Por Merval Pereira (*)
O deputado Ulysses
Guimarães ensina que o que predomina na política é “sua excelência, o fato”. Se
voltarmos à época em que foram revelados os fatos que hoje sustentam o processo
do mensalão, que os petistas gostariam que fosse identificado burocraticamente
como Ação Penal 470, veremos que praticamente todos os que hoje estão sendo
discutidos no julgamento foram relatados já naquela ocasião, tendo sido
confirmados pelas investigações.
Uma das novidades
surgidas no depoimento do então ainda deputado federal José Dirceu no Conselho
de Ética da Câmara foi a acusação de Roberto Jefferson de que, quando chefe da
Casa Civil, Dirceu negociara com a Portugal Telecom uma contribuição para o PT
e o PTB acertarem suas contas.
Mais adiante, houve a
confirmação de que Marcos Valério viajara a Portugal com o ex-tesoureiro do PTB
Emerson Palmieri, tendo sido recebido por um ministro de Estado a pedido do
presidente da Portugal Telecom, com um agravante: tanto o ministro português
quanto o presidente da Portugal Telecom eram ex-executivos do braço financeiro
do grupo Espírito Santo, para cujo banco em Lisboa Marcos Valério tentara
transferir as reservas cambiais no exterior do Instituto de Resseguros do
Brasil, cuja presidência era da cota do PTB.
A existência da figura de
Marcos Valério no centro da trama fora anunciada pelo próprio Jefferson em uma
de suas declarações bombásticas à CPI.
Ele disse certa vez que
havia “um carequinha” que era o mandachuva dentro do PT. Todos os detalhes
contados pela sua secretária Karina Somaggio estavam sendo confirmados, até
mesmo as malas recheadas de dinheiro.
O deputado Valdemar Costa
Neto renunciou atingido duplamente: pelas acusações de Jefferson e pela
sinceridade maliciosamente ingênua de sua ex-mulher Maria Christina Mendes
Caldeira, que via malas de dinheiro passando de mão em mão.
Era ressaltado naquela
época que todos os deputados petistas que apareciam nas listas de saque do
Banco Rural, ou seus assessores, começavam alegando que se tratava de um
homônimo, ou motivos triviais como pagar a conta da TV a cabo, para, no fim,
quando já não havia mais como mentir, assumirem os saques, sob a alegação geral
de que o dinheiro representa o caixa dois de campanha eleitoral.
Os jornais da época
registravam a circulação permanente no Palácio do Planalto do tesoureiro do PT
Delúbio Soares e do secretário do partido, Silvio Pereira —o homem que andava
com uma lista de nomes para indicações para os diversos escalões da República e
ganhou um Land Rover da empresa GDK, que operava com a Petrobras.
O ex-secretário-geral do
partido fez um acordo na Justiça para não entrar no julgamento e está prestando
serviços à comunidade.
Foi ele quem apresentou
uma ex-mulher do então ministro todo poderoso José Dirceu a Marcos Valério,
confidenciando-lhe que o sonho dela era morar num apartamento maior.
Como para arranjar um
empréstimo que viabilizasse a mudança Maria Ângela Saragoça precisava também de
um emprego melhor, Valério conseguiu não apenas um emprego no BMG como um
financiamento no Banco Rural.
O lobista Marcos Valério
e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares só anunciaram os tais “empréstimos” dos
bancos Rural e BMG para justificar o dinheiro do valerioduto depois que o
esquema começou a ser denunciado.
Documentos do contador,
alguns encontrados no lixo, e o Imposto de Renda da agência SMP&B, que teve
que ser retificado diversas vezes, desmentem a versão de que os empréstimos
eram reais.
Todas as alterações nas
declarações de renda foram feitas depois que a CPI dos Correios foi instalada.
E Valério foi preso certa ocasião tentando queimar documentos.
O cruzamento entre os
recebedores do dinheiro, as datas sucessivas de pagamento, votações importantes
e trocas de partido mostram uma correlação entre esses fatos. A alegação de que
quanto mais dinheiro entrava menos apoio o governo recebia dos aliados só faz
confirmar a tese de que era preciso financiar esses partidos para ter suas
lealdades.
Como dizia Nelson
Rodrigues, “Deus está nas coincidências”.
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(*) Publicado no O Globo em
08.08.2012, como me informa o Zezinho de Caetés que me enviou o texto, com o
intuito de me ajudar na explicação de quanto diferente é o juridiquês do fato
político. Eu venho batendo nisto há muito tempo, quando me vêm com aquela coisa
de “presunção de inocência” que
alguns, que são contra divulgar o que se passou com o Dandan na Paraíba, tentam
me colocar goela abaixo.
