10.2012. Eu adoro os artigos da Ateneia. São curtos e finos. Sua delicadeza às vezes irrita, mas cativa. Dizer que foi no governo FHC que surgiram os programas sociais encampados pelo PT é chover no molhado, e todos sabemos disso. Como sabemos que o Lula passou quase o tempo de seus dois mandatos aproveitando a base que lhe deu o Fernando Henrique.

No entanto, o que não se faz normalmente é mostrar as distorções dos próprios programas sociais no governo petista, para se tornarem verdadeiros instrumentos eleitorais e com finalidades muito diferentes daquelas originais. Todos sabem que não se elimina a pobreza cevando os pobres. Ao pobre tem que se ajudar e ao mesmo tempo dando-lhes condições de caminhar com suas próprias pernas. Isto vinha sendo feito através do Bolsa Escola e acabou com a unificação dos programas.

E o que temos? Um programa que tem a entrada mas não tem saída. Uma vez no Bolsa Família tem-se que morrer nele. E isto vem causando enormes distorções na vida social de muitas cidades no Brasil. Eu recebi um e-mail no qual se contava um caso, parece-me que em Fortaleza, de um treinamento de pessoas, com cursos e tudo para trabalhar numa empresa, e depois de terminado o curso, a empresa quis contratar todos os participantes e ninguém quis ser contratado. Por que? Porque perderiam o Bolsa Família se tivesse suas carteiras assinadas.

Este absurdo está ocorrendo em muitas regiões do país, fazendo com que o programa Bolsa Família seja um conservante para a miséria e pobreza no Brasil. É o formol da miséria. O “antes pouco do que nada” está viciando os nossos cidadãos e assim fazendo com seus filhos perdendo-se gerações para votar no PT. E Lula elegendo seus comparsas.

Esta é a verdadeira herança petista, junto com a corja do mensalão que, se houver justiça, vai terminar todo mundo em cana. (LP)

Um comentário:

  1. O ADENDO DA LUCINHA PEIXOTO É TÃO PERFEITO QUANTO O ÓTIMO TEXTO DA ATENEIA FEIJÓ. E A LUCINHA BOTA PRA LASCAR A TAMPA DO TABAQUEIRO QUANDO AFIRMA CATEGORICAMENTE QUE, “O BOLSA ESMOLA DO LULA É O FORMOL DA MISÉRIA”... MAGNÍFICA A FRASE!!! NA MOSCA!!! É PRECISO TER CIÊNCIA DAS COISAS E SER RACIONAL AO DIZER QUE, CASO O BOLSA ESMOLA DO LULA ESTIMULASSE O TRABALHO E A PRODUÇÃO, MUITO MENOS PESSOAS ESTARÍAM HOJE RECEBENDO. PORQUANTO, JÁ TINHA SE INTEGRADO AO SISTEMDA PRODUTIVO, TENDO RENDA E PRESCINDINDO DESSA ESMOLA HUMILHANTE E CONSTRANGEDORA PARA QUEM TEM VERGONHA NA CARA. A PROVA DO EQUÍVOCO E DO SEU FIM ELEITOREIRO ESTÁ NA COMPROVADA CIRCUNSTÂNCIA DE QUE NÃO RETIROU NINGUÉM DA POBREZA ESMOLADA E AINDA POR CIMA O GOVERNO PROMETE AUMENTAR, TANTO A VERBA, QUANTO O NÚMERO DE BENEFICIADOS. MANTENDO A POBREZA NA DEPENDÊNCIA DA ESMOLA, SEM EXIGIR CONTRAPARTIDA, REMUNERANDO A OCIOSIDADE. TAÍ, A FÓRMULA MALDITA A DESFIGURAR A HERANÇA DE UMA GESTÃO PARA A OUTRA, AUMENTANDO O CURRAL ELEITORAL CATIVO, EM NÚMERO MUITO SUPERIOR AO VOTANTE CONSCIENTE, E ASSEGURANDO A PERPETUAÇÃO NO PODER. NÃO É FÓRMULA MÁGICA. É PURA MATREIRICE, CANALHICE PURA!!! NÃO É À TOA QUE, O BOLSA ESMOLA É O MAIOR PROGRAMA DE COMPRA DE VOTOS DO MUNDO!!! O SINDICATO DOS BANDIDOS BARBUDOS DO ABC PAULISTA NUNCA QUIS ENFRENTAR OU ACABAR COM A MISÉRIA, ELES PREFERIRAM DIVIDI-LA...

    P.S.: - O que me deixa enraivecido é quando o Seboso de Caetés, a Poste dentuça e a caterva do PT ficam se vangloriando quanto aumenta de vinte, sei lá, para trinta milhões a quantidade de pessoas subordinadas ao programa. Até onde eu entendo era para comemorar se a cada ano diminuísse o número de pidões que dependem da humilhante esmola. Só assim era uma prova maior que essa camada de gente estava saindo da pobreza absoluta, Não!!! Pelo contrários, eles comemoram com fogos e rojões e anunciam para os quatro cantos do mundo com o inchaço do programa!!! Pelo que se vê, o bolsa-esmola é o limite entre a pobreza e a fome que será eternizada até quando deus der bom tempo...

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