terça-feira, 16 de abril de 2013

Reflexões sobre o tomate





Todos sabem que me categorizo como uma Dona de Casa. Adoro sê-lo. Oficialmente, nunca fui outra coisa desde que me casei. E posso dizer, até mesmo quando ainda morava em Bom Conselho, e lembro minha mãe dizer:

- Vejam, Lucinha já é uma dona de casa!

Quando eu me aventurava, depois de muitas vezes obrigada, a lavar os pratos, varrer a casa ou mesmo forrar minha cama, eu até já me orgulhava. Eu sabia que era apenas um incentivo porque ninguém nasce para ser Dona de Casa, e eu não sou diferente.

Se sou hoje desta classe, que a PEC da Doméstica só fustiga, é uma fatalidade por ter nascido onde nasci e no tempo em que vivi. Eu apenas, como ser humano com valores nobres, me adaptei aos acontecimentos. E fui levando. Chegou a um ponto em que eu, mesmo sem queimar os meus sutiãs em praça pública, sentei ou deitei, e pensei. Não seria hora de tentar adaptar os acontecimentos do mundo segundo eu? Quanta audácia!

Ao relembrar isto, me vem à mente o Dr. Filhinho, naquele fatídico comício em que ele, empolgado com a campanha de sua mãe, subiu pela primeira vez em um palanque e rasgou o verbo a falar e falar. Não era previsto o Poeta observar aquela falação toda, e para babar mais o ovo, já que a prefeita era desprovida naturalmente destes apetrechos masculinos, disse que o menino levava jeito, e deu no que deu. Desvirtuou sua formação de médico, o que agora ele tenta sanar.

Comigo, como graças a Deus ainda não conhecia o Poeta, nunca ninguém me elogiou em minha empreitada de tentar mudar o mundo com o que fazia, mesmo sem deixar de ser uma Dona de Casa exemplar. Comecei a trabalhar na CIT onde encontrei pessoas que me ajudaram em minha missão e continuo até hoje, mesmo sofrendo todo tipo de ameaças.

Mas, não sentei hoje aqui para contar minha trajetória de vida. E sim apenas, nestes últimos dias, como Dona de Casa. Alguém ainda vai ao supermercado e compra tomates? Nem pensar. Fui à feira de Casa Amarela onde sempre vou, e corri toda ela. E a importante fruta não entrou em minha feira. Mas, pior para mim, foi a farinha de mandioca que é indispensável em minha cozinha. Quer dizer, era, pois o pirão e a farofa saíram do cardápio aqui de casa faz tempo.

E a pergunta é: Foi apenas isto que subiu de preço nos últimos tempos? Claro que não. Hoje a feira ficou mais cara em tudo, menos, por enquanto, nos importados. Estou comendo tomate italiano em lata, muito mais barato do que o tomate que é produzido ali na Cidade Universitária. Ou seja, chega tremo em falar isto, mas a inflação está voltando.

Disse que tremia porque eu já sofri na pele o que é um processo inflacionário. Aqueles que nasceram, ou ainda não se entendiam de gente, antes do plano real, não sabem o que é isto, mas, gente da minha idade sabe, muito bem. E parece que a presidenta, que nem Dona de Casa é, pois se fosse administraria melhor o país, anda falando bobagens dizendo que não vai se importar com a inflação se afetar o bolsa família e o crescimento. Quando besteira. Perguntem aos mais pobres se eles ainda comem farinha de mandioca com tomate.

O aumento de preços é castigo dos mais pobres. Talvez o Marco Feliciano, o pulha-mor que o PT colocou na Comissão de Direitos Humanos, não fosse tão mau assim se dissesse no seu púlpito que os pecadores seriam condenados a viverem num país com inflação. Estaria mais perto da verdade. Pois é grande o sofrimento.

Lembro da época em que entrava nos supermercados e corríamos para as prateleiras, não porque as mercadorias iam fugir, mas, era para chegar na frente do homem que remarcava preços com aquelas maquininhas, que já vi ressurrectas, atualmente. Ontem eu tive vontade de correr quando alguém estava alterando o preço do tomate de 8 para 9 reais o quilo. Em vão. Continuei no italiano.

E foi aí que me lembrei da Dama de Ferro, a Margareth Thatcher. Lembrei para quê? Talvez na tentativa de associar alguns dos seus corajosos atos aos de nossa Dama de Molho de Tomate. Minha mente rodou, rodou e rodou e não encontrei nenhuma semelhança. Esperava que nossa presidenta enfrentasse a inflação, para o bem do Brasil. Mas, quem sabe, não seja melhor para este país, que o que ela saiba mesmo seja pisar no tomate? Ficaremos livres do PT em 2014. Como dizia minha mãe: Há males que vêm para o bem! 

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