Fim de semana fui assistir a um filme, no cinema. Isto já é bastante raro em minha vida, pois na minha qualidade de avó de dois netos, morando em minha casa, o tanto de prazer que tenho é o mesmo tanto que me ocupa. Mas, entre uma mamada e outra do César, e a ida do Júlio para casa de uma tia, me deram alforria por um dia, e lá fui eu ao cinema.
Fui ver o Planeta do Macacos, a origem. Para cinéfilos, como eu e o Roberto Almeida, a explicação para isto é óbvio. Eu havia assistido estarrecida, penso que há uns 20 anos atrás, o Charlton Heston sofrer nas mãos dos macacos que dominaram nosso planeta. O enredo deste atual é mostrar como e porque os macacos dominaram nosso mundo.
Eu não diria que este filme tenha o mesmo impacto dos outros, a não ser pelo avanço tecnológico dos nossos dias, que não nos deixa quase nenhuma dúvida de que o macaco César é realmente um macaco, enquanto naquele tempo tínhamos muitas dúvidas. E cinema e outras artes são isto mesmo. Objetivam nos enganar com prazer.
Como o enredo é óbvio, vocês não deixarão de querer assisti-lo por eu contar um pouquinho dele.
A indústria farmacêutica, que é, ao mesmo tempo, o mal e bem da humanidade por séculos, quer, através de pesquisas ganhar um dinheirinho tentando a cura do Mal de Alzheimer , e como sempre sobra para os felizes animais não humanos, neste caso os chimpanzés. Por detalhes que vocês verão vendo o filme, um dos macacos, o César (que tem o mesmo nome do meu neto, mas este ainda será mais inteligente do que ele), por sua mãe ter ingerido este medicamento, desenvolve sua inteligência, até além da dos humanos.
Daí para frente é previsível que ele, o César lute para acabar com o sofrimento de sua raça, e ele tenta fazê-lo sem preconceito contra os humanos nem violência contra eles. No entanto, sabemos como são os humanos. Violentos, preconceituosos, dominadores, vis e outros adjetivos bem conhecidos. Então ele parte também para a violência defensiva, para tentar encontrar um lugar onde sua raça poderia viver em paz. E encontra, como sempre, lá nos Estados Unidos, pois até os macacos de lá, descobriram que a livre iniciativa e a liberdade é melhor do que um estado opressor.
Mas, o cerne da explicação e ligação dos dois filmes é que o remédio desenvolvido para o Mal de Alzheimer, serve para dar inteligência aos macacos, mas é mortal para os humanos. O final não é explícito, mas, é bonito. Um piloto de uma linha aérea que era um contumaz inimigo de velhinhos e macacos, sempre batendo neles, é vítima deste medicamento sai espalhando o vírus formado por ele no mundo inteiro, sendo mostrado na tela, já quando as pessoas estão saindo da sala, aquelas rotas luminosas que encontramos algumas vezes no computador.
Meu marido, que não tem a inteligência do César, perguntava, mas como que os macacos, ficando naquele parque de árvores gigantes dominarão o mundo? Claro que isto só ocorreu anos e anos depois, quando o vírus terminou de fazer o seu serviço, e antes, o humanos começaram a brigar uns contra os outros, igual aconteceu 10 anos atrás no 11 de setembro, por exemplo.
Eu achei o filme o máximo, e ainda me senti refletindo quando li, no Ilha de Pala, o blog do Roberto Lira, seu último texto sobre hábitos alimentares, onde ele traz um texto do Marcelo Gleiser, que, como ele, gosta destas coisas do outro mundo, no qual ele pergunta: “Você comeria carne de proveta?”
E cita o avanço científico que consiste na produção de tenras picanhas, maminhas e contra-filés, no laboratório. Eu já escrevi noutro lugar que a ciência, (como o anônimo), não é um mal em si, depende sempre do uso que o homem faz dele. E isto envolve uma dose cavalar de ética, que é a arte do homem conviver bem para não ir para o brejo.
Como meu defeito principal é ter uma imaginação boa, não tive como não associar as duas coisas, a do Planeta dos Macacos e da carne artificial, com a questão do avanço científico em geral. Nos dois casos, o que se pretende tem dois lados, fazer o bem à humanidade e ganhar dinheiro. Num, no caso dos macacos, vocês já pensaram se há uma cura para a caduquice? Eu talvez nem estivesse escrevendo estas linhas para manter o cérebro em forma. No outro, já pensou se a carne produzida fosse tão boa quanto aqueles churrascos que eu tanto aprecio? Ou, não tivéssemos que conviver com a matança cruel dos nossos animais, e dos seus puns que só aumentam o efeito estufa?
Se para isto a indústria tiver que lucrar pela sua inventividade, que mal há nisso? No entanto, podemos ter o outro lado, onde estes alimentos, mesmo gostosos e suculentos, pode levar a nossa extinção, por excesso de gula, tanto alimentar, quanto financeira. Para isto há a regulamentação e que funciona muito bem quando não se torna aparelho de governos corruptos, dominando suas agências.
O que espero é que sejamos sábios o suficiente para, ao mesmo tempo que sobrevivamos, até a chamada final de Deus, não tenhamos que conviver com os gorilas nos dando ordem. De César, só o meu neto.
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