Por Maria Helena Rubinto
(*)
Ninguém me pediu para
escolher a melhor palavra do ano mas isso não me impede de escolher e divulgar
minha escolha. E quero ver se alguém tem melhor!
Para os desmemoriados,
sugiro que releiam a crônica do Veríssimo, Desencontros, publicada aqui ontem,
21/06.
Pronto? Conferiram? Tem
melhor? Não tem!
Palavrinha versátil essa.
Serve das malufadas do Lula às pérolas tramadas na Rio+20. E olhem que tem cada
uma de embasbacar.
A menos gloriosa é a do
BanKiMoon que num dia disse que faltava ambição ao acordo e no outro já dizia
acreditar que o documento foi “um grande sucesso para a comunidade internacional”.
Por qual realpolitikagem ele passou, não sei, mas calculo.
Hoje é o encerramento da
Rio+20. Em boa hora. Já começamos a perder a paciência com as visitas. A
finesse começa a rarear. Dona Dilma esqueceu que é, antes de mais nada, a
hostess e, zangada com a delegada da Dinamarca que recriminou a versão final do
acordo, respondeu na lata: “Melhor isso do que nenhum acordo como em
Copenhague!”.
Tome, sua enxerida!
O ex-presidente em
exercício, D. Lula, o Carente, planejou um jantar para seus amigos, os
delegados africanos. Ninguém contou a ele que aqui no Rio, no Alto da Boa
Vista, lugar maravilhoso, há mansões deslumbrantes sendo alugadas como casas de
festa, onde ele poderia banquetear seus convidados com a pompa, o luxo e o
conforto merecidos.
Ignorando o detalhe, ele
os convidou para um jantar no Palácio da Cidade, sede da Prefeitura do Rio. Mas
alguma boa alma deve tê-lo alertado: a que título ele receberia ali?
Seria mais ou menos como
se o Sarkozy resolvesse, hoje, oferecer um banquete no Hotel de Ville aos
embaixadores lotados em Paris, para matar as saudades. A Bastilha não cairia
porque já caiu, mas alguma outra coisa certamente, sim. Provavelmente, cabeças.
Solução: o banquete para
as delegações africanas foi oficialmente oferecido pelo governador Cabral e
pelo prefeito Paes. Mas quem saudou os convidados foi a Presidente da República
do Brasil que, não se sabe qual a explicação dada às demais delegações, não as
convidou. E que na saudação honrou Lula como “meu líder”!
Pois foi...
A vocês que estarão por
aqui na Rio+40, peço que leiam em O Globo de hoje a brilhante entrevista de
Yolanda Kakabadse, diretora internacional do WWF, equatoriana de cabelos brancos
e sem botox. Uma raridade que pensa. As palavras finais são dela.
Além de lastimar os cerca
de U$150 milhões gastos para a preparação da conferência ao longo dos últimos
dois anos, numa nada compensadora relação custo-benefício, ela diz do acordo:
“Texto fraco, sem ossos e
sem alma”.
Ou seja: Realpolitikagem
1 + Futuro 0
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(*) Publicado no Blog do
Noblat em 22.06.2012. Eu li o texto original do Veríssimo, que como sempre é
soberbo em seus comentários, que é o seguinte:
“REALPOLITIKAGEM
"Realpolitik" é um termo conveniente para desculpar o baixo
oportunismo, contradições ideológicas e calhordice em geral. O termo nasceu na
Alemanha e tem uma longa história, sendo invocado sempre que um acordo ou um
arranjo politico agride o bom-senso ou a moral. Há uma graduação na
"realpolitik" que vai do tolerável (uma acomodação com o vizinho do
lado para assegurar a paz no prédio, mesmo tendo que aceitar o cachorro) ao
indefensável (o pacto Stalin/Hitler no começo da Segunda Guerra Mundial, por
exemplo). É difícil saber onde colocar o pacto Lula/Maluf nessa escala. O
hipotético acordo com o vizinho é um sacrifício pelo entendimento e o Stalin
estava tentando ganhar tempo até ter um exército. No acordo com o Maluf
trocou-se uma história e uma coerência por um minuto e pouco a mais de espaço
para o candidato do PT na TV. Ó Lula!”
Como é bom encontrar
escritores que dizem tudo que queremos dizer com as palavras certas e precisas.
Por isso eu os transcrevo nestes períodos de baixa produção própria. Já estou
até com ciúme. São tantos acessos quando faço isto que penso estar sendo
dispensável em meu próprio blog. Mas, tudo pela causa. (LP)
JÁ PENSOU!!! O PT FEZ COM QUE O MALUF TORNAR-SE NUM GUERRILHEIRO AUTÊNTICO. MEU DEUS, DIRIA UM ATEU...
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