sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O Poeta, escambo e voto




Se antes, para mim era quase impossível escrever, hoje, é quase impossível não escrever. Eu deveria me alegrar porque o mal que me aflige aplacou sua maior ira e está me deixando usar as teclas, até mais do que deveria. No entanto, os temas que me movem para escrever nem sempre são alegres.

Todos sabem que, tempos atrás fui ameaçada e perseguida pelo Xico Pitomba, um meliante, que usava o Blog do Poeta para tentar calar a minha voz, com a complacência do seu proprietário, o “empresário” das comunicações, o próprio Poeta. Não houve, pelo desaparecimento do Xico, como deixar de acessar o blog para me defender de possíveis males que ele poderia me causar. Ao fazer isto, no entanto, pela forma que o Poeta escreve, tive de sugerir várias vezes, que ele comprasse uma gramática e um dicionário de português, para não brindar seus leitores com pérolas da mais péssima linguagem escrita.

Já cansei de insistir, já fiz todo tipo de campanha, mas, o Poeta não gasta nenhum tostão do que está ganhando agora do Dandan pela locução de sua candidatura para se aperfeiçoar na língua de Camões. É até bom, pois ,quem perde volto é o Dandan. E hoje, ao ir na página da AGD “Deu nos Blogs” onde sempre passo quando estou com pressa, esbarrei na seguinte pérola do Blog do Poeta, que eu quero que vocês leiam para depois não dizerem que eu tenho marcação com o Bardo de Arapiraca:

“UM ESCAMBO VALE UMA CESTA BÁSICA?

Quanto custa um voto? Uma cesta básica? Um dipirona? Uma roda de carro de boi? Um remendo de câmara de ar? Uma dentadura? Um maço de cigarro? Um garrafa de cachaça? Bom, para aqueles eleitores que ainda não tem um voto consciente, qualquer opção dessa, serve como um colirio nos olhos. Aqui em Bom Conselho já tem candidato que se aproveita da fome que assola na região periférica da cidade, para trocar votos por cesta básica. Tomara que a nossa justiça eleitoral esteja de olhos arregalados para combater esse tipo de escambo. Para quem não sabe, escambo era a moeda do periodo da colonização, muito usada pelos índios daquela época. A palavra escambo significa a troca de mercadorias por trabalho. Ela é muito utilizada no contexto da exploração do pau-brasil (início do século XVI). Os portugueses davam bugigangas (apitos, espelhos, chocalhos) para os indígenas e, em troca de trabalho, os nativos deveriam cortar as árvores de pau-brasil e carregar os troncos até as caravelas portuguesas.
Será que em pleno século XXI, ainda conviveremos com isso, especialmente no tempo da politica partidária?
Veja que seu voto não tem peso, nem medida, mas, tem consequência.”

Como vocês podem ver, se leram o texto (onde a ênfase é minha), o Poeta agora se transformou num moralista eleitoral. No entanto, pelos inúmeros erros de português contidos na matéria, tudo indica que ele não comprou os livros que eu recomendei.

Mas, não é só isso. Eu agora é que tenho que comprar uns livros de história para saber quais índios usavam uma moeda chamada escambo. Minha ignorância é tanta que eu nunca ouvi falar desta moeda antes. Porém, eu tenho um dicionário e fui me certificar se ainda me lembrava das aulas de história que tive com Seu Valdemar lá no Ginásio S. Geraldo. Descobri que eu estava pensando certo quando pensava que “escambo” era outra coisa. E fui ao meu “pai dos burros” eletrônico, o Houaiss, e estava lá:

Escambo - substantivo masculino
1             troca de mercadorias ou serviços sem fazer uso de moeda
2             Derivação: por extensão de sentido: qualquer permuta

Ora, isto eu já sabia, e o Poeta saberia também se comprasse um dicionário, que está mais barato do que uma cesta básica. Se há uma coisa onde moeda não entra é no escambo, por definição. Eu sempre penso que, quando surgem matérias deste jaez no Blog do Poeta, é sempre obra do Xico Pitomba. Porque, se não fosse, como o Poeta teria sido contratado a peso de ouro pelo Dandan para ser o locutor da campanha?

Eu só posso pensar que, pela invasão de eleitores de Alagoas em Bom Conselho (segundo soube pelas redes sociais), o Poeta seja um deles, e além de está ajudando na locução da campanha do Dandan, já é seu eleitor desde criancinha, por consciência e convicção, sonhando com o desenvolvimento garantido. Portanto, eu jamais pensaria que o Poeta fosse vender seu voto por qualquer bugiganga, pois mais do que ninguém ele sabe que “seu voto não tem peso, nem medida, mas, tem consequência”.

Eu mesma não sou contra a que o pobre diga que vota num candidato meliante em troca de uma cesta básica ou mesmo de algo maior, e no dia da eleição faça o que ele merece: não vote nele. E o Poeta está certo em admoestar àqueles candidatos que praticam este crime. Mas, ele seria muito mais convincente se comprasse uma gramática, um dicionário e agora um livro de história para aprender com os índios a fazer escambo.

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