Aproveito minha vinda ao Recife para colocar aqui no blog
certas coisas e também fuçar nos blogs o que perdi com minha distância da
cidade, sem previsão de volta. Nestas incursões encontrei um texto do Carlos
Sena, ao qual ele intitulou: Félix: A
Bicha Má (aqui). Eu tomei dele o título para escrever
sobre o beijo gay que escandalizou os preconceituosos que se dizem horrorizados
e também que não veem novelas, entre o Félix e o Nico (obviamente, aqueles que não
veem novelas ficarão perdidos, e sem entender o meu texto, mas, são tão poucos
os sinceros quanto a isso, que não tenho medo de perder leitores) na saga do
Walcir Carrasco, Amor à Vida.
Não comentarei o texto do Sena, pois concordo com quase tudo
que ele diz, com exceção quando ele diz que “novela não é produto para ser consumido no formato de CULTURA”.
Acho que novela também é cultura, e nestes tempos modernos, muito mais do que o
“Cavalo Marinho” ou mesmo o Pastoril. Elas influem nas vidas dos
cidadãos e cidadãs tanto quanto o fez a literatura de cordel, ou literatura
popular. O resto é elitismo bobo. Mas, concordo quando ele diz que não é por
ser bicha que se deve julgar o Félix mas por ser mau, como qualquer heterossexual.
O que me levou a não gostar da novela foram as mudanças dos
personagens, ao ponto de tornar, no final, o Félix, uma bicha boa. Parecia que
o autor estava fazendo propaganda do homossexualismo, e não podia dizer que o
produto era mau. O homossexualismo não é bom nem mau, da mesma forma que ser
mulher, negro, índio, e outras minorias não é bom nem mau. Tanto há mulheres
más (não, não irei colocar a Dilma como exemplo, e sim a Aline), como negros
bons (não, não darei o exemplo do Joaquim Barbosa, e sim do Pelé), e por aí
vai. Para mim quando o Félix começou a ser bom, sendo perdoado pela “mami poderosa”, a novela começou a se
tornar naquilo que nunca deixou de ser, uma obra de arte popular com
características bem peculiares, e que só o Brasil sabe fazer, com o devido
esmero. Hoje, elas são vistas em todo o mundo, mesmo com a dificuldade de
verter para o inglês os bordões do Félix, por exemplo, “pelas contas do rosário!”.
Mas, e o beijo gay, Lucinha, você tão carola, concorda com
aquilo? Quem me segue neste blog, e antes, no Blog da CIT, e mesmo quem me
conhece sabe que sou católica mas não sou ovelha. Por que os gays não podem ser
representados como pessoas que sentem as coisas tanto quanto outros seres
humanos? Até o Papa Francisco já disse que os perdoa, o que é um avanço em
relação a Fidel Castro, mas, hoje há uma tendência a se ver com naturalidade esta
parte da comunidade, e que penso o Padre Marcelo não os impediria de comungar
por isto.
Eu, durante muito tempo, e hoje apesar de um pouco afastada,
lutei pela saída da PAPACAGAY, em nossa terrinha, Bom Conselho. Sei que tenho
apoiadores para o evento, assim com tenho pessoas que não comungam com as
mesmas ideias minhas. Houve até um professor, que depois de prometer me dar um
pisa de urtiga, andou instilando seu ódio a homossexuais, dizendo: “Eu odeio homo galinha”, nas redes
sociais. Eu fiquei triste, mais ainda porque já tinha pena dele, porque fiquei
sabendo que ele é de nossa Bom Conselho. Depois de pego em flagrante em sua
hofomofobia enrustida, saiu pedindo perdão pelos jornais, de joelho. Eu o
perdoo, e já o convido para o próximo desfile da PAPACAGAY, onde terá papel de
destaque, sendo gay ou não.
Eu ainda acho que o movimento gay, que alguns chamam “gayzismo” exagera certas horas, mas, é
um direito deles, e não precisa odiá-los por isso, e vir dizer que odiar não é
crime. Pode até não ser, mas não se adéqua à nossa cultura cristã ocidental. Eu
sou contra, por exemplo, à criminalização da homofobia, quando ela não chega ao
ponto de produzir crimes já previstos em nossa legislação. Da mesma forma que
eu era contra (desculpem os que entendem das leis mais do que eu, se isto já
foi abolido no Brasil) à punição legal da mulher por adultério ou prostituição.
Ainda sou contra a Lei da Palmada, como exemplo de que a lei não se deve meter
em questões onde o comportamento ético é mais efetivo do que a ela para
influenciar as relações sociais. Talvez eu seja a favor da criminalização do
ódio, por ser quem o sente um criminoso em potencial. O ódio leva ao crime com
mais frequência do que algumas palmadas.
O César, pai do Félix, odiava o filho por ser gay, por causa
dos seus trejeitos, como poderia odiar um hetero por causa de seus rompantes de
macheza. Eu não odeio nenhum dos dois. Aliás, acho que tanto o César como quem odeia
“homo galinha”, não vão a um psicólogo porque tem medo de saírem de lá
rebolando e cantando:
- Oi tico-tico cá, oi
tico-tico lá....
Com turbante e tudo de Carmem Miranda. Eu já convidei, mas,
o faço outra vez, a pessoas assim, a comparecerem ao desfile da PAPACAGAY, eles
irão amar, tenho certeza.
Só para terminar, e aproveitar esta passagem pelo Recife, e
voltar ao meu exílio voluntário, eu apenas digo que achei o beijo gay muito
chocho. Pior do que ele os russos já dão há milênios. Eu, se tivesse que odiar
algo, eu odiaria o beijo de Judas, mas, se até Jesus o perdoou, por que não
perdoaria o Félix, se ele se tornou um filho tão bom? Embora, o Félix ter se
tornado bom, nem Jesus acreditaria.