Por Luis Fernando
Veríssimo (*)
Telefonei para a minha
musa, a Rosinha. Para reclamar. Eu andava sem assunto, sem ideias, sem inspiração.
A Rosinha claramente não estava fazendo seu trabalho. Não aparecia. Não mandava
notícia.
Minha ligação deu numa
secretária eletrônica. Pode, musa com secretária eletrônica? Onde ela se
enfiara? Estaria me traindo, inspirando outro? Deixei um recado: preciso de
você, me ligue.
Nunca entendi bem esse
negócio de musas. Elas vivem juntas? As antigas, as clássicas, convivem com as
musas menores como a Rosinha, sem problemas? É difícil imaginar a musa do
Virgílio, a musa do Tolstoi — meu Deus, a musa do Shakespeare! — coabitando com
musinhas novatas, a não ser que só se dirijam a elas para pedir o cafezinho.
Ou as musas de outros
tempos desaparecem junto com os artistas que inspiram, deixando o campo livre
para musas contemporâneas? Mesmo assim, que possíveis assuntos poderiam ter a
musa do, sei lá, García Márquez e a musa de um grafiteiro?
Finalmente consegui
localizar a Rosinha, no seu celular.
— Alô, quem fala? Eu
disse o meu nome.
E ela: — Quem?
Demorou, mas a Rosinha
acabou se lembrando de mim (“Ah, o cronista”, disse, como se dissesse “Eu
mereço”). Perguntou qual era o problema. Respondi que o problema era a falta de
inspiração, e que este era o departamento dela.
Ela: — Posso te ligar
mais tarde?
Eu: — Não! Preciso de
inspiração agora. Está quase na hora de mandar a coluna.
Ela, depois de um longo
silêncio:
— Goiabada com queijo.
— O quê?
— Escreve sobre goiabada
com queijo. O contraste de sabores e o que isto simboliza. A goiabada e o
queijo são o policial simpático e o policial duro da gastronomia. A goiabada é
expansiva e o queijo trava.
A goiabada é doce e
frívola, o queijo é circunspecto.
Os dois provam que os
opostos podem se entender, justamente porque são opostos. A goiabada com
queijo...
Eu a interrompi: — Tá
bom, Rosinha. Chega. Vou escrever sobre musas.
— Nós agradecemos.
— Contra!
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(*) Publicado no Blog do
Nobla na semana passada. Li, copiei, colei e nem olhei o dia da publicação. Mas
é fácil de achar. Basta ter a conexão que eu não tenho e ter vontade de ler um bom
escritor. Eu já aproveito a conexão de minha amiga e escrevo pouquíssimo, pois
ela, sortuda está de partida deste inferno astral que não sei quando sairei.
Igual ao Veríssimo, estou
sem inspiração. Será que me considerariam lésbica se eu procurasse uma musa
inspiradora? Por via das dúvidas eu procurarei um “muso”. Mas se ele vier dizer que eu escreva sobre galinha de
cabidela eu o mandou tomar banho. Minha inspiração tem que vir das eleições
municipais. Só a TV agora é minha janela para o mundo, e nesta janela aparecem,
infelizmente, os candidatos a prefeito e a vereador aqui do Recife. Não aguento
mais o Humberto e o João Paulo juntos. Que coisa mais artificial. Mais
artificial até do que o Geraldo e o Eduardo. Pelo menos trabalhavam antes
juntos.
Pelo andar da carruagem,
desta vez, nos livraremos do PT aqui na capital, e se isto acontecer, como o
candidato deste partido em Bom Conselho não vai a lugar nenhum, ele deixará de
existir neste estado. Graças a Deus.
Ouço também o rádio e é
até pior, pois não vemos quem diz as besteiras. Eu adoraria poder pegar pelo
menos o horário eleitoral de Bom Conselho no rádio. Será que é o Poeta que faz
a locução? Pelo panfleto que recebi, ele agora está rico, pois o que o Dandan
gastará, segundo o panfleto, com locução, é uma fábula, é mais do que ele diz
que foi doado ao padre. Mas, nem isto. Adoraria saber como ele explica por que
tem tantos processos nas costas. Um por um. Ora, se até o padre o apoia, ele
deve ter explicado para ele, tudinho.
Agora, se é segredo de confissão, não tem jeito, o eleitor tem que saber, pois
homem público não pode nem guardar este segredo. Ajoelhou, tem que rezar.
E como seria útil também para
saber se a Mamãe Juju está prometendo consertar o Açude da Nação e se está
prometendo, igual a Zé Serra, não renunciar no meio do mandato. Ele para ser
candidato a presidente e ela para controlar o Dr. Filhinho, que, para eu ser
justa, está sob controle total, nunca mais deu um pio. Talvez, assim a mainha até ganhe as eleições. Este
garoto não tem jeito, só no milho mesmo, e com a seca este produto está pela
hora da morte. Seria melhor trocar por grão de soja.
Enfim, tenho que postar
esta matéria, pois minha amiga está pedindo a internet dela de volta. E eu
continuo sem nenhuma inspiração. E meu “muso”
já perdeu o poder de me inspirar. Também depois de 30 anos, perdeu o prazo de
validade. Até logo, espero.
Não me espantam sacanagens de padres. Porque comecei muito cedo a conhecer certos padres que se enroscam no saco de políticos sujos, desde que estes tenham dinheiro. - Nunca me esqueci do puxa-saquismo do padre Moisés Vieira dos Anjos, da paróquia de Quebrangulo (AL), na minha meninice. - Portanto, o que fez e faz o vigário de Bom Conselho é vergonhoso. Mas não é nenhuma novidade. - Quanto aos processos do candidato do PSDB e dos coronéis, aí é outra história. - Só sei que não vai ser fácil para ele se livrar. - Foi mais fácil matar o Rufino Gomes de Araújo Neto. Porque de emboscada, quase ninguém se livra. - E a respeito das ações proveniente do fechamento da CAMILA, também não vai ser fácil. Porque o credor é a Fazenda Pública. E os governos não costumam perdoar dívidas de comerciantes metidos a espertos. - Assim como, não costumam esquecer dívidas nenhuma./.
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