Dias atrás escrevi um
artigo com o título: A Dor Suprema (aqui). Nele me
referia à dor que os pais devem sentir quando vêem um filho sofrendo quando são
crianças. Mais recentemente, com a notícia da morte de uma filha dos
bom-conselhenses Hélio e Jacilda Urquisa, eu gostaria de poder dar o mesmo
título ao que escrevo agora. Aquela dor, apesar da angústia que nos causa, não
é a suprema dor.
Sendo mãe e avó tentei,
sem sucesso absoluto, me colocar no lugar de uma mãe que perde um filho. A dor
já é grande até em pensar, imaginem, se isto acontece de verdade conosco.
Primeiro, não é natural. Os filhos deveriam sempre morrer depois dos pais.
Segundo, não é provável. Todos esperam que os filhos nos acompanhem ao campo
santo. Terceiro, é injusto. Do ponto de vista divino, Deus tem suas razões,
mas, do nosso ponto de vista, de sofredores e imperfeitos humanos, não é justo
nem para os pais nem para os filhos.
Quando refletimos sobre
isto, o que logo nos vem à mente é aquela escultura do Miguel Ângelo, que se
encontra na Basílica do Vaticano: La Piettá. Nesta obra de arte, o artista
tenta eternizar e universalizar o sofrimento das mães que perdem seus filhos.
Sem poder voltar lá tão cedo, olho as imagens desta obra de arte que correm o
mundo, e pressinto o que pode ter sentido a Jacilda vivendo esta dor, ao perder
sua filha Máguida. Esta na verdade, deve ser a dor maior.
Não me lembro de ter
visto o Hélio quando vivia em Bom Conselho, mas lembro de Jacilda, embora não
tenhamos sido amigos, ainda não sei porque, já que moramos perto uma da outra.
Lembro do seu pai, seu Miro e de sua mãe, com minha memória menos viva. Talvez
tenha sido pela diferença de idade, mas não tanta. Hoje os conheço pelas suas
funções de responsabilidade no nosso meio político e social, que pouco contam
nestas horas. A dor é mesma para todos os pais.
O que nos move a escrever
estas palavras foi a emoção que me tomou ao saber da notícia, que apesar de
acontecer muitas vezes, sempre nos afeta mais pelo conhecimento dos envolvidos.
Não conheci a Máguida mas, pensei, como toda jovem, deduzi pelas minhas filhas,
a ela deveria ter uma página nestes sites de relacionamento. Fui ao Orkut e
pesquisei e não encontrei Magda. Antes de desistir, li em algum lugar um nome
que achava ser o errado: Máguida. Era o certo. Fui conhecê-la pelos meios que
hoje temos. Ela se definia assim: "Eu sou um presente que Deus me deu e a
ele pertence a minha vida. No mais quem me conhece sabe."A foto que é
publicada com este texto foi encontrada lá, e realmente sua beleza era um
presente de Deus. Mas, não foi a beleza e juventude de Máguida que mais me
comoveu nesta apresentação virtual. Foi uma frase que encabeça sua página, onde
se ler:
“O Senhor é o meu pastor e nada nos faltará”
Marejei os olhos, enguli
seco e fiz força para não chorar, com a esperança de que esta frase bíblica
(Salmo 23) seja hoje a mais pura verdade para Máguida, e que a dor dos seus
pais e daqueles que a amavam seja diluida dentro dos versos lindos do restante deste
Salmo.
“...
Deita-me em verdes pastos e guia-me mansamente em águas tranqüilas.
Refrigera a minha alma, guia-me pelas veredas da justiça, por amor do
seu nome.
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum,
porque Tu estás comigo, a Tua vara e o Teu cajado me consolam.
Prepara-me uma mesa perante os meus inimigos, unges a minha cabeça
com óleo, o meu cálice transborda.
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da
minha vida e habitarei na casa do SENHOR por longos dias.”
Que a casa do Senhor a
receba de braços abertos, Máguida. Espero ter o merecimento de conhecê-la lá,
um dia.
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(*) Atualmente não estou
com a cabeça tão boa para expressar meus sentimentos pelo que li hoje aqui no Mural.
Mais uma vez a Jacilda e Hélio Urquisa perdem um filho (o Helinho). Se no
passado eu falava em Dor Suprema, quando se perde um filho, o que seria a perda
de dois filhos? Lembrei que havia escrito o texto acima quando ela perdeu sua
filha Máguida. Hoje, uma forma de prestar-lhes minha condolência e
solidariedade nesta hora difícil, é publicar este texto novamente e apebas mudar
sua última frase para:
“Que a casa do Senhor o receba de braços abertos, Helinho. Espero ter o
merecimento de conhecê-lo lá, um dia.” (LP)
PARABÉNS LUCINHA POR ESTA MATÉRIA;FAÇO MINHAS SUAS PALAVRAS, AFINAL SEI A DOR DA PERDA DE UM FILHO.FALAS ACERCA DO SR.MIRO DE SAUDOSA MEMÓRIA QUE TIVE A VENTURA DE CONHECER E ERA UM DOS AMIGOS DO MEU GENITOR.A LACUNA DO HELINHO NUNCA SERÁ PREENCHIDA NOS CORAÇÕES DE HÉLIO, JACÍLDA E DEMAIS FAMILIARES,NO ENTANTO DEUS EM SUA INFINITA BONDADE DARÁ A FAMÍLIA ENLUTADA A CONFORMAÇÃO TÃO NECESSÁRIA, AFINAL ASSIM É A VIDA, COMEÇO, MEIO E FIM.APRESENTO MINHA SOLIDARIEDADE E CONDOLÊNCIAS A FAMILIA.
ResponderExcluirMeu Deus...quanta dor estes pais devem estar sentindo. Pelo desenrolar da vida os filhos deveriam enterrar os pais e jamais os pais enterrarem seus filhos. Que Deus e Nossa Senhora console estes pais e dê a Helinho o descanso e a luz eterna. Grande abraço à minha amiga Jacilda. Da amiga dos tempos de Olinda Maria da Natividade
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