quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Para não esquecerem de mim (14)



“25.

Um dos episódios mais lamentados na história do Brasil é a deportação de Olga Benário, durante o governo de Getúlio Vargas, para a Alemanha nazista. Nas mãos de Hitler, Olga, que era judia, foi presa num campo de concentração, onde morreu em 1942. Mas e se Getúlio Vargas tivesse sido camarada e deixado Olga voltar a Moscou? Ela teria o mesmo destino. A NKVD, a polícia secreta de Stálin, costumava executar espiões fracassados ou entregá-los a seu país de origem. Os espiões russos Pavel Stuchevski e Sofia Stuchskaia, que formavam a cúpula de conspiração comunista no Brasil ao lado de Luís Carlos Prestes e Olga, foram liberados por Getúlio Vargas no Rio de Janeiro e voltaram a Moscou. Em 1938, forma mortos pela NKVD. Se fosse libertada, a espiã chegaria à União Soviética em 1936 ou 1937, época um tanto perigosa para aparecer por lá. Durante o Grande Terror, dois terços dos comunistas alemães que viviam na URSS foram vítimas do regime que entusiasticamente defendiam. De 1.136 presos, a maioria foi executada ou morreu na cadeia, e 132 foram mandados de volta para a Alemanha nazista. Apenas 150 conseguiram, décadas depois, escapar da União Soviética. Após o pacto germano-soviético, outras centenas, a maioria judeus, foram entregues pelos soviéticos diretamente aos oficiais alemães de fronteira. Entre os comunistas alemães deportados por Stálin estava Margarete Buber-Neumann, que seria enviada pelos nazistas ao campo de trabalos forçados de Ravensbruck, onde ficaria amiga de ... Olga Benário.”


Estava lembrando da novela Joia Rara, da qual, em minhas andanças ando perdendo alguns capítulos, e que mostra este período conturbado da história brasileira. O que vemos é a luta entre uma ditadura de direita contra o esforço de pessoas iludidas por uma ilusão revolucionária de esquerda, e o povo sofrendo pelo meio. Ainda bem que aparecem os monges budistas para salvarem a cena.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Para não esquecerem de mim (13)

Para não esquecerem de mim (13)

Hoje deixamos a baixa produtividade socialista, embora não possamos sair totalmente dela, pois o problema de gestão neste regime foi da dar congestão de rir.

“24.

A arte de motivar os funcionários costuma levar a práticas estranhas, como o vale-coxinha das empresas de telemarketing ou as patéticas placas de funcionário do mês no supermercado. Nenhum dos métodos atuais é tão simples e direto quanto o usado por Mao Tsé-tung para os campos de trabalho na China. Em 1958, o líder comunista recomendou aos diretores dos campos a diminuição da alimentação dos trabalhadores doentes. Os internos das fazendas coletivas eram proibidos de ter cozinha em casa, para que dependessem completamente das cantinas públicas. Com a chegada da crise de fome, muitas pessoas ficaram doentes ou fracas demais para trabalhar. Mao ficou furioso aos saber que elas continuavam sendo alimentadas. “É melhor cortar pela metade a ração básica, assim, se ficarem com fome, terão de dar duro”, recomendou o grande líder chinês.”


Parece até brincadeira, não é mesmo? Mas é sério. A citação de Mao está no Livro Mao: A História Desconhecida de Jon Halliday e Jung Chang, publicado pela Companhia de Letras. Isto é comum nos que se dizem revolucionários. Os indivíduos são apenas bibelôs para atingir o que os líderes revolucionários dizem que é certo. Por isso cada dia mais eu sou uma conservadora, principalmente aqui onde as revoluções não passaram de golpes de estado. A única que teve um sucesso relativo a tentativa do índios de comerem o bispo Sardinha. Mesmo assim ficou um pouco insosso. Hoje estou muito sarcástica, meu Deus me perdoe.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Para não esquecerem de mim (12)




Dentro de nossa meta, não de contar mortos mas de evitar mortos por outros regimes socialistas que nos assolam vamos em frente com as 32 razões para não queremos nem ouvir falar de socialismo, quando ainda temos quase um continente inteiro, como a América Latina, enganado.

“20

A tática mais comum para explicar a falta de comida e produtos é culpar o desabastecido pelo desabastecimento. O governo semissocialista da Venezuela faz isso toda semana. Durante o racionamento de energia (provocado pela estatização da infraestrutura do país), Cháves dizia que a culpa era dos cidadãos que tomavam banhos demorados demais e usavam muito ar-condicionado. Por isso, pediu aos venezuelanos que limitassem o banho a três minutos e usassem lanternas quando se levantassem para ir ao banheiro à noite, para não acender a luz. Diante da falts de papel higiênico, o governo arranjou uma desculpa genial: o produto faltava porque os venezuelanos estariam comendo mais – e indo ao banheiro com mais frequência.”

Talvez tenha sido inspirado nesta explicação que Lula tentou explicar as manifestações populares de junho aqui no Brasil: Elas existiram porque pobre quanto mais tem mais pede. É de morrer de rir.

“21

Apesar de surgirem em nome da igualdade, regimes comunistas quase sempre resultam em sistemas de castas impostas pelo governo. Na Coreia do Norte, desde 1958, as famílias são divididas conforme a importância política e o comportamento de um parente. Filhos e netos de heróis e líderes do partido formam a casta dos amigáveis, seguida pelos cidadãos neutros, que compõem metade da população. Os habitantes de boa ascendência moram melhor, podem fazer faculdade e têm chance de ocupar cargos do governo. Já os descendentes de traidores e inimigos – um quinto dos norte-coreanos – são considerados hostis e passa a vida nos campos de trabalho forçado. “Inimigos de classe, sejam eles quem for, devem ter sua semente eliminada por três gerações”, ordenou o ditador Kim Il-sung em 1972. A China tem uma nobreza vermelha similar. Os filhos de líderes do Partido Comunistas costumam se valer das conexões pessoais para montar empresas que vivem de contratos governamentais. Acumulam assim enormes fortunas. Por causa da semelhança com herdeiros de famílias reais, ganharam o nome de princelings.”

Se vocês acharem que hoje o Lula e o Lulinha estarem ricos é mera coincidência é porque não sabem quanto rico é está o Zé Dirceu, mesmo prestes a ir para a cadeia. Oh, Celso de Mello!?

“22.

A casta privilegiada da Coreia do Norte tem outra vantagem: pode comer arroz com frequência. Para os habitantes menos favorecidos e os prisioneiros dos campos de concentração, o prato do dia (de todo dia, do começo ao fim da vida) é mingau de milho e sopa de repolho. “Desertores adolescentes da Coreia do Norte, ao chegar à Coreia do Sul, contam a psicólogos disponibilizados pelo governo um sonho recorrente: estão sentados a uma mesa com a família, comendo arroz quentinho”, afirma o jornalista Blaine Harden.”

Já num sistema capitalista ainda tão aviltado como o nosso o sonho recorrente dos bolsistas familiares ainda é ter uma calça de grife para uma filha, como vi outro dia, uma mãe declarar. E ainda voltam nos que querem o socialismo. Ainda bem que o Eduardo, que de socialista só tem as penas, vai ser candidato a presidente.

