segunda-feira, 28 de maio de 2012

Lula, Bastos e um coração bobo





Por Mary Zaidan (*)

O silêncio anunciado do principal protagonista, os deploráveis joguetes de governistas e da oposição. Tudo enfadonho. Até agora, o único acontecimento digno de nota na CPI mista que deveria investigar as ilicitudes públicas e privadas de Carlos Cachoeira foi Márcio Thomás Bastos, ex-ministro da Justiça de Lula, sentado, atento e aplicado, ao lado de seu cliente contraventor durante mais de duas horas de interrogatório inócuo.

Na semana, a cena só perde para a do próprio Lula, que voltou a vociferar contra as elites – a mesma que teve e tem benesses e benesses de seu governo e do de sua sucessora – e contra a imprensa, rebatendo na tecla de que o Mensalão não passou de uma invencionice para tentar derrubá-lo.

Disse isso de novo, de cara lavada, desta vez dentro da casa legislativa de São Paulo, onde recebia o título de cidadão honorário da cidade. Sempre vítima - do preconceito das elites contra um operário, e até de seus companheiros, que o traíram, como disse nas desculpas públicas que fez ao país no auge do Mensalão -, Lula já deixou claro que não perderá uma única oportunidade para negar o maior escândalo do país, prestes a ser julgado pelo STF.

Além da desfaçatez, os dois episódios trazem outros pontos biunívocos. Bastos argumenta que todo acusado tem direito à defesa. O óbvio do óbvio. Mas não explica por que decidiu defender, entre tantos encarcerados, logo esse réu, metido com entes públicos de primeira grandeza, a maior parte deles integrante do governo a que ele serviu.

Por que esse réu merece ter como defensor um ex-ministro da Justiça? De onde virão os honorários? Da contravenção?

As frases do compositor e cantor Alceu Valença no Facebook são precisas: “dizem que o advogado vai ganhar R$ 15 milhões para defender Cachoeira. Esta dinheirama, certamente, vem do arrombamento dos cofres públicos e trambiques (…). Honorários pagos com dinheiro desviado, ilustre causídico, não é prática ética e moral”.

E completou: “estudei Direito, poderia ser advogado, mas jamais aceitaria defender Cachoeira, nem por uma enxurrada de dinheiro”.

Grande Alceu.

Por gosto, Alceu, 40 anos de carreira na MPB, continua labutando duro e comandando a alegria nos palcos do país.

Por escolha, Bastos aceita clientes de conveniência do poder a que ele serviu e serve.

Por gosto, escolha, confiança na popularidade e na impunidade, Lula insiste em reescrever a história só para proteger a si e aos seus.

Grande Alceu. Ainda bem que temos o seu Coração bobo.


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(*) Publicado no Blog do Noblat em 27.05.2012. O clipe do YouTube é do texto original. É uma música excelente do excelente Alceu Valença. Como estamos carentes de excelências neste nosso país, principalmente, em nosso meio político. Você viram o que o Lula, o “ex mai Love” de Dilma, fez? Uma vergonha, mas depois eu comento, com mais vagar. (LP)

Um comentário:

  1. TEM MAIS OUTRA CANALHICE, DESTA VEZ FOI COM O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL... ESSE LULA E SEUS CAPANGAS AMESTRADOS... NO QUE SE REFERE A CHANTAGEM DO JUDICIÁRIO, A SABEDORIA POPULAR AFIRMA QUE, O CRIMINOSO SEMPRE VOLTA AO LOCAL DO CRIME... O SEBOSO DE CAETÉS NAO PERCEBE QUE PERDEU TODOS OS BONDES DA HISTÓRIA. ISTO É SAFADO DESDE QUE NASCEU, E BURRO NA MESMA PROPORÇÃO. ESTA FOI UMA ATITUDE OU MANOBRA TIPICAMENTE DE SINDICALISTA ANALFABETO, TRUCULENTO E CORRUPTO. COMO TAMBÉM UM SINDICALISTA DEMAGOGO NA IMAGEM, OPORTUNISTA NO INSTINTO E TRUCULENTO NO MODO DE PROCEDER E NAS SUAS AÇÕES INDECOROSAS CONTRA A MAIOR CORTE JURÍDICA DO PAÍS....

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