segunda-feira, 25 de junho de 2012

Melhor palavra do ano: Realpolitikagem





Por Maria Helena Rubinto (*)
  
Ninguém me pediu para escolher a melhor palavra do ano mas isso não me impede de escolher e divulgar minha escolha. E quero ver se alguém tem melhor!

Para os desmemoriados, sugiro que releiam a crônica do Veríssimo, Desencontros, publicada aqui ontem, 21/06.

Pronto? Conferiram? Tem melhor? Não tem!

Palavrinha versátil essa. Serve das malufadas do Lula às pérolas tramadas na Rio+20. E olhem que tem cada uma de embasbacar.

A menos gloriosa é a do BanKiMoon que num dia disse que faltava ambição ao acordo e no outro já dizia acreditar que o documento foi “um grande sucesso para a comunidade internacional”. Por qual realpolitikagem ele passou, não sei, mas calculo.

Hoje é o encerramento da Rio+20. Em boa hora. Já começamos a perder a paciência com as visitas. A finesse começa a rarear. Dona Dilma esqueceu que é, antes de mais nada, a hostess e, zangada com a delegada da Dinamarca que recriminou a versão final do acordo, respondeu na lata: “Melhor isso do que nenhum acordo como em Copenhague!”.

Tome, sua enxerida!

O ex-presidente em exercício, D. Lula, o Carente, planejou um jantar para seus amigos, os delegados africanos. Ninguém contou a ele que aqui no Rio, no Alto da Boa Vista, lugar maravilhoso, há mansões deslumbrantes sendo alugadas como casas de festa, onde ele poderia banquetear seus convidados com a pompa, o luxo e o conforto merecidos.

Ignorando o detalhe, ele os convidou para um jantar no Palácio da Cidade, sede da Prefeitura do Rio. Mas alguma boa alma deve tê-lo alertado: a que título ele receberia ali?

Seria mais ou menos como se o Sarkozy resolvesse, hoje, oferecer um banquete no Hotel de Ville aos embaixadores lotados em Paris, para matar as saudades. A Bastilha não cairia porque já caiu, mas alguma outra coisa certamente, sim. Provavelmente, cabeças.

Solução: o banquete para as delegações africanas foi oficialmente oferecido pelo governador Cabral e pelo prefeito Paes. Mas quem saudou os convidados foi a Presidente da República do Brasil que, não se sabe qual a explicação dada às demais delegações, não as convidou. E que na saudação honrou Lula como “meu líder”!

Pois foi...

A vocês que estarão por aqui na Rio+40, peço que leiam em O Globo de hoje a brilhante entrevista de Yolanda Kakabadse, diretora internacional do WWF, equatoriana de cabelos brancos e sem botox. Uma raridade que pensa. As palavras finais são dela.

Além de lastimar os cerca de U$150 milhões gastos para a preparação da conferência ao longo dos últimos dois anos, numa nada compensadora relação custo-benefício, ela diz do acordo:

“Texto fraco, sem ossos e sem alma”.

Ou seja: Realpolitikagem 1 + Futuro 0

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(*) Publicado no Blog do Noblat em 22.06.2012. Eu li o texto original do Veríssimo, que como sempre é soberbo em seus comentários, que é o seguinte:

“REALPOLITIKAGEM

"Realpolitik" é um termo conveniente para desculpar o baixo oportunismo, contradições ideológicas e calhordice em geral. O termo nasceu na Alemanha e tem uma longa história, sendo invocado sempre que um acordo ou um arranjo politico agride o bom-senso ou a moral. Há uma graduação na "realpolitik" que vai do tolerável (uma acomodação com o vizinho do lado para assegurar a paz no prédio, mesmo tendo que aceitar o cachorro) ao indefensável (o pacto Stalin/Hitler no começo da Segunda Guerra Mundial, por exemplo). É difícil saber onde colocar o pacto Lula/Maluf nessa escala. O hipotético acordo com o vizinho é um sacrifício pelo entendimento e o Stalin estava tentando ganhar tempo até ter um exército. No acordo com o Maluf trocou-se uma história e uma coerência por um minuto e pouco a mais de espaço para o candidato do PT na TV. Ó Lula!”

Como é bom encontrar escritores que dizem tudo que queremos dizer com as palavras certas e precisas. Por isso eu os transcrevo nestes períodos de baixa produção própria. Já estou até com ciúme. São tantos acessos quando faço isto que penso estar sendo dispensável em meu próprio blog. Mas, tudo pela causa. (LP)

Um comentário:

  1. JÁ PENSOU!!! O PT FEZ COM QUE O MALUF TORNAR-SE NUM GUERRILHEIRO AUTÊNTICO. MEU DEUS, DIRIA UM ATEU...

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