Por Mary Zaidan (*)
Embora muitos confundam,
o Tribunal de Contas da União (TCU) não é uma instância da Justiça. Ainda bem.
Caso contrário, a decisão de isentar o Banco do Brasil pelas transações com a
DNA, uma das agências de publicidade de Marcos Valério, causaria a maior
balbúrdia jurídica da história.
Afinal, o argumento chave
da relatora, ministra Ana Arraes – filha de Miguel Arraes e mãe do governador
de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) -, foi uma lei de 2010, usada para
inocentar delitos cometidos em 2005.
Algo extraordinário, que
criminosos de todas as estirpes adorariam.
Assemelha-se, é fato, à
absolvição da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), filmada recebendo propina em
dinheiro vivo. E há de se convir que, nos dias de hoje, a comparação com a
moral do Parlamento não enriquece currículo algum.
A alegação para inocentar
a filha do ex-governador do DF Joaquim Roriz foi de que ela cometera o crime
antes de virar deputada. Do BB em prol da DNA foi a de que eles prevaricaram
antes de o então presidente Lula sancionar a lei 12.212, que regula a relação
de agências de publicidade com a administração pública.
Proposta pelo deputado
José Eduardo Cardozo (PT-SP), hoje ministro da Justiça, a lei traz dois artigos
mágicos: os 18 e 20, que, lidos, ou interpretados ao gosto do freguês, embasam
o relatório da ministra. Posição inversa à expressa nos pareceres técnicos do
TCU e da Procuradoria Geral da República, todos a favor da condenação.
Ana Arraes teria a
desculpa de ser novata. Mas isso não poupa nem ela nem os seus pares. A
explicação pode estar no fato de os demais, assim como ela, terem sido
militantes partidários, indicados por interesses políticos. Entre os nove
ministros, apenas dois têm origem técnica.
Põem-se em cheque os
critérios para a composição do TCU. Um erro que o país comete não é de hoje.
O mesmo acontece na
Justiça. Pior, na corte suprema do país. Ali, as nomeações de amigos do poder
de plantão colocam fios de suspeita sobre um grupamento que jamais poderia
despertar desconfianças.
Se já é estranho a mãe de
um governador aliado dar ganho de causa a réus do mensalão a menos de 15 dias
do julgamento no Supremo Tribunal Federal, mais grave ainda é um ministro do
STF que foi advogado do PT admitir a hipótese de participar desse julgamento.
José Antonio Dias Toffoli
não está nem aí, pelo menos é o que diz. Anunciou, no mesmo dia em que Ana
Arraes liberava o BB e a DNA, que se sente apto para julgar aqueles que foram,
há pouquíssimo tempo, clientes seus. Um escândalo.
Parece jogo combinado. Ou
tapetão. Ana Arraes baixa a bola e lança, Toffoli chuta. E os mensaleiros
comemoram.
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(*) Publicado em
22.07.2012 no Blog do Noblat. Eu iria escrever apenas aqui: “Sem comentários”. Mas, não resisto,
porque se o fizer muito os meus bofes saem pela boca de raiva com a
ideologização da justiça neste país. Estamos cubanizados e venezuelados. E logo
quando eu simpatizei tanto como a atitude do Coronel Eduardo em se desligar do
PT aqui no Recife, vem sua mãe e apronta deste jeito. Está se dando o contrário
do que ocorre em Bom Conselho, lá a mãe não controla o filho e aqui o filho não
controla a mãe. Pelo poder que têm, ambos estão errados. Com os mensaleiros
soltos, o coronel que se cuide. Dirceu vem aí e quer vê-lo pelas costas. (LP)
É uma lástima a privatização dos poderes do estado à vista de todos. Ninguém é citado, nem tampouco preso. Nem a imprensa divulga. Como tornou-se banal a safadeza no país! Rafael Brasil.
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