sexta-feira, 30 de março de 2012

O lixo Big Brother e o sermão do Dom Henrique - I




Parece até que estou parando com a política em meu sangue, que já disse ser uma cachaça que só largamos quando o câncer de laringe aparece (obrigada Guerrilheiro da Sete Colinas pelo comentário elogioso sobre a frase, mas, até agora não sei se é uma metáfora ou um metonímia, mas vou consultar o Zezinho), e ficando em evidência o outro tipo de sangue que é o da religião. Antes comentei um texto do Diácono Di, sobre a leitura. E hoje já volto à religião e aos homens que a fazem.

Recebi dias atrás um e-mail do Zetinho, meu amigo de fé e irmão camarada, onde havia um texto escrito pelo Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aracajú, Dom Henrique Soares, no qual, ele, para demonstrar seus grandes conhecimentos sobre TV no Brasil, faz uma série de considerações, sobre os procedimentos deste veículo de comunicações no Brasil. Eu achei o texto tão estranho que fui ao Blog Carmadélio (aqui), para checar se não havia alguma distorção, como orientada pela frase da minha mãe: “Cada um que conta, aumento um ponto”.

Era o texto mesmo, e eu o transcrevo abaixo para vocês já irem formando uma opinião sobre ele, e eu, lá embaixo dou a minha, de católica e interessada que sou sobre a nossa Santa Madre Igreja e para que não tenha as portas do inferno prevalecendo contra ela.

A situação é extremamente preocupante: no Brasil, há uma televisão de altíssimo nível técnico e baixíssimo nível de programação. Sem nenhum controle ético por parte da sociedade, os chamados canais abertos (aqueles que se podem assistir gratuitamente) fazem a cabeça dos brasileiros e, com precisão satânica, vão destruindo tudo que encontram pela frente: a sacralidade da família, a fidelidade conjugal, o respeito e veneração dos filhos para com os pais, o sentido de tradição (isto é, saber valorizar e acolher os valores e as experiências das gerações passadas), as virtudes, a castidade, a indissolubilidade do matrimônio, o respeito pela religião, o temor amoroso para com Deus.

Na telinha, tudo é permitido, tudo é bonitinho, tudo é novidade, tudo é relativo! Na telinha, a vida é pra gente bonita, sarada, corpo legal… A vida é sucesso, é romance com final feliz, é amor livre, aberto desimpedido, é vida que cada um faz e constrói como bem quer e entende! Na telinha tem a Xuxa, a Xuxinha, inocente, com rostinho de anjo, que ensina às jovens o amor liberado e o sexo sem amor, somente pra fabricar um filho… Na telinha tem o Gugu, que aprendeu com a Xuxa e também fabricou um bebê… Na telinha tem os debates frívolos do Fantástico, show da vida ilusória… Na telinha tem ainda as novelas que ensinam a trair, a mentir, a explorar e a desvalorizar a família… Na telinha tem o show de baixaria do Ratinho e do programa vespertino da Bandeirantes, o cinismo cafona da Hebe, a ilusão da Fama… Enquanto na realidade que ela, a satânica telinha ajuda a criar, temos adolescentes grávidas deixando os pais loucos e a o futuro comprometido, jovens com uma visão fútil e superficial da vida, a violência urbana, em grande parte fruto da demolição das famílias e da ausência de Deus na vida das pessoas, os entorpecentes, um culto ridículo do corpo, a pobreza e a injustiça social… E a telinha destruindo valores e criando ilusão…

E quando se questiona a qualidade da programação e se pede alguma forma de controle sobre os meios de comunicação, as respostas são prontinhas: (1) assiste quem quer e quem gosta, (2) a programação é espelho da vida real, (3) controlar e informação é antidemocrático e ditatorial… Assim, com tais desculpas esfarrapadas, a bênção covarde e omissa de nossos dirigentes dos três poderes e a omissão medrosa das várias organizações da sociedade civil – incluindo a Igreja, infelizmente – vai a televisão envenenando, destruindo, invertendo valores, fazendo da futilidade e do paganismo a marca registrada da comunicação brasileira…

Um triste e último exemplo de tudo isso é o atual programa da Globo, o Big Brother (e também aquela outra porcaria, do SBT, chamada Casa dos Artistas…). Observe-se como o Pedro Bial, apresentador global, chama os personagens do programa: “Meus heróis! Meus guerreiros!” – Pobre Brasil! Que tipo de heróis, que guerreiros! E, no entanto, são essas pessoas absolutamente medíocres e vulgares que são indicadas como modelos para os nossos jovens!

