Vi um texto do Zezinho de Caetés na AGD (aqui), onde ele cita um texto do Sebastião Nery e coloca também um vídeo de uma entrevista do José Nêumane Pinto, falando sobre um livro que lançou sobre a vida do ex-apedeuta-mor, o Lula. Eu fiquei estarrecida e já combinei com o Zezinho que, quem comprar o livro primeiro empresta ao outro. Eu já fui à livraria de um shopping, onde fui ao cinema, e o livro ainda não havia chegado.
Do artigo do Sebastião Nery, eu tirei o seguinte trecho, tão revelador quando o vídeo:
“Com autoridade de quem, trabalhando para o Jornal do Brasil, a Folha de São Paulo e outros jornais e revistas do país, acompanhou semanalmente, mensalmente, desde o começo dos anos 1970, a vida do Lula torneiro mecânico, dirigente de sindicato e fundador do PT e da CUT, Nêumanne conta a história de Lula sem preconceito e sem baboseiras, considerando-o “o maior político brasileiro” e também reconhecendo nele um herói sem nenhum caráter, pedra fundamental de sua personalidade.”
Quem ao ler estes linha não se lembra do nosso herói maior, o Macunaíma? Quem já leu o livro do Mário de Andrade, Macunaíma, o herói sem nenhuma caráter, ou mesmo quem não leu, mas, viu o filme do Joaquim Pedro de Andrade, deve lembrar muito bem. Também, há resumos e mais resumos, análises e mais análises desta obra, todas refletindo a falta de caráter do Macunaíma. Uma que encontrei é a seguinte:
“Macunaíma, “herói de nossa gente” nasceu à margem do Uraricoera, em plena floresta amazônica. Descendia da tribo dos Tapanhumas e, desde a primeira infância, revelava-se como um sujeito “preguiçoso”. Ainda menino, busca prazeres amorosos com Sofará, mulher de seu irmão Jiguê, que só lhe havia dado pra comer as tripas de uma anta, caçada por Macunaíma numa armadilha esperta. Nas várias transas (“brincadeiras”) com Sofará, Macunaíma transforma-se num príncipe lindo, iniciando um processo constante de metamorfoses que irão ocorrer ao longo da narrativa: índio negro, vira branco, inseto, peixe e até mesmo um pato, dependendo das circunstâncias.”
Por que o jornalista nos faz associar ideias ao pensar em Lula como Macunaíma? Eu não chegarei a tentar fazer uma comparação ponto a ponto, embora ambos, sejam personagem de ficção. Um criado por um revolucionário da literatura e outro criado pelos “revolucionários” de 64, que o lançaram, com seus métodos políticos sórdidos (seria isto apenas um eufemismo?), para conter o movimento sindical que despontava como um obstáculo à época do “Brasil, ame-0 e deixe-o”. Mas, em termos genéricos não há com não associar ambos caracteres.
Vemos isto quando o jornalista cita o método principal de atuação de Lula na política, que é colocar uns contra os outros e reinar sozinho. Desde quando ele colocava um trabalhador para falar contra a greve e outro a favor, ficando de fora e observando qual a reação do público para tomar partido, até, há pouquíssimo tempo quando colocou o Dirceu contra o Palocci e ficou na moita, esperando para onde ir. Ele continua o mesmo.
Neste dias, no Facebook, que soube hoje, ultrapassou o Orkut em números de usuários no Brasil, eu conversava com o Marlos Duarte, meu amigo lá e conterrâneo da gema, irmão do Jodeval, do Luis Clério e da Josenilda, com quem já tive uma proveitosa comunicação, ele me admoestava, educadamente, que eu devia respeitar o nosso governador, Eduarda Campos pelo que ele já fez por Pernambuco. A admoestação era porque eu o promovi de Conde Eduardo a Vice-Rei de nossa república imperial.
Nunca tinha visto na história deste país alguém desrespeitar alguém porque o promove de posto. Pois, pelo que eu saiba, Vice-Rei é maior do que Conde. Por que fiz isto, e o que tem a ver isto com o Lula e com o Macunaíma? Muito simples. Considero que o Lula, além de ser um político muito bom, ele teve uma sorte danada na presidência da república. Governou no melhor período recente da história mundial, ao contrário do FHC que foi “ferro” em cima de “ferro”. E o nosso Vice-Rei, com todo respeito que ele merece, se aproveitou do fato, e com a mesma sorte de Lula, e ainda por cima usando métodos menos criticáveis, aproveitou a maré Lula para ser quase hegemônico (digo quase por que na capital ele ainda vai suar sangue para controlar o PT), em termos políticos em Pernambuco.
Agora a coisa mudou porque o governo mudou e o Lula, apesar de ainda está tentando, não conseguiu emplacar o terceiro reinado logo em seguida. Teve que deixar a Dilma descascar os abacaxis que ela ajudou o Lula a cultivar durante seu governo. Mesmo assim o Lula anda de braços cada vez mais dados com o nosso governador e acenando para ele com uma posição de destaque no cenário nacional.
E aí entra o Macunaíma Lula. Lembram do Ciro Gomes? Onde estará o Ciro Gomes, a quem o Lula, prometia mundos e fundos políticos, e o deixou na mão? Hoje, politicamente o Ciro Gomes é história. De vez em quando ele dá uns gritos, mas cada dia eles tem menos eco e brevemente ninguém o ouve mais. É o método Macunaíma de fazer política, tão bem desenvolvido pelo ex-apedeuta-mor. Imagine se ele tivesse estudado!?
Eu li algumas coisas semana passada que falavam em “brocardos” jurídicos. Eu pensei que sempre fossem em latim, e fiquei pensando, em minha condição de leiga, que toda citação latina era um “brocardo”, mas não é. E não importa, pois eu quero é citar algo e dizer que é um brocardo: “memento homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris” (lembra-te, homem que és pó e em pó hás de tornar). Todos nós católicos sabemos que esta é a frase que o padre diz quando apõe as cinzas em nossa testa na Quarta-feira de Cinzas. E que mais recentementemente tem sido aplicada aos viciados em pó (cocaína) no sentido de: quem é viciado não tem cura. Sempre volta ao pó, conspurcando seu sagrado sentido.
Mas, eu repito agora o brocardo para o nosso Vice-Rei Eduardo para ele ter cuidado com o Macunaíma, e não se exceder em arrogância, pois o nosso herói maior não tem nenhum caráter. Hoje ele pode ser o Vice-Rei e amanhã pode ser o Bobo da Corte, basta Macunaíma querer.
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