Por Ateneia Feijó (*)
De novo. Chuva torrencial, desmoronamentos, várias pessoas mortas e uma quantidade imensa de famílias desabrigadas em Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. Como?
Aguaceiros nas serras fluminenses são tão antigos...
Sempre houve deslizamentos de terra nas encostas e rolamento de rochas, que interrompiam as estradas. Volume concentrado de chuvas associado a notícias trágicas nas cidades serranas surgiram somente após a densidade demográfica e as construções desordenadas, impróprias para as características da região.
Quando insisto em chamar atenção para a realidade ambiental nas cidades há quem interprete que não me importo mais com desmatamento na Amazônia e sua biodiversidade. Nada disso. Continuo reconhecendo que, além de celeiro genético, a floresta amazônica é estratégica para seus povos nativos e para o clima global.
Porém, ela já é monitorada por satélites, as reservas passaram a ser vigiadas e tudo que é produzido na chamada Amazônia Legal está sendo fiscalizado. (Ou devia.) As cadeias produtivas podem ser controladas e existe engajamento pela preservação. Dá para pressionar. Ao contrário do que acontece nas áreas metropolitanas.
Para começar, não há massa crítica ainda que reconheça a questão do meio ambiente urbano como crucial para a sobrevivência humana. Se alguns milhares de pessoas vivem nas florestas, nas cidades são muitos milhões. Por todos os lados: em encostas, planaltos, vales, baixadas, margens de rios, de mangues, lagoas, na costa do mar.
As condições de moradia e de moradores são as mais diversas. Quase não se vê construções, residenciais e não residenciais, inseridas em projetos urbanísticos localizados adequadamente. Com infraestrutura segura, saneamento exemplar, vias de trânsito, circulação de pedestres... São poucos os espaços de convivência ajustados a padrões de qualidade de vida sustentável.
Também, de que jeito? É uma raridade encontrar políticos que enxerguem os centros urbanos não unicamente como lugares apinhados de gente fornecedora de votos. Até porque para investir ou militar em defesa da reestruturação de uma cidade é necessário altruísmo. A causa tem pouco charme, não combina com populismo nem com ideologias “sensacionalistas”.
Parece que sobra para os realistas, que precisam se unir e agir. E encarar questões delicadas. Básicas: como a do planejamento familiar. Afinal, geralmente essas questões mexem também com a natureza. Das pessoas.
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(*) Publicado no Blog do Noblat em 10.04.2012
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