“23.

Uma das grandes contradições da Coreia do Norte é que por muito tempo ela recebeu socorro alimentar justamente dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, países que ocupam, na ficção oficial, o mesmo papel dos orcs de o Senhor dos Anéis. Também foi assim no começo da União Soviética. Depois da fome do início da década de 1920. Líderes revolucionários, como o escritor Máximo Górki, pediram ajuda internacional. Quem atendeu ao pedido foram os Estados Unidos, por meio da Administração Americana de Auxílio (ARA). “No verão de 1922, a ARA alimentava quase 11 milhões de pessoas por dia” conta o historiador Roberto Gellately. “Os americanos ficaram consternados ao saber que, mesmo no auge da fome, o governo soviético continuou exportando grandes volumes de grãos, supostamente para financiar a industrialização.


E, supostamente, foi com a fome do povo que eles levaram o primeiro astronauta ao espaço, o Gagarin, que só deve ter cabido na cabine da cápsula pela fome que passava na terra.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Para não esquecerem de mim (11)



Sairemos agora do papel higiênico, mas, as coisas sobre o socialismo não param de feder como vocês verão.

“18.

A mais grave consequência da quebra do sistema produtivo é a fome. Sem possibilidade de lucro na produção de alimentos, os países comunistas e suas fazendas coletivas abrigaram as maiores crises de fome do século 20. Foram entre 10 milhões e 30 milhões de mortos em apenas três anos na China (entre 1958 e 1961), 5 milhões de mortos na União Soviética de Lênin entre 1921 e 1922, cerca de 3 milhões na Coreia do Norte entre 1995 e 1999, 2 milhões no Camboja entre 1975 e 1979, 400 mil da Etiópia governada sob influência da KGB. Na Ucrânia, entre 1932 e 1933, a fome foi planejada e aprovada por Stálin, que pretendia punir os rebeldes camponeses ucranianos. Sete milhões de pessoas morreram -  mais que os judeus sob Hitler e num período menor. A falta de comida levou os líderes comunistas a inventar as histórias mais criativas para explicá-la. Na União Soviética, o governo dizia que terroristas trotskistas matavam cavalos, sabotavam colheitas e fábricas de tratores. O escritor George Orwell captou muito bem esse padrão no livro A Revolução dos Bichos: a queda da colheita de trigo foi explicada pela sabotagem de um porco dissidente, que teria jogado joio nas plantações. Apesar de o livro de Orwell falar sobre o stalinismo, acabou prevendo táticas similares de outros regimes. Em Cuba, além da velha história do embargo americano, Fidel Castro chegou a atribuir a tragédia na colheita de batatas aos Estados Unidos, que teriam jogado, de avião, larvas para infectar as plantações. Uma equipe internacional investigou o caso e concluiu que era uma completa bobagem, claro. Apesar disso, a ladainha dos vermes nas batatas ainda faz sucesso: está no livro Os Últimos Soldados da Guerra Fria, de Fernando Morais.”

Continuemos....

“19.

Ao arranjar culpados para as crises de fome, nenhum líder comunista foi tão criativo quanto o chinês Mao Tsé-tung. Em 1958, ele concluiu que o motivo da falta de comida eram quatro pestes que infestavam as plantações: ratos, mosquitos, moscas e pardais. Estes últimos eram os grandes inimigos de Mao, pois não só atacavam plantações como armazéns e árvores frutíferas. A solução, implantar uma força-tarefa, a Grande Matança de Pardais. Os chineses foram obrigados a destruir ninhos e ovos de pardais e a bater panelas, sacudir vassouras e pedaços de madeira 24 horas por dia para evitar que os pássaros pousassem, e assim eles foram levados à morte por cansaço. Parece insano, mas deu certo – ou melhor, deu tudo errado. Os pardais foram eliminados da China. Só que, como eles ajudavam a comer insetos que atacavam as plantações, a matança acabou gerando um desequilíbrio ainda pior. O jeito foi chamar os pássaros de volta. Anos depois, numa ação secreta, os chineses importaram 200 mil pardais da União Soviética. Nem o ditador da Coreia do Norte da época, Kim IL-sung, caiu na história da peste desses pássaros. Mao recomendou a ele a matança dos pardais. O coreano deu um curtir na proposta, mas logo a ignorou.”


Parece brincadeira, mas, não é. É história. E por aqui pelo Brasil se enche a boca para falar de socialismo, sem nem ter pena dos pardais.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Canibais




Por Mary Zaidan (*)

A presidente Dilma Rousseff não é mais a mesma. E não será até outubro de 2014. Os berros e a permanente irritação deram lugar a brincadeirinhas pretensamente bem-humoradas. Descontração ao invés da ira, sorrisos e beijocas e não mais a cara fechada, o rosto sisudo.

A transformação de fel em mel, um dos mandamentos do evangelho do marqueteiro João Santana, que Dilma professa sem pestanejar, já estaria produzindo efeito. Dilma readquiriu pelo menos parte da musculatura que lhe mantém na dianteira do jogo eleitoral, mesmo diante do baque que a união Marina Silva-Eduardo Campos provocou no ânimo de sua turma.

A ordem é ser boazinha, simpática, o que, no caso dela, há de se reconhecer, é uma prova de fogo. E agir em todas as frentes: inaugurações, programas populares de rádio e TV, entrevistas para a imprensa regional, redes sociais.

Voltou frenética ao twitter, o mesmo que descartara depois de eleita. Foram 1.067 dias sem postagem alguma. Agora são no mínimo 10 por dia, às vezes 15. Só perde para a presidente da Argentina Cristina Kirchner, uma viciada na rede. Aliás, é impressionante como o twitter de Dilma é parecido com o da vizinha. Ambas utilizam a mesma linguagem e estilo, os mesmos truques de marquetagem. Quase iguais.

Candidata em tempo integral, Dilma usa e abusa de sua vantagem sobre os concorrentes. Por ser presidente, tudo o que faz ou fala repercute, vira notícia. Come todos, por todos os lados.

Ainda que se expresse em dilmês - língua de difícil compreensão, que vira piada fácil -, seu nome está sempre em evidência. Ocupa espaços que os demais não têm e que só terão depois da Copa do Mundo.

Governantes candidatos à reeleição saem sempre na frente. Isso vale para governadores, prefeitos, gente que tem a caneta como aliada. Inauguram-se obras inacabadas, repetem-se promessas não cumpridas, rufam-se tambores, reiteram-se mentiras.

Mas na Presidência da República a dianteira é inigualável, quase inalcançável. Tudo é permitido e o que não é fica sendo, como bem demonstrou o ex-presidente Lula nas sucessivas campanhas antecipadas que patrocinou.

Faz-se o diabo.

