Por Mary Zaidan (*)
No final da noite da
última quinta-feira, quando nove estados do Nordeste, parte de Tocantins, do
Pará e do Distrito Federal ficaram mais uma vez no breu, piadas começaram a
pipocar nas redes sociais. A maioria delas mangava da frase de Lula - “de poste
em poste vamos iluminar o Brasil inteiro” –, dita nos palanques de Campinas e
de Fortaleza.
Na capital cearense o
ex-presidente ainda acrescentou mais palavrório de efeito: “Somos um poste e
eles um candeeiro apagado sem pavio”.
Ironia do destino. Dois
dias depois, milhões de nordestinos tiveram de recorrer a velas, lamparinas,
lampiões, luzeiros, grisetas. E também a candeeiros.
Foi o quinto apagão de
grandes proporções em pouco mais de um mês. Um deles apelidado de apaguinho
pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em desrespeito absoluto à
população que amargou a escuridão.
De novo, Dilma Rousseff
ficou irritadíssima. Espumou. Aliás, se a física desenvolvesse sistemas para
captar, transformar e armazenar a energia gerada pelas brabezas da presidente,
boa parte das deficiências do sistema elétrico brasileiro estaria resolvida.
Por sua vez, o ministro
interino de Minas e Energia Márcio Zimmermann tateou no escuro. Primeiro, em
tom ponderado, considerou tudo bastante “anormal”, disse que não sabia explicar
tantos apagões em tão pouco tempo.
Em seguida, sabe-se lá a
partir de quais premissas, garantiu que o sistema elétrico brasileiro é um dos
mais seguros do mundo e que todos podiam ficar tranquilos que não faltaria
energia para a Copa do Mundo de 2014.
E até lá? Mais velas,
lamparinas, lampiões, luzeiros, grisetas e candeeiros?
Para Lula isso pouco
importa. Apagão é problema da presidente Dilma, ainda que isso ofusque o seu
poste mais brilhante.
A energia do ex está
voltada para outras fontes: eleição e mensalão. Quer porque quer que os
resultados das urnas deste domingo tenham o dom luminoso de apagar as manchas
do julgamento do mensalão que, se não o sentenciou diretamente, condenou de
forma irrecorrível os modos e métodos de seu governo.
Lula, o iluminado, não
contava que juízes da Suprema Corte, a maioria por ele indicados, pudessem ter
luz própria. Por sua ótica, ele é o sol, o astro-rei. Todos os demais têm de
gravitar em torno dele.
Mas até ele sabe que, por
mais vitórias que colha hoje, por mais que insista no discurso do julgamento
das urnas, o mensalão turvou a sua história.
E não há postes capazes
de iluminar essa treva.
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(*) Publicado em
22.10.2012 no Blog do Noblat. Os petistas hoje estão cantando vitória somente
pelo poste Haddad em São Paulo, que Lula anda espalhando que vai dar à luz na
capital paulista. Eu como sendo recifense, depois de ser bom-conselhense, só
posso dizer que os paulistas, repetida a administração petista padrão, só terão
a lamentar. Se eles, por inércia, não tirarem ou derrubarem o poste no próximo
pleito, a marginal Tietê, virará mesmo o Tietê dos marginais.
E outra coisa. Estão
dizendo que a vitória em São Paulo se deve a Lula, mas é verdade só em parte. Em
breve o Maluf virá cobrar sua alma vendida ao “inocente” turco por menos de 30 dinheiros. E eu já estava até
pronta como pernambucana a bancar o projeto do neto de Arraes a presidência,
mas, seu apoio a Lula e Maluf em São Paulo só fez arrefecer meus ânimos. Lula o
engabelou direitinho e isto vai prejudicá-lo muito.
Aqui em Recife o Lula
transformou o Humberto num poste tão pesado que ele caiu no desembarque e
quebrou a luz. Graças a Deus. E isto aconteceu em todo o país. Até o ACM venceu
em Salvador, para não falar da humilhação de Manaus. No fundo no fundo quem
venceu em São Paulo foi Maluf e Marta Suplicy. Ambos ganharam seus cargos.
Mas, escrevo sobre o
Brasil para não ficar enferrujada. Minha expectativa maior é em relação a Bom
Conselho, esperando a ida do Dandan à Paraíba. Bom Conselho merece esta ida.
(LP).
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