Por Mary Zaidan (*)
Vinte e cinco defesas
depois, todas apoiadas em pontos quase idênticos, os advogados dos réus do
mensalão conseguiram algo inusitado: produzir mais dúvidas. Isso mesmo. No afã
de tentar inocentar seus clientes, alguns deles se enrolaram e foram imprimindo
novos rastros.
Caso típico foi o da
defesa do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que se embananou na
resposta ao ministro relator Joaquim Barbosa quanto ao dinheiro que trafegou
entre o BB, a Visanet, o publicitário Marcos Valério e o esquema de compra de
apoio político. Isso sem falar no pacote com R$ 326,6 mil em dinheiro vivo que
Pizzolato recebeu de Valério e repassou a um emissário do PT sem saber, segundo
o advogado, que o recheio do embrulho era bufunfa graúda.
Possivelmente para não
tripudiar, Barbosa não incluiu nas perguntas ao defensor coisas singelas como o
motivo que leva um diretor do BB, um servidor público, a se portar como pombo
correio do PT. Ou como um pacote tão farto entra e sai da sede do BB sem que
ninguém se dê conta do conteúdo, nem mesmo a segurança.
É carimbar a tarja de
otário na testa de cada ministro da Suprema Corte do país - e de cada um de
nós.
Nas falas dos defensores
os mortos brilham. Ninguém do Banco Rural fez nada. Todos os empréstimos são da
lavra de José Augusto Dumont, ex-vice-presidente do banco, morto em 2004. Mas
se os empréstimos eram lícitos, como quer fazer crer a defesa, porque jogá-los
sobre o morto?
Coube a outro morto, o
deputado José Janene, ex-tesoureiro do PP, toda a culpa pelos acordos
financeiros com o PT, pelos quais o deputado Pedro Henry é acusado. Observe-se
que o advogado não negou a transação, só a autoria.
Já a alegação unânime dos
defensores de que a fase de instrução criminal, com garantia ao contraditório,
tem mais valor do que a do inquérito ou a de depoimentos em CPIs, ainda que
fundamentada na Constituição, fica quase cômica. Esses mesmos advogados
orientam seus clientes a se calarem em CPIs. Vide o conselho dado pelo ex-ministro
Marcio Thomaz Bastos ao seu ex-cliente Carlinhos Cachoeira. Se não vale nada ou
quase nada, porque a mudez em CPIs?
Na defesa reina a tese de
Thomaz Bastos de que o mensalão não existiu e que tudo não passou de caixa 2.
Como se crime eleitoral, e ainda por cima com dinheiro público, não fosse
crime.
De quebra, na semana que
passou o procurador-geral da República Roberto Gurgel foi apontado como
irresponsável; incompetente para exercer a tarefa para qual foi indicado por
duas vezes, primeiro por Lula e depois por Dilma Rousseff.
Por mais que o PT e os
seus esperneiem, Gurgel já deu provas do acerto das escolhas.
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(*) Publicado no Blog do
Noblat em 12.08.2012. A análise da Mary para o julgamento do mensalão está
perfeita. Eu não tenho tempo de ficar vendo o julgamento pela TV e Blogs, mas
estou por dentro, lendo os resumos abalizados. Aliás, para quem gosta de
política e fica alheio a este julgamento, “bom
sujeito não é, ou e ruim da cabeça ou doente do pé”. E Lula declarou que
não tem tempo para ver, o que comprova minha tese.
E já esta semana vi até
no Jornal Nacional, além dos blogs sites e quejandos, que o advogado do Roberto
Jefferson espinafrou o Procurador Geral da República. Só não o chamou de “mestre de açúcar”, como dizia meu pai
quando alguém xingava fortemente alguém. Segundo ele, o verdadeiro mentor e
ordenador do mensalão foi o Lula. E, venhamos e convenhamos, é muito difícil
que não seja. Enquanto o PGR botou o rabo entre as pernas e não incluiu o
apedeuta no processo.
Ainda não me convenceu
aquele Lula choroso, gozando das delícias parisienses, dizendo que Caixa 2
todos faziam e que foi isto o que aconteceu. Num país sério, ele nem voltaria
ao país se não quisesse ser preso. Mas, ainda não nos livramos do que o De
Gaulle falou sobre nós. E nem mesmo a condenação dos réus neste julgamento, nos
fará esquecer, se um dia, na futura história deste país, elegermos o Lula para
alguma coisa. E alguém duvida que isto aconteça?
Estou fazendo “das tripas coração” para acompanhar e
comentar todos estes lances deste julgamento e suas consequências, embora num
ritmo muito menor aqui no blog, do que eu gostaria, por motivos pessoais e
intransferíveis. Espero que eles não atrapalhem minha missão em ajudar para que
um dia possamos dizer que o De Gaulle estava errado. (LP)
O Lula estar coberto de razão: foi caixa 2. Até hoje eu só vi um político não aceitar caixa 2 em hipotese nenhuma. Ele tá logo ali, em Bom Conselho: DANILLO GODOY.
ResponderExcluirBom o artigo e o comentário. Lula é um sujeito muito inteligente, nunca aceitou ser desinformado, muito pelo contrário. Sempre foi um curioso, querendo se meter em tudo. Só um idiota acha que ele não sabia de tudo. E que de fato participou. Porém os $talinistas amigos seus, nunca abrirão a boca, afinal, ganharão o que com isso? São uns ladrões, ideologizados , digamos assim. Uns tipos de Robbin Rood das esquerdas, roubando sob o pretexto de estar melhorando a vida dos pobres também. Já que fazem isso, por que não meter a mão também? Rafael Brasil.
ResponderExcluirO curioso é a semelhança com a caso Elisa Samudio: uma gangue se une para agir em prol de outro.
ResponderExcluirNo caso Elisa, Macarrão e cia deram cabo de uma mulher para defender o goleiro Bruno.
No mensalão, Zé Dirceu e cia levaram a cabo um esquema de corrupção para beneficiar Lula.
A diferença é no resultado.
Bruno e os seus estão presos sem jamais terem encontrado um corpo, enquanto Lula nem sequer foi indiciado.