É nessa concorrência desleal que reside o favoritismo de Dilma. É nela que o PT se apoia. Bem longe da “antropofagia dos anões”, é nela que Santana aposta. Hoje, esforça-se para fazer crescer pontos nas pesquisas para que Dilma não acabe vítima do canibalismo dos aliados, prática já ativa em alguns palanques regionais. Nessa seara, vence quem domina a arte da política. E Eduardo Campos já mostrou ao PT do que é capaz.

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(*) Publicado no Blog do Noblat em 20.10.2013. Começando do final, eu não sou tão otimista quanto a Mary Zaidan em relação à habilidade política do Eduardo Campos. Mas, quem sabe ele pode me surpreender e eu esteja em 2014 calçando 40? Quanto ao restante do texto é uma descrição fiel de um crime eleitoral (campanha antecipada) perpetrado mais de uma vez pelo ex-apedeuta-mor e seus asseclas, e agora de forma irônica porque só paga R$ 5.000 por deslize criminoso.

As aparições de Dilma estão se tornando ridículas, não só pelo dilmês utilizado e sim porque ela não tem o que falar de bom para ninguém. Como disse a Marina Silva, seu governo foi um grande retrocesso. E daqui para frente, vai ser só “marquetagem”. Este termo para mim é constrangedor. Quando uma atividade necessita do uso dos “marqueteiros”caímos num conto do vigário, na maioria das vezes. Ora, dizem, mas, hoje todo mundo usa e é um hábito consagrado. Eu digo, é verdade e infelizmente.

Hoje quando votamos, não sabemos se votamos num careca ou num cabeludo, porque este povo faz até cabelo nascer em ovo. Do mesmo jeito que se vendeu a Dilma como faxineira durona no inicio do governo, estão tentando vender agora a Dilminha paz e amor. Se uma pesquisa qualitativa disser que o povo não gostou do bigode de Lula, amanhã ele amanhecerá de cara raspada. Se disser que não gosta dos olhos azuis de Eduardo amanhã ele estará usando lentes de contatos para ficar com os olhos negros.


Como política, eu cada dia me torno menos política. E já sei que para me eleger vereadora em Bom Conselho em 2016, terei que entrar no programa Medida Certa do Fantástico. Isto depois que pararem de me ameaçara e assediar em minha própria terra. Não sei se encontrarei um marqueteiro para lidar com tudo isto.(LP)

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Para não esquecerem de mim (10)



“14.

Nem mesmo Kruschev ficou bem nessa história. Durante o Grande Terror, ele não só cumpria as cotas de mortos estabelecidas por Stálin como ia além delas. Em julho de 1937, o governo estabeleceu que 72.950 pessoas deveriam ser mortas e 259.450 levadas a campos de trabalho forçado. Kruschev, líder da burocracia soviética nessa época, era responsável por uma cota de 50 mim funcionários mortor. Matou 55.741. (Por coincidência, detalhes sobre essa e outras matanças desapareceram dos arquivos soviéticos pouco antes de Kruschev revelar ao mundo os crimes de Stálin).”

Eficiência assim eu só vejo no Minha Casa Minha Vida, cujas casas já estão caindo pelos pedaços e uma boa parte já foi invadida ou saqueada. Cruzes!

“15.

Se você fosse um produtor de arroz, fabricante de carros ou um costureiro, o que faria se um inspetor do governo de repente o informasse que, daquele dia em diante, sua empresa pertenceria ao governo, mas que você deveria continuar trabalhando, e ainda o ameaçasse de prisão se você escondesse parte das mercadorias? Não é difícil prever que as pessoas se empenhariam menos na produção, afinal a recompensa não mudaria caso fabricassem 30 quilos ou uma tonelada. É por causa dessa falta de incentivo que todos, exatamente todos os regimes comunistas resultaram em quedas da colheita, prateleiras vazias, falta de produtos básicos, atrasos em serviços, cartões de racionamento e promessas do governo dizendo que o desabastecimento iria acabar em breve. Essa carestia gerou uma abundância – de piadas. Como a do homem que vai comprar um carro numa loja em Moscou e, depois de pagar o combinado, pergunta ao vendedor quando receberá o automóvel. O vendedor consulta suas listas e informa que será um dia dali a dez anos. O comprador pensa um pouco e replica:
- De manhã ou à tarde?
- Que diferença faz? Pergunta o vendedor estupefato.
- É que o encanador marcou de aparecer pela manhã.”

Não sei por que eu lembrei da história do papel higiênico na Venezuela. Dizem que sumiu do mercado. O governo diz que é culpa dos americanos que querem ver seus patrícios de bunda suja. Mas, veja a seguinte razão, que é relacionada com o tema mas envolve outro conhecido país, que agora só produz médicos para exportação:

“16.

Outra consequência embaraçosa dos racionamentos é a falta de papel higiênico. Sem ele, a saída mais comum dos cidadãos é improvisar cm papéis que não faltam no mundo comunista: jornais estatais. Os cubanos usam as páginas do Granma – mais macias e com menos tinta que o jornal Trabajadores. E fazem piadas com o problema:
- O que é mais útil, a televisão ou o jornal?
- O jornal, claro. Você não pode limpar-se na televisão.”

Devido a necessidade de esgotar o tema, aqui vai mais outra razão, envolvendo o próprio berço do socialismo real:

“17

Nas prisões da NKVD em Moscou, a falta de papel higiênico reverteu-se num pequeno benefício aos pobres prisioneiros. Os guardas davam a eles folhas de livros que haviam sido apreendidos pela polícia – o que incluía quase toda a literatura pré-soviética, até mesmo Dostoiévski. Ao acertar as contas com a natureza, o preso poderia passar o tempo lendo obras subversivas, tornando assim a visita ao banheiro uma importante forma de adquirir conhecimento. As obras que rendiam cadeia por todo o país estavam disponíveis somente justamente na cadeia. No fim das contas, a cultura adquirida não ajudaria em muita coisa, já que poucos prisioneiros sairiam vivos dali.”


Coisas do socialismo!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Para não esquecerem de mim (9)



Já estou noutra cidade e sentindo este país quase de ponta a ponta. Se estivesse em campanha para presidente, eu já começaria por aqui a armar meu palanque. Mas, sou só pré-candidata a vereadora de Bom Conselho, e nem lá posso comparecer pelas ameaças que pairam sobre minha pessoa. Agora tenho até um perseguidor com o status de filósofo enciclopédico. Deve ter vivido na URSS e trouxe os maus costumes.

Continuemos meu diário de viagem com a ajuda da História Politicamente Incorreta do Mundo do Leandro Narloch, falando sobre as 32 razões para não levar o comunismo a sério. Já aviso que o número 32, que se igual hoje ao número de partidos políticos no Brasil é uma mera coincidência.

“12.

