quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O tamanho do voto





Por Ateneia Feijó (*)

E o resultado das eleições paulistanas? Para quem observava de longe, sem envolvimento emocional, não houve surpresas. Dava para qualquer leigo prever o resultado com uma equação simples: alta rejeição a Serra + “mocidade” de Haddad (e percepção popular de que ele não fez parte do esquema do mensalão) + votos dos eleitores de Russomano.

Havia outras equações, claro. Além do instinto de Lula, que o fez optar pela novidade, apostando no ex-ministro de Educação. Quanto à certeza de que a presença do ex-presidente no palanque do candidato pesou favoravelmente, nunca se saberá. Por quê? Em palanques do Norte e Nordeste não funcionou.

Mas no momento o que importa é reconhecer que Serra assumiu a derrota com elegância. Que na capital de São Paulo houve alternância de poder. Aliás, sempre bem-vinda para quem respeita e gosta de democracia. PT saudações!

Aqui no Rio de Janeiro a reeleição de Eduardo Paes (PMDB), no primeiro turno, não foi uma escolha partidária. Os cariocas foram às urnas pensando no que seria melhor para a sua cidade durante os próximos quatro anos.

Porém, desde domingo, bate-papos de cidadãos no Rio demonstram uma ponta de preocupação... A possibilidade do governo federal daqui por diante preferir olhar com maior generosidade para a prefeitura paulistana.

Ou seja, há o temor de que a cidade eleita para sediar as próximas Olimpíadas seja preterida. Deixe de receber os devidos cuidados e recursos (prometidos) para ajudá-la a se transformar na vitrine do Brasil em 2016.

Até porque, antes disso, acontecerão dois eventos que mobilizarão fundos e partidos políticos diversos no país: a Copa do Mundo e as eleições presidenciais em 2014. Alguém duvida que o desempenho dos prefeitos das cidades-sede do torneio de futebol mundial entrará no campeonato eleitoral nacional?

A Copa começa em São Paulo em 12 de junho e termina no Rio em 13 de julho. Haverá jogos em quatro capitais nas mãos do PSB: Belo Horizonte, Cuiabá, Fortaleza e Recife. Três nas do PDT: Porto Alegre, Curitiba e Natal. O PSDB estará administrando Manaus; o DEM, Salvador... O Distrito Federal não tem prefeitura.

O resultado destas eleições mostrou que alguma coisa começa a mudar. Pelo menos há novos jogadores no gramado. Difícil é imaginar quais lances poderão surgir nos próximos dois anos para definir quem poderá estar na grande área.

Na geral, resta à população brasileira torcer para que os políticos eleitos agora entrem em campo com regras limpas. Sem discriminações.

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(*) Publicado no Blog do Noblat em 30.10.2012. Já está se tornando um vício eu publicar os textos da Ateneia aqui neste meu humilde blog. Costumo dizer que ela é curta e fina. Isto é, vai ao ponto, massacra e sai de fininho para que ninguém perceba. Agora ela ataca de equações na eleição de São Paulo. Eu não me faço de rogada e a imita, até com um certo despudor.

Sem nenhum pretensão de profundidade, mas, usando a linha matemática da Ateneia, eu pergunto qual a equação que explica a vitória do Geraldo Júlio em Recife. É muito simples e não precisa nem ter sido aluna do Seu Clívio para responder: Vitória de Geraldo Júlio = Ineficiência do João Paulo + Ineficiência do João da Costa + Participação de Lula no Guia Eleitoral = Ineficiência do PT. Pronto tudo explicado. Seu Clívio me daria 10. Se alguém perguntar se o Eduardo entrou ou não na equação, eu diria que ele entrou como um dízima periódica simples, que a gente sabe que vai terminar e torce por isso, embora a ache bonitinha.

E em Bom Conselho, por que a Mamãe Juju perdeu? Esta equação é mais simples ainda: Vitória do Dandan = Ineficiência de  Mamãe Juju + Empáfia do Dr. Fillhinho. Alguns mais realistas ou melhores matemáticos do que eu colocariam a variável Falta de Informação sobre a situação do Dandan na justiça como uma variável importante. E eu não discuto isto. Pode até ser verdade, mas, isto só o tempo e mais informação dirão.

Só  um comentário ligeiro sobre o papel dos políticos que foram eleitos no novo panorama que surge após o julgamento do mensalão, e após as eleições, pela ordem de importância para o Brasil. Será que deixaremos de aproveitar esta oportunidade histórica de passar o Brasil a limpo, e que os políticos começarão a agir por princípios não monetários?  Quanto a isto, pode-se esperar muito de outros partidos, mas, do PT não se deve esperar nada. Como dizia meu pai: “Onde foi casa, é tapera!”. Já falam em colocar o Genoíno como deputado federal para fugir da cadeia. Cruzes! Ainda bem que o Dandan é do PSDB e, tenho certeza, irá à audiência na Paraíba, para colocar tudo em pratos limpos. (LP)

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