terça-feira, 4 de outubro de 2011

O docinho de batata de umbu, a mula-sem-cabeça e a política em Bom Conselho




Hoje peguei o jornal de ontem. Já amassado pelo meu marido. Eu reclamo, mas o velho é um turrão e se aproveita meu machismo incutido em mim na era antiga em Bom Conselho. Eu sempre reajo de forma consciente mas, como disse o Freud e o Gildo, temos uma parte de nós, o “id”, que é incontrolável.

Sempre leio a coluna do Márcio Cotrim, “O berço da palavra”, e nesta segunda ele traz uma palavra que vem a calhar, quando o “Zé-Sem-Perna” ou “Zé-Sem-Cabeça” ainda anda assombrando nossos blogs e murais. Ainda bem que a Eliúde fez uma limpeza no da AGD e ele nunca mais apareceu por lá. Depois que o Dr. Renato Curvelo, em texto brilhante, defenestrou os “que tem rabo preso ou rabo sujo”, ele anda meio sumido.

Todavia, meu interesse agora é na palavra analisada pelo citado colunista no Diário de Pernambuco. Diz ele sobre “mula-sem-cabeça”:

Uma das lendas mais conhecidas de nosso folclore, assombra quem vive nas áreas rurais do país. Também, só de imaginar a apavorante figura de uma mula sem a cabeça, a galope e soltando fogo pelo pescoço, já pensou? Pior: às vezes o horrendo bicho soluça como criatura humana!

Conta a lenda, de tradição portuguesa, que a mula-sem-cabeça aparecia quando uma mulher tinha relações sexuais com um padre. Como castigo pelo pecado, transformava-se nesse monstruoso ser.

Havia também, quem dissesse que se a moça perdesse a virgindade antes do casamento, virava mula-sem-cabeça, versão que remetia ao severo controle que as famílias tradicionais procuravam ter sobre as filhas, uma forma de apavorá-las preservando bons padrões morais e comportamentais.

Outra versão, ainda mais terrível, contava que, em certo reino, a rainha costumava ir secretamente ao cemitério à noite. Curioso, o rei decidiu segui-la para descobrir o que estava acontecendo. Ao chegar ao cemitério e ver a esposa comendo o cadáver de uma criança, não pôde conter um grito horripilante.

Percebendo que o marido lhe desvendara o segredo, a rainha transformou-se numa mula-sem-cabeça, saiu galopando em direção à mata e nunca mais foi vista na Corte. Histórias como estas já não amedrontam mais a garotada. Pudera, basta abrir os jornais ou ligar a TV para saber de coisas ainda bem piores.”

Em minha infância em Bom Conselho fui muitas vezes vítimas de “bullying” paterno com esta estória. Diziam que ela andava, à noite, na calçada da Igreja prá lá e prá cá em busca de alguma criança incauta que fosse dormir mais tarde. Talvez, seja por isso que só fui ao Cine Rex já mais "taludinha" em idade. Era uma sensação horrível de imaginar com minha mente infantil.

Mas, não  pensem que isto é apenas uma estória de trancoso e que não tem consequências. Em Bom Conselho, contam que agora não existe mais mula-sem-cabeça. Existe um “blogueiro-sem-cabeça”, que assombra não as crianças, mas adultos chegados à leitura deste nobre veículo de comunicação, que é o blog. Dizem que, os que mais têm medo dele são os políticos ou candidatos a tal. E ele, ao contrário da mula-sem-cabeça, ataca a qualquer hora.

O apelido foi dado devido suas boas relações com jumentinhas, não necessariamente sem cabeça. Agora, apesar dele nunca mais ter explicitado estas relações, ficou o apelido. São várias as façanhas que se conta do “blogueiro-sem-cabeça”. Conta-se que ele só se acalma quando está próximo dos políticos que estão no poder e que lhe oferecem um docinho de batata de umbu, muito encontrado na feira de Bom Conselho. Ao contrário do mula-sem-cabeça, as crianças não se assustam com eles. Dizem que o príncipe de Brogodó é seu amigão. Talvez, porque nunca falte em seus bolsos um docinho de batata de umbu.

Já os adultos principalmente os políticos morrem de medo dele. Podem verificar que em qualquer reunião política agora, só se sente o cheiro de doce de batata de umbu, para neutralizar os ataques do blogueiro-sem-cabeça. Ele vive de fases, um dia ataca a oposição e outro dia ataca o governo. Depende de quem der mais doce. No momento, depois de receber dois tabletes do príncipe consorte, ele foi entrevistar a mainha, que tremia que só vara verde, com medo.

Ele queria saber se os boatos que se espalharam na cidade sobre a candidatura do príncipe Com-sorte ao seu cargo, e ela sorriu amarelo. Disse que chamou o menino e o enquadrou dizendo: “Vá estudar, menino! Quer ir pró milho, quer?” . Mas, quando perguntada se continuará no cargo ou abdicará do trono em favor de alguém, ela se evadiu. Ele ficou zangadíssimo, e a mainha, temendo uma reação negativa dele, tirou do bolso um docinho e colocou na sua boca. Então ele escreveu em seu blog:

“Enquanto a oposição se "apurrinha", se "estica", e que determinadas pesquisas, são manipuladas, a prefeita está com escolas para inaugurar, as contas da prefeitura em dia, professores, guardas municipais, médicos, secretários e alguns determinados funcionários com os salários aumentados, prédio da prefeitura reformado, contas enxugadas e muitas outras ações para mostrar em 2012 a força da mulher na administração pública. Pronto, já sei que vão me chamar de babão de novo! Não perca tempo escrevendo coisas deste tipo e mandando para minha caixa de mensagens, não! Cego é aquele que não quer enxergar! Para se ter uma idéia de como as coisas andam, aquelas pessoas que diziam que  a prefeita não estava fazendo nada, hoje, estão tirando até foto, mostrando a recuperação das escolas, dos prédios públicos que já estão reformados. Pense! São coisas da politica, amigo velho!”

Eu concordo inteiramente com ele quando ele diz que “Cego é aquele que não quer enxergar” que ele está fazendo jus ao apelido. Eu mesma, estou impedida de aparecer na cidade, como o sabem meus leitores, mas, se algum dia eu aparecer por lá, não esquecerei o docinho de batata de umbu. Aqui, na feira de Casa Amarela também tem.

Um comentário:

  1. Senhora Lucinha,

    Na feira de sábado não sobrará uma cocada de batata de imbu. Eu até já comendei do sítio a um homem que faz. O Poeta desta vez exagerou. Foi muito doce que rolou.

    Um político

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