Em 2001, durante o funeral de Kim Jong-il, o segundo ditador norte-coreano, imagens de TV mostraram pessoas exageradamente desesperadas, como se tivessem sido obrigadas a se expressar daquele modo ou temessem uma represália caso não parecessem tristes. No livro Arquipélado Gulag, o escritor Alexander Soljenítisin descreveu a mesma situação na Rússia. Durante uma homenagem a distância a Stálin, na reunião de um comitê local, ninguém queria ser o primeiro a parar de aplaudir o grande líder. “Os homens da NKVD estavam de pé no salão aplaudindo e vendo quem seria o primeiro. Naquele obscuro, pequeno salão, desconhecido pelo Líder, o aplauso continuou por seis, sete, oito minutos! No fundo da sala, que estava lotada, se poderia trapacear um pouco, aplaudir com menos frequência e vigor, mas e na frente, diante da junta administrativa, onde todos poderiam vê-los? Nove minutos! Dez! Até que, depois de onze minutos, o diretor da fábrica de papel assumiu uma expressão de homem de negócios e se sentou. Ah, foi um milagre!” Na mesma noite, o diretor da fábrica estava preso.”

Aqui no Brasil, não chegaram a prender a Heloísa Helena, mas, dizem que foi por deixar de aplaudir o Lula antes da hora que colocaram ela para fora do PT. Como ela não gosta aplaudir muito, é apenas vereadora em Maceió. Como não aguentava mais aplaudir o Coronel Eduardo rompeu com o PT. Também pudera, aplaudir Humberto Costa era demais para qualquer um.

E aproveitando o tempo de diversão, aí vai mais outra ametista do socialismo real:

“13.

Os crimes de Stálin foram revelados pelo seu sucessor, Nikita Kruschev. Durante o famoso discurso de 1956 no qual admitiu o Grande Terror, Kruschev  se esforçou para limpar a barra de Lênin. Disse que Stálin havia traído os ensinamentos do primeiro líder soviético. Surgiu assim o mito do “bom Lênin em contraposição ao “mau Stálin”, ideia que fez nascer, no Brasili e me todo mundo, grupos revolucionários marxistas-leninistas ou trotskistas. Na verdade, Stálin aprendeu tudo com Lênin. Vem do líder da Revolução Russa a ideia de que o comunismo só seria vitorioso se os revolucionários se livrassem, sem sentimentalismos, de uma parte da população (o que hoje chamamos de genocídio). “longe de perverter ou minar o legado de Lênin, como muitas vezes se presume, Stálin foi seu herdeiro lógico”, diz o historiador Robert Gellately. “O primeiro ditador da União Soviética e seu futuro sucessor não tinham grandes desavenças teóricas ou políticas na área da doutrina comunista, muito menos no uso implacável e geral do terror.” Lênin, também com o apoio de Trótski, inaugurou o costume de exigir cotas de mortos por região, que depois Stálin aprimoraria. É isso mesmo, cotas, plano de metas de mortes. A cúpula soviética espalhava um mapa sobre a mesa e definia a quantidade de execuções que deveria ocorrer em cada região. “Não permitiremos quaisquer concessões, quaisquer meias medidas”, dizia Lênin com frequência.


Cruzes! Só em pensar que poderíamos ter entrado num regime desses com o apoio de gente como a que hoje vemos apreciadoras das esquerdas latino-americanas, me dá urticária.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Para não esqueceram de mim (8)



Mais duas joias do socialismo real catalogadas pelo Narloch (se não viram sempre vejam as anteriores para não esquecerem, nem de mim, nem do que o socialismo foi capaz de produzir na humanidade:

“10.

A perseguição da NKVD aos inocentes gerou uma ótima piada na época, ainda que um tanto dolorosa. Conta-se que uma ovelha foi barrada por guardas na fronteira da Rússia com a Finlândia:

- Por que você quer deixar a Rússia? – perguntam os guardas.

- É por causa da NKVD – diz a ovelha. – Beria mandou que todos os elefantes fossem presos.

- Mas você não é um elefante – replicou o guarda.

- Vai explicar isso para NKVD....”

É por isso que hoje eu estou me escondendo. Em Bom Conselho estão assediando ovelhas. Mas, continuemos.

“11.

A perseguição aleatória fazia os soviéticos evitarem qualquer deslize. Nascido na Geórgia, Stálin assassinava a língua russa quase tão eficientemente quanto fazia com os dissidentes. Se, durante uma reunião, o líder errasse a pronúncia de uma palavra, quem discursava depois dele repetia o erro, por medo de acabar no crematório como inimigo do povo. “Se eu falasse certo, Stálin teria achado que eu o estava corrigindo”, disse Vyacheslavav Molotov, um dos principais dirigentes de Kremlin no auge do stalinismo (e origem do nome dos “coquetéis molotov”).


Agora eu entendi porque o Lula é sempre o último a falar em todos as solenidades petistas. Se alguém falasse depois dele, a Academia Brasileira de Letras seria fechada.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Para não esquecerem de mim (7)



Não estou tão longe assim do ponto em que programei as últimas pérolas do socialismo. Continuemos então:

“8.

Entre 1936 e 1939, Josef Stálin armou o Grande Terror, a onda de perseguições que resultou em 1,3 milhão de presos, dos quais 680 mil acabaram executados (entre eles, 250 dos 300 maiores cargos da marinha e do exército).

À frente dessa inquisição estava Nikolai Yezhov, o homem mais poderoso do regime depois de Stálin. Conhecido como o “Anão Sanguinário” (tinha um metro e meio de altura), Yezhov era o chefe da NKVD, a polícia secreta soviética. Naqueles dois anos, foi recebido 1.100 vezes por Stálin. De vez em quando ia às reuniões com a manga do casaco manchada de sangue das torturas durante a madrugada. Nas horas de lazer, o inquisidor soviético colecionava miniaturas de iates, participava de orgias com mulheres e amigos e organizava campeonatos de flatulência. É, campeonatos de flatulência. “Ele comandava competições entre comissários sem calças para ver quem jogava mais longe as cinzas de um cigarro com um peido”, conta um dos principais biógrafos de Stálin, o historiador Simon Montefiore. Não consta que isso era usado durante as torturas.”

Como estou transcrevendo um história politicamente incorreta, nem me escandalizei com o substantivo “peido”, ao invés do mais carinhoso “pum”. Lembrei-me de uma certa casa em Brasília que reunia figurões, cuja história foi contada por um caseiro que teve suas contas devassadas pelo Palocci. Não sei o porquê da lembrança.

Já que estou com tempo, esperando meu velho acordar para seguirmos viagem, brindo-os com outra pérola do socialismo real, pois parece até uma continuação da anterior:

“9.

O mais estranho do Grande Terror stalinista é que muitas vítimas eram funcionários que seguiam as ordens, membros da cúpula e suas esposas, camponeses apaixonados por Stálin e comunistas convictos. Os líderes soviéticos sabiam disso e não se importavam. “É melhor o sofrimento de dez pessoas inocentes que a fuga de um espião”, dizia o pequeno inquisidor de Stálin. “Quando se corta a madeira, soltam-se lascas”. O próprio Yexhov, um devoto do sistema, seria vítima do moedor de carne que criou. Em 1940, depois da ascensão de Beria na NKVD, Yezhov foi eliminado pela polícia. É ele um dos comissários que “desaparecem” nas famosas fotos adulteradas de Stálin.”