Como o programa é feito por pessoas reais, como são na vida, é ainda mais triste e preocupante, porque se pode ver o nível humano tão baixo a que chegamos! Uma semana de convivência e a orgia corria solta… Os palavrões são abundantes, o prato nosso de cada dia… A grande preocupação de todos – assunto de debates, colóquios e até crises – é a forma física e, pra completar a chanchada, esse pessoal, tranqüilamente dá-se as mãos para invocar Jesus… Um jesusinho bem tolinho, invertebrado e inofensivo, que não exige nada, não tem nenhuma influência no comportamento público e privado das pessoas… Um jesusinho de encomenda, a gosto do freguês… que não tem nada a ver com o Jesus vivo e verdadeiro do Evangelho, que é todo carinho, misericórdia e compaixão, mas odeia o fingimento, a hipocrisia, a vulgaridade e a falta de compromisso com ele na vida e exige de nós conversão contínua! Um jesusinho tão bonzinho quanto falsificado… Quanta gente deve ter ficado emocionada com os “heróis” do Pedro Bial cantando “Jesus Cristo, eu estou aqui!”

Até quando a televisão vai assim? Até quando os brasileiros ficaremos calados? Pior ainda: até quando os pais deixarão correr solta a programação televisiva em suas casas sem conversarem sobre o problema com seus filhos e sem exercerem uma sábia e equilibrada censura? Isso mesmo: censura! Os pais devem ter a responsabilidade de saber a que programas de TV seus filhos assistem, que sites da internet seus filhos visitam e, assim, orientar, conversar, analisar com eles o conteúdo de toda essa parafernália de comunicação e, se preciso, censurar este ou aquele programa. Censura com amor, censura com explicação dos motivos, não é mal; é bem! Ninguém é feliz na vida fazendo tudo que quer, ninguém amadurece se não conhece limites; ninguém é verdadeiramente humano se não edifica a vida sobre valores sólidos… E ninguém terá valores sólidos se não aprende desde cedo a escolher, selecionar, buscar o que é belo e bom, evitando o que polui o coração, mancha a consciência e deturpa a razão!

Aqui não se trata de ser moralista, mas de chamar atenção para uma realidade muito grave que tem provocado danos seríssimos na sociedade. Quem dera que de um modo ou de outro, estas linha de editorial servissem para fazer pensar e discutir e modificar o comportamento e as atitudes de algumas pessoas diante dos meios de comunicação.”

Sim, eu sei, o texto é longo, como deve ser todo sermão de missa de domingo, e que não e muito diferente, daqueles que ouvia em Bom Conselho, muitos anos atrás, sobre a devassidão que o Cine Rex ou o Cine Brasília passava para a sociedade de Bom Conselho.

Hoje, cinema caiu de moda e o tema dos sermões são a TV, como poderiam ser as revistas de nudez, de sexo, etc. etc. Eu, como já disse, sou católica mas não sou ovelha. Não vindo de Jesus e das Escrituras, qualquer coisa que vem da Igreja, mesmo do Papa, meu espírito crítico (poderia dizer cristão) se aguça. E quando vem de um Bispo, ele fica quase sem censura.

O que podemos concluir é que o Dom Henrique é um telespectador dos mais assíduos. Dificilmente ele iria escrever algo desta forma a partir de assessores. O bom pastor tem que está de olho nas suas ovelhas, inclusive quando o Pedro Bial grita: “Meus herois, meus guerreiros”. Eu já não vejo o Big Brother com tanta assiduidade, pois para mim perdeu a graça.

Mas, vamos aos pontos bons e pontos ruins que vejo no escrito nossa eminência reverendíssima. Começando do começo como convém à doutrina.

[continua]

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