Por Ateneia Feijó (*)
Há brasileiros que
embarcam em avião com destino a um país distante, em busca de um lugar
“primitivo” para viver uma grande aventura. Geralmente são jovens de férias ou
turistas a fim de emoções fortes. Ah... Se viajassem pelas bandas deste Brasil
de ônibus, trem ou barco descobririam que os caminhos temerários estão aqui.
Não, não é brincadeira.
Nosso sistema de transporte é absurdamente desconfortável e perigoso para a
maioria dos viajantes.
No último domingo (27/05)
O Globo publicou a primeira reportagem da série “O Brasil que não viaja de
avião” realizada por duas duplas: Henrique Gomes Batista e Liane Thedim; e
Domingos Peixoto e Márcia Foletto.
De cara fica explícito
que além de investir pouco, o governo investe mal em infraestrutura. Afetando a
competitividade do país e a qualidade de vida das pessoas.
Essa história,
entretanto, começa bem antes: em meados do século passado. Ou melhor, desde a
“era” Juscelino Kubitschek. Afinal, o presidente que construiu Brasília também
impulsionou a implantação definitiva da indústria automotiva no Brasil.
Inaugurou, em 1956, a primeira fábrica de caminhões (Mercedes-Benz) com motor
nacional!
Onde? Em São Bernardo do
Campo, no ABC Paulista. Foi daí que surgiu o maior parque industrial da América
Latina, no Estado de São Paulo. Quer dizer, uma vantagem e uma desvantagem para
os brasileiros.
A partir dele, o sistema
de transporte neste país se tornou irracional. Por quê? Porque não houve um
plano para integrar as estradas de rodagem a ferrovias e hidrovias. Elas
simplesmente passaram por cima do que já existia e funcionava até direitinho.
Ou seja, todos os
investimentos e incentivos foram direcionados à cadeia industrial
automobilística, deixando a estrutura ferroviária ao léu.
Sem manutenção e
renovação, trens descarrilharam e cidadezinhas que existiam em torno das
estações acabaram morrendo junto com elas.
Se tivesse sido diferente
talvez hoje fossem médias cidades. E as linhas férreas, modernizadas, um meio
de transporte bacana beneficiando pessoas e empresas, facilitando crescimento
com sustentabilidade etc.
Não dá para ficar no se,
se... Mas nestes tempos ecológicos não daria para mudar a situação surrealista
do transporte brasileiro?
Seria a indústria
automotiva um fetiche?
Por que os técnicos do
governo e a sociedade civil não se conscientizam de que é importante fabricar
trens, barcos e navios? Construir linhas férreas, portos, eclusas. Metrô! Sem
corrupção...
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(*) Publicado no Blog do
Noblat em 29.05.2102. Fui lendo este texto e lembrando de minha infância em Bom
Conselho, quando meus pais criavam coragem e pegavam a “sopa” para ir a
Garanhuns. Foi lá que vi um trem pela primeira vez. Era um bicho feio danado,
embora me diziam que ele não fazia mal a ninguém. Lembro até do apito, que pela
primeira vez ouvido me deu muito medo. Fiquei pensando porque aquele trem
morreu. Ora, se ele não fazia mal a ninguém, por que o mataram?
E hoje, só se fala em
duplicação de rodovias. Há um vereador em Bom Conselho que quer se eleger tendo
como promessa de campanha a duplicação da rodovia que vai de Garanhuns a Bom
Conselho. É verdade, a indústria automobilística virou um fetiche. Os outros
meios de transporte estão mortos. Por que não se pensa em reativar as
ferrovias? Tarde demais? Caro demais? Eu mesma adoraria ouvir outra vez lá em
Garanhuns, o apito do trem. Embora eu saiba que hoje, eles nem apitam mais.
Mas, em sonho tudo pode (LP)
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