Qualquer semelhança com os tempos da ditadura aqui no Brasil não é mera coincidência. Em nosso começo de “venezuelização” protagonizado pelo PT já vemos os Black Blocks e o  MST agirem assim com a anuência dos “líderes” e até com seu apoio. Então lembrem disto em 2014, e toquemos para fora esta corriola que quer ficar enquistada no poder.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A recepção




Por Luis Fernando Veríssimo (*)

A recepcionista que me recebe na porta do céu é simpática. Digita meu nome no computador, sorrindo. Mas o sorriso desaparece de repente. É substituído por uma expressão de desapontamento.

— Ai, ai, ai... — diz a recepcionista. — Aqui onde diz “Religião”. Está: “Nenhuma.”

— Pois é...

— O senhor não tem nenhuma religião? Pode ser qualquer uma. Nós encaminhamos para o céu correspondente. Ou, se o senhor preferir reencarnação...

— Não, não. Não tem céu só pra ateu?

— Não existe um céu só para ateus. Nem para agnósticos. Também não são permitidas conversões post-mortem ou adesões de última hora. E me deixar entrar numa eternidade em que nunca acreditei, talvez tirando o lugar de um crente, não seria justo, eu não concordo?

— Espere! — digo, dando um tapa na testa. — Me lembrei agora. Eu sou Univitalista.

— O quê?

— Univitalista. É uma religião nova. Talvez por isso não esteja no computador.

— Em que vocês acreditam?

— Numa porção de coisas que eu não me lembro agora, mas a vida eterna é certamente uma delas. Isso eu garanto. Pelo menos foi o que me disseram quando me inscrevi.

A recepcionista não parece muito convencida, mas pega um livreto que mantém ao lado do computador e vai direto na letra U. Não encontra nenhuma religião com aquele nome.

— Ela é novíssima — explico. — Ainda estava em teste.

A recepcionista sacode a cabeça, mas diz que irá consultar o supervisor. Eu devo voltar ao meu lugar e esperar a decisão.

Sento ao lado de outro descrente. Que pergunta:

— Você acredita nisto?

— Eu... — começo a dizer, mas o outro não me deixa falar.

— É tudo encenação. Tudo truque. Quem eles pensam que estão enganando?

E o outro se levanta e começa a chutar as nuvens que cobrem o chão da sala de espera.

— Olha aí. Isto é gelo seco! Você acha mesmo que existe vida depois da morte? Você acha mesmo que nós estamos aqui? É tudo propaganda religiosa! É tudo...

Salto sobre o homem, cubro sua cabeça com a camisola, atiro-o no chão e sento em cima dele. Para ele não estragar tudo. Claro que também acredito que aquilo é uma encenação. Mas, seja o que for, durará uma eternidade.

TCHAU

Vou dar férias aos meus dezessete leitores. Volto quando novembro chegar. Tchau, e comportem-se.

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(*) Publicado no Blog do Noblat em 10.10.2013. Como todos meus 7 (conta do mentiroso) leitores sabem, estou em viagem, e me sinto um pouco exilada dos meus afazeres. Quando chego a alguma conexão melhorzinha dou uma passada pelos blogs como antes fazia e volto à normalidade, mesmo de longe. Hoje, ao fazer isto me deparei com o texto acima do sempre bom escritor Luis Fernando Veríssimo e pensei: Já que estou publicando a história politicamente incorreta do mundo terreno, por que não publicar uma história politicamente incorreta do outro mundo, como esta, que nos apresenta o escritor.


Por que politicamente incorreta? Por um motivo simples: Ele não é Univitalista. Ele é petista e apenas finge ser desta religião para não ter que defender o programa Mais Médicos, como o faz o nosso conterrâneo Carlos Sena (não podendo comentá-lo no Facebook por estar jurada de urtiga). Bastaria apenas dizer que era católico e já estaria no céu direto, principalmente, se se dissesse fã do Papa Francisco. Afinal de contas, Dilma disse isto na campanha de 2010 e foi eleita, mesmo que o Bento XVI ainda estivesse reinando. Não sei se no céu iam acreditar nela. (LP).

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Para não esquecerem de mim (6)



As notas do Narloch hoje são tão curtas que publicarei logo duas das pérolas do socialismo real.

“6.

Na Polônia, logo depois da Segunda Guerra, a polícia secreta soviética passou a catalogar cidadãos que poderiam oferecer alguma oposição ou perigo ao regime. Em 1954, dividida em 43 categorias, a lista tinha 6 milhões de nomes, ou um a cada três adultos.”

Para vermos que nenhum ditadura serve. As de esquerda faziam isto e continuam fazendo em Cuba, Coreia do Norte e até na Venezuela já começam a  serem catalogadas pessoas, e aqui, nas ditaturas de Vargas e a na Militar quantas estavam nos arquivos? Só a democracia salva, e sem liberdade ela só história para boi dormir.

“7.

Nicolae Ceausescu, o líder romeno, decidiu em 1967 que a população deveria aumentar 30% numa década. Enquanto no Ocidente a revolução sexual começava, Ceausescu baniu pílulas anticoncepcionais e proibiu quase todos os tipos de aborto. Para garantir a obediência à medida, ele foi mais longe: obrigou que todas as mulheres em idade fértil visitassem um ginecologista uma vez por mês. Caso uma gravidez fosse detectada, um cadastro era feito pela polícia, que acompanhava o caso até o momento do parto.”


Meu Deus me perdoe, seria o paraíso para nossa Igreja Católica, que não teria que se incomodar em discutir certas situações para o aborto. Ainda bem temos o Papa Francisco agora, que reverá certos dogmas, que nem o Cristo aprovaria, em relação ao aborto.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Para não esquecerem de mim (5)



E minha viagem continua sem problemas. Como este Brasil ainda tem coisas bonitas! Vamos lá:

“5.

Muito antes da invenção dos CDs e DVDs piratas, os jovens da União Soviética pirateavam discos LP. O governo censurava boa parte das músicas do mundo capitalista – Kiss, Julio Iglesias e Pink Floyd, por exemplo, eram considerados propaganda neofascista. Para escapar da censura, alguém teve a ideia de imprimir LPs em radiografias médicas (na época mais espessas que as atuais). Nasceu assim um intenso mercado negro de música dos anos 60 a 80. Os LPs clandestinos ganharam o nome “rock nas costelas” ou “jazz em ossos”, já que preservavam a imagem de costelas, bacias e colunas vertebrais das radiografias. A qualidade do som era terrível, mas bem mais agradável que as canções soviéticas.

Basta lembrar o Trololo, clipe russo do barítono Eduard Khil que, de tão ridículo, virou hit do YouTube, em 2010.”


Imaginem se a moda fosse hoje e tivéssemos que ouvir um “forró em ossos”. Pelo menos com a seca e com as promessas não cumpridas de ajudar este sertão sofredor, osso de boi morto não iria faltar.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Para não esquecerem de mim (4)



Quando chego a um “porto” com internet vou programando as postagens para evitar as crises de abstinência nos meus leitores. Estou sempre citando o Narloch, mas, agora até aviso o contrário, o que for em itálico é dele e o normal e poucas letras são minhas.