O texto acima é um
exemplo belíssimo da história que os brasileiros acompanharam (embora eu não o
tenha feito com tanto entusiasmo, pois minha paixão pela política foi um
crescendo que na época ainda era menor) pela imprensa. Imaginem o que seria
hoje o Brasil se estes fatos não tivessem vindo à tona. Teria isto influenciado
nas eleições que se seguiram. Tenho certeza que sim, apesar do Lula ter
continuado no poder, vencer em 2006 e ter colocado a Dilma no poder. A Dilma
seria o Zé Dirceu, com certeza. Pelo menos deste, nos livramos.
Hoje, pelo juridiquês dos
advogados, está sendo difícil provar tudo que se passou, mas, politicamente os
fatos vão falar mais alto um dia. A verdade sempre nos libertará. Para mim,
seria muita coincidência que, depois de tantas notícias e fatos oficiais e não
oficiais, o Dandan não tenha nenhuma participação no que aconteceu na Paraíba.
E, é através da informação que, politicamente, serão eliminadas as
coincidências. E se é verdade, como diz o Nelson Rodrigues , citado acima, que
Deus está nas coincidências, vamos em busca de Deus. (LP)
Dona Lucinha teima em ser muito rápida no julgamento antecipado do futuro prefeito de Sua terra, mas no entanto, dar uma de João-sem-braço e se torna totalmente ARTIFICIAL na compreenção dos fatos que estão nos autos lá nos arquivos do Negão Ministro do Supremo. Para ser mais claro: Danillo Godoy não atirou no faixa-preta e valentão morceguinho......... Tudo isso, fica muito claro, cristalino e evidente que é uma tremenda decepção para Dona Lucinha. Aliás, ela tá demonstrando não ser justa, nem muito menos querer informar patavina nenhuma. O que se ver, escancaradamente, é que Dona Lucinha é sedenta de sangue, e vingativa também...............................
ResponderExcluirNo que concerne ao assassinato de Rufino Gomes, em João Pessoa, o que FALTA no processo, cuja decisão coube ao ministro Joaquim Barbosa, é a quinta (5ª) folha da DENÚNCIA. - E isso deixou o ministro Barbosa na dúvida. E, na dúvida, ele deferiu parcialmente o pedido. - 2. Ao que tudo indica, essa quinta (5ª) folha da denúncia foi juntada às petições encaminhadas ao Tribunal de Justiça da Paraíba e ao Superior Tribunal de Justiça, em Brasília. - Note-se que esses dois tribunais negaram o pedido por inteiro. - Isto é, NÃO trancaram a ação, NEM revogaram o decreto de prisão preventiva dos acusados. O decreto de prisão é da autoria do juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri de João Pessoa. - E o ministro Joaquim Barbosa, em seu relatório, diz que a denúncia satisfaz ao art. 41 do Código de Processo Penal. - E, ao deferir, PARCIAL e liminarmente, o pedido dos denunciados, Barbosa determina que os "pacientes" deverão comparecer a todos os atos da Justiça da Paraíba, para os quais sejam intimados, sob pena de terem sua prisão preventiva novamente decretada. - Se a quinta (5ª) folha da denúncia tivesse sido anexada ao requerimento, é bem possível que a decisão de sua excelência, Joaquim Barbosa fosse outra, isto é, pela improcedência do teor requerido./.
ResponderExcluirêita blábláblá insuportável desse tal de Zé Fernandes. Arruma outra desculpa plausível, advogado das bestas e dos babacas tambem.
ResponderExcluirQuando as palavras saem com conteúdo, INCOMODAM! - Mas só incomodam a quem quer distorcer os fatos! - O que não é plausível é querer tapar o sol com uma peneira. - Com chacotas e palavreados desprezíveis, sem argumentos consistentes, nada se prova. - E, se alguém tem culpa no cartório, não é com esses rompantes que as coisas vão clarear. - Nem sempre determinadas realidades mudam, só porque a gente quer. - Em suma: quem deu seu nó, que o desate!/.
ResponderExcluirEu não sei porque cargas d'água do açude da nação, mas esse Zé Fernandes não pertence e nem agrada a todos NÓS. Também, haja NÓS cegos, impossíveis de serem dezatados!!!!!!!!!!!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirDescobri! Esse José Fernandes Costa é nada mais nada menos que o Dr. Filhinho (Dr Felipe)!!! Veja pelo conteúdo em sua fala! Condiz com os textos publicados em seu blog!
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