“4.

Para rastrear dissidentes e suspeitos, a Stasi, polícia secreta da Alemanha Oriental, usou radioatividade. De acordo com o radiologista alemão Klaus Becker, membro da comissão oficial que investigou os arquivos da Stasi, documentos da época mostram que os espiões etiquetavam o carrro dos suspeitos disparando no pneu, a uma distância de 25 metros, pequenas balas de chumbo impregnadas com material radioativo. Depois disso seguiam os suspeitos com medidor de radioatividade Geiger, podendo ratreá-los até mesmo atrás de muros e prédios.”

Penso que as autoras da novela Jóia Rara, leram também os documentos, levando o Klaus Hauser a usarem o mesmo método para perseguir a Pérola e os monges budistas. Cruzes!

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Para não esquecerem de mim (3)



Continuando a série do Leandro Narloch sobre o socialismo, para que meus leitores não esqueçam de mim nesta viagem, onde descanso carregando pedras e um laptop debaixo do braço:

“3.

Millôr Fernandes explicou tudo quando disse: “O comunismo é uma espécie de alfaiate que quando a roupa não fica boa faz alterações no cliente”. Esse ímpeto de adaptar não o sistema à sociedade, mas a sociedade ao sistema fica claro nas ideias de Zlata Lilina, uma das pensadoras educacionais soviéticas da década de 1920, ainda quando Lênin estava vivo. Seu plano de educação: tirar todas as crianças de seus pais e interná-las em instituições públicas, evitando que os pais as amassem. O amor, dizia ela, evitava o aparecimento do homem comunista, pois a criança tornava-se individualista e era encorajada a ver-se como o centro do universo.”


Não sei se o Fernando Haddad leu este livro. Espero que não.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Para não esquecerem de mim (2)



Do Leandro Narloch:

“2.

Em 1963, o escritor gaúcho Sergio Faraco, então um jovem estudante encantado pelo comunismo, foi à União Soviética fazer um curso de filosofia e economia política. Seu quarto em Moscou até era confortável, tinha aquecimento e uma boa escrivaninha, mas um item do alojamento o levou à loucura, pelo menos segundo as autoridades soviéticas. Na parede, um rádio com um único botão, de volume, reproduzia sem cessar a programação em espanhol da Rádio Moscou. Faraco não conseguia dormir, pois não era possível desligar o rádio. “O fio do aparelho era embutido na parede e tive de arrancar-lhe o cofre para fazê-lo calar”, contou ele. Essa transgressão, aliada a pequenas outras, levou o jovem a conhecer um lado oculto do regime soviético: o uso dos hospitais psiquiátricos como prisões. As autoridades o internaram à força no Hospital do Kremlin. Faraco ficou três meses trancado e a base de tranquilizantes, até poder voltar correndo ao Brasil. Sergio

Faraco levou quase 40 anos para conseguir contar essa história. Só a publicou em 2002, no livro Lágrima na chuva – uma aventura na URSS.”

E eu, que fiquei com tanta pena da Paloma, em Amor à Vida, fiquei emocionada com a história. Ainda acontece aqui, segundo o autor da novela.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Para não esquecerem de mim (1)



Já estou viajando por este país. Quando faço isto não me descuido e trago alguns livros comigo. Sem internet só os livros me acalmam. Trouxe um que estou lendo como quem sorve um sorvete. É do Leandro Narloch. Sim, aquele mesmo que me deu munição para discutir com o Guerrilheiro de Garanhuns, sobre o Che Guevara, mostrando que foi o assassino mais festejado do século XX.

O autor agora lançou um novo livro que se chama Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo (os anteriores eram sobre o Brasil e sobre a América Latina). E eu adorei saber que Nero não incendiou Roma e que o Ghandi tinha lá seu problemas. Mas, depois, eu conto isto quando tiver mais tempo.

Hoje estou na casa de amigos, longe de minha casa, e aproveito que há internet para publicar alguma coisa do Narloch para não matar meus leitores de crises de abstinência.

Começo, ainda influenciada pela última do PSB e vou colocando aqui algumas coisas que se pode esperar de um governo socialista, embora com a ressalva de que se Eduardo Campos for socialista eu sou a Maria Madalena.

São apenas trechos curtos do que este regime fez no mundo em sua experiência real a partir de 1917, e que segundo a Marina, o PT quer repetir no Brasil, com o chavismo. Com vocês o Leandro Narloch, com quem a partir de hoje, sempre que eu dispuser de uma conexão eu tentarei fazer com que meus leitores não esqueçam de mim (do capítulo sobre As 32 razões para não levar o comunismo a sério):

“1.

Uma das variantes mais criativas da ideologia socialista é o “posadismo”, doutrina delineada pelo teórico argetino Homero Cristalli, vulgo J. Posadas. De acordo com o posadismo, não era preciso ter medo de uma invasão  extraterrestre. Afinal de contas, se os ETs dominam a tecnologia para viajar pelo espaço, é porque formam uma civilização mais avançada que a humana. E, se são intelectualmente superiores, então é óbvio e elementar que todos eles vivem num perfeito comunismo. A invasão alienígena, portanto, destruiria os Estados Unidos e levaria os habitantes da Terra a um socialismo perfeito não só entre nações, mas entre planetas e – por não? – galáxias. Como não pensamos nisso antes! O socialismo posadista teve representação em pelo menos 13 países, incluindo o Brasil e os Estados Unidos.”


Durma-se com um bronca destas!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Correndo das urtigas e ainda perguntando: O Lula sabia?




Estou indo viajar (já estou pegando esta linguagem de atendente de telmarketing, cruzes!). Como sempre, eu não vou, vão me levando. Logo neste período onde a política abunda, quando ainda não se sabe em que vai dar a entrada de Marina no PSB, tenho que viajar. Sem muitos detalhes (pois não vêm ao caso) tento explicar o motivo da viagem, pois meus leitores merecem respeito.

Nos últimos dias fui vítima de ameaças nas redes sociais por um indivíduo, que não conheço, e que me prometeu me dar uma surra de urtigas porque não gostou do que havia falado de um colega seu. Como já disse, os detalhes não são importantes. Fiquei com medo, igual a o que fiquei quando tempos atrás o Xico Pitomba me prometeu algo semelhante, e até hoje me assedia. E como quem tem cotovelo tem medo, eu tive e me resguardo da forma que posso. É o que se paga por querer ser correta e justa, como tempo tento ser. Embora, como digo sempre a meu confessor, desafio alguém a provar que agredi alguém sem que fosse em represália a agressões. Ele me perdoa, porque até a Igreja reconhece o instinto de sobrevivência, a não ser nos santos, o que não sou.

Embora minha viagem não tenha só a ver com esta querela com um individuo que dorme em cima de uma Enciclopédia Britânica para apurar sua Análise de Discurso, ela o antecipou e foi até bom que ela agora acontecesse. Descansarei. Eu e o meu velho resolvemos andar por este país para ver se um dia nos sentimos feliz. E ao guardar recordações das terras onde passarei, com o meu laptop debaixo do braço e mil ideias na cabeça, onde houver uma conexão eu postarei para os meus leitores.

Só não posso prometer minha regularidade costumeira. Eu, em minha discussão com meus adversários citei o Tom Jobim, para quem, no Brasil, o sucesso é um insulto pessoal. Como digo sempre que o meu blog é o mais lido de Bom Conselho, pelos que sabem ler, não tenho como evitar a inveja e, muitas vezes as ameaças violentas que só podem surgir de mentes fascistas e sem educação doméstica.

Como não sei quando voltarei ainda quero aproveitar o ensejo desta despedida momentânea para perguntar, refletindo o que já li sobre o caso Eduardo x Marina: Será que o Lula não sabia?

O que penso, sinceramente, é que o Lula soltou as rédeas dos dois para tirar a Dilma da jogada, e ele voltar como o Antônio Conselheiro dos bolsistas familiares e dos clientes dos médicos cubanos. Será que estava tudo combinado? Sei lá!

Até a volta, caros amigos, ou, em qualquer momento em edição extraordinária, espero, sem o corpo latanhado de urtigas.


P.S.: Minha filha tem a minha permissão para postar comentários, o que sempre o fez com parcimônia. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Os cubanos treinaram no McDonald's?




Por BARBARA GANCIA (*)

Minha intenção hoje era falar dos índios. Mudei de ideia lembrando da transamazônica de nãos que recebi de todos a quem perguntei: "E aí, gostou de Xingu'?" (o filme, não o parque nacional que estão esquartejando). Trata-se de um esforço que ninguém apreciou. A história dos irmãos Villas-Boas não interessa. Brasileiro não gosta de índio.

Como desejo ser lida, disponho-me a agradar. Mas há limites. Se pensa que vou descambar para a apelação, meu nobre leitor, e sair malhando Obama Rousseff e suas ancas duras para a articulação política, errou feio. Vá lá. Já que estamos aqui, só uma lasquinha: negão ruim de cintura como esse nem se morasse no Alvorada, usasse tailleur de manga três quatros e tivesse dificuldade em se locomover de salto -- como bem notou Thammy, filha de Gretchen.

Por falar na Angela Merkel tapuia (eu sei, só daria para comparar se a Angela Merkel estivesse em coma), há muito sinto como se um bisturi me retalhasse as vísceras, tamanha a vontade de dizer a minha opinião sobre essa história de médico que veio de jangada lá de Cuba (ah, não veio? Foi de avião da FAB? Quem pagou?). Entendi: pergunte ao Fidel. Quer saber? A mim pouco importa. Eu preciso é desabafar, senão tenho um treco.

Para começar, se, neste momento, eu me encontrasse em situação de vítima da seca, no interior do interior da Paraíba, sol fritando a moleira e moscas zunindo ao redor dos meuzôio (nesse contexto seria meuzôio mesmo), baita dor de barriga e, ainda por cima, desidratada, nem que eu fosse acolhida por um ser falando em papiamento que me auscultasse com um estetoscópio trincado e me desse um copo de lavagem de porco para beber, creio que acharia melhor do que não ter assistência.

Dito isto, passemos para o outro lado do balcão: já notou que os médicos cubanos têm um discurso ensaiado? Pessoal parece ter sido treinado para atendente do McDonald's. Todos estão "felices por estar acá ayudando a Brasssil".

Ocorre que eu vou ficar devendo, mas não posso acreditar em uma palavra do que dizem.

Tudo bem. Há quem prefira a ditadura cubana, torça pela volta do Ahmadinejad e esteja morrendo de saudades as traquinagens de Kadafi. Sem problema. Os EUA estão longe da beatificação. Repressão e liberdade de expressão seletiva é com eles.

Diplomacia é teatro, o mundo todo é um palco e todos os homens e mulheres, meros atores. Mas há de se medir o tom da dramaticidade. Sair de cena abruptamente por conta de ato de espionagem para medir força é perder oportunidade de negócio e de romper com maniqueísmo --resquício da Guerra Fria.

E se a potência que nasce resolvesse forçar convivência? O Brasil faz negócio com Angola, Venezuela, EUA... Por que não? Por que não podemos vender nossas latas velhas para os EUA e também para o Afeganistão? É verdade. Hoje, só a Argentina se dispõe a comprar automóveis "made in Brazil", já ia esquecendo. Seja como for, não está aí a espionagem a serviço do controle da transferência de tecnologia, ora bolas?

No fim das contas, quem se sacode são os médicos cubanos, forçados a viver onde nenhum tapuia quis ir. Alguém perguntou se queriam vir passar três anos no sertão? E ainda correm o risco de ter o mesmo destino de seus conterrâneos, que tiveram asilo político negado durante o Pan do Rio.

Mente aberta, Dilma não liga de deixar ainda mais arredios os já paranoicos EUA. Lembrando que, da nossa porta para dentro, gente como o terrorista Cesare Battisti sempre pode contar com nossa hospitalidade. Política externa de primeira é isso.

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(*) Publicado na Folha de São Paulo me 04.10.2013. Tempos atrás, quando meu marido ainda podia fazer greve para melhorar seu salário, aqui em casa, assinávamos a Folha de São Paulo. Uma das jornalista que adorava era a Barbara Gancia. Confesso que o meu estilo de escrever, mantendo as proporções entre uma verdadeira jornalista e uma jornalista bissexta como eu, deve-se muito ao dela. Jocosa igual a ela, só eu. E num texto tão curto ela toca em tantos pontos importantes para o Brasil que resolvi transcrevê-la aqui, e ter e petulância de comentá-la um pouco.

E ela escreve, com sua ironia impagável, sobre o programa Mais Médicos que se tornou a “joia da coroa” do governo de nossa Angela Merkel tupuia (risos não contidos). O que ele tenta dizer é que alguém que vive igual ao povo pobre brasileiro, lá nos cafundós do Judas ou mesmo na terra do Dandan, lá no Logradouro dos Leões, quando dizem que vai chegar um médico, ele recebe qualquer um que venha vestido de branco e que tenha um estetoscópio pendurado no pescoço. Sua alegria é incontida, e quem leva a fama por ter trazido a pessoa com jaleco branco recebe o seu voto. Se a Nancy é médica ou não, sabe ou não dos seus problemas, é secundário. Em último caso teríamos o efeito placebo.

Esta foi a jogada de mestre da Dilma, nos estertores de sua baixa popularidade, e a conseguiu levantar com os médicos cubanos. E o programa continua a trancos e barrancos depois de um ano de planejamento petista, isto é, nenhum planejamento, a não ser esperar a hora certa para lançar algo que os ajudem eleitoralmente.


Como o Bolsa Família já está esfriando em termos eleitorais, porque já conseguiram desvinculá-lo, parcialmente, do pai Lula, e que agora os bolsistas familiares já sabem que a Dilma não é o Lula, se vem com esta do Mais Médicos. E ele está servindo para esconder todos os problemas a que o PT nos leva, como, principalmente, nossa guinada fatal para o “chavismo”, (boa, Marina) que se continuar será um funeral para o nosso país, com mais requinte do que o do Chávez, que pelo menos deixou em seu lugar alguém “maduro”. Já nós, se as oposições não se acertarem, teremos uma mulher que até agora está verde e não amadurecerá nem com carboreto. (LP).

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O PSB caiu na REDE




Este final de semana, sem conexão plena, tive que apelar para o rádio e TV para ouvir sobre algo que até sexta-feira era impossível de conceber: Marina no PSB. Isto significa Eduardo Campos embalando Marina na REDE para receber algumas migalhas de votos daquela a qual já se achava mesmo numa rede de defunto. E aí eu repeti mil vezes: Cruzes! Cruzes!......

Aparentemente, com esta “coligação” quem perdeu foi a Dilma e o Aécio. Este porque já vinha mal mesmo nas intenções de votos, e aquela porque perdeu um possível aliado, e ganhou uma adversária que mostrou ser boa de voto. E aí eu pergunto: E para o Brasil não vai sobrar nada?

Talvez, outra vez aparentemente, talvez sobre para o Brasil a chance de derrotar o PT e isto seria por si uma glória. Mas, se isto acontecer o Brasil ficará com quem? Com Marina, com Campos ou com Aécio?

Ainda não se sabe se Marina vai ser a cabeça de chapa ou não. Isto não ficou claro em nenhum dos discursos que ouvi por uma rádio que chiava mais do a Rádio do Bardo de Arapiraca em dia de entrevista com o Dandan. Aliás, não entendi nem se a Marina disse se a “coligação” é “programática” ou “pragmática”, e penso até que nem mesmo ela sabe. Apenas não é “sonhática”. Acabou o sonho dos marineiros, e eu até dou os sentimentos ao Guerrilheiro de Garanhuns que detinha tanta fé na candidatura de Marina, e hoje vai ter que apoiar o “Dudu Oi de Gato”.

No entanto, juntar a Floresta Amazônica com Suape não será fácil. O que existe de ecologia e sustentabilidade no governo Eduardo Campo resume-se na frase: “Derruba depois eu explico!”. Enquanto a Marina andava pelos bosques distraída pensando que as coisas desta vida se resumia a discursos a favor de ONGs internacionais, que querem que o Brasil pague pelos crimes que os países desenvolvidos cometeram ao destruírem sua natureza, sem nos dar nada em troca.

Vai ser difícil explicar aos eleitores de ambos, além de apenas dizer o que todos sabemos que nosso governo é um “chavismo” enrustido, embora não mais tanto. Ontem chegaram mais 2.000 médicos cubanos para comprovar isto. Na Venezuela são quase 20.000 e aquele país está para cair de “maduro”. Não será tão fácil.

Eu ainda não me defini nesta corrida presidencial, porque achava que ainda era cedo para que se lançassem candidatos, mas, agora o jogo já começou, e daqui a pouco tenho que me definir. A única coisa que estou definida é que não votarei no PT, mesmo que o Papa Francisco saia de Roma e faça um acordo “pragmático” com o Lula, e seja o candidato da sigla.

Quanto ao PSB com REDE de sustentação, que poderia se chamar de REDENÇÃO, eu ainda não vejo aonde vai dar. Quanto ao PSDB, do jeito que a coisa está andando, para tirar o PT do poder, o Aécio poderá até telefonar hoje para o Dudu dizendo que só não se filiou antes ao PSB porque se esqueceu. É uma pena porque teríamos o RENDENÇÃO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (o RSDB). Mesmo assim eu não me definiria ainda. Sei lá o que vai dizer o PMDB?

Enfim, o bom destas situações é sonhar como a Marina e usar nossa imaginação para ver o que realmente se passou. E nestes rapapés políticos a imaginação é muito mais verdadeira do que a imprensa, vejam o diálogo real:

- Oi Eduardo, tudo bom?!

- Quem é?

- É a Marina Silva, sua admiradora fiel desde que via o Arraes com você no braço. Eu penso que ele já sabia, quando via seus olhos tão bonitos.

- Ah! Marina!? O que você manda? Derrubaram você da REDE logo cedo, não foi?! Brincadeirinha. O que você manda?

- É o seguinte Dudu, permita-me a intimidade. Eu sei que você vive tentando se livrar do Lula e não consegue, porque ele lhe ameaça tirar o apoio a sua candidatura e até diz que se você for candidato, ele mesmo dá uma rasteira na Dilma, que é fraquinha coitadinha, e se candidata só para não lhe deixar ganhar. O Lula também botou para quebrar sem cima da minha REDE e não deixou que ela fosse armada, tudo para o PT ganhar. Então eu pensei, se eu unisse minhas forças com as suas, poderíamos colocar o sapo barbudo prá correr, mesmo que ele se candidatasse.

- Marina, será que não estão nos grampeando?

- Que nada Eduardo, quem faz isto é o Obama e o que ele quer ver é o Lula pelas costas. De Lula no mundo só ele. Aquela estória do “cara” era tudo brincadeirinha.

- Mas, como faríamos isto Marina? Será que arranjarei lugar para guardar tua REDE? E deitar nela sem aparecer não ficaria bem para mim.

- Não se preocupe, Dudu. A única coisa que exijo é que você guarde a REDE até ela poder ser armada. Depois a gente ver o que pode fazer. O importante é enfezar a Dilma. Aquela mulher quando se enfeza faz cada besteira! Não viu o Mais Médicos? E a Reforma Política? Kkkkkkkkkkkk kkkk!

- É Marina, como tou na rabeira das intenções de voto eu topo. O que deveremos fazer quanto a chapa? Você seria a presidente e eu o vice, ou vice-versa?

- Isto não importa Dudu. Vamos ver o que o Lula vai fazer. Depois a gente decide.


Ontem (estou escrevendo no domingo aqui da serra toda desmatada) em Brasília, foi anunciada a reunião que “coligou” ou colocou o PSB dentro da REDE, com pompas e circunstâncias, a partir desta conversa, que a imprensa floreou um pouco porque não tem contacto direto, como eu, com o NSA do Obama.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Nossos problemas urbanos e os xixizeiros do Dandan


O primeiro xixizeiro (Foto do Blog do Emmanuel)


Sexta-feira e já me começam a aperrear para nossa subida à serra. Não digo que não gosto. Em Gravatá vivo minha vida de classe média (antes do Lula) agora já ajudada pelos meus filhos e pelos meus netos, e a vida é boa. Lembro-me de Bom Conselho que em minha época era quase rural, mesmo morando perto do centro da cidade. E lá vai eu!

Como sempre, não escrevo no final de semana. Antes eram os dias de feira e de missa, hoje são dias de serra. Bem pelo menos não enfrento o trânsito doido do Recife. E tenho certeza que, se nada for feito, a cidade vai dar um nó de carros, e que em breve não sairemos mais nem da garagem. Como classe média teremos que dizer aos amigos que temos carros, embora saibamos que ele será inútil.

O Brasil se prostituiu com os automóveis individuais. E quanto a isto eu não culpo só o PT, pois ele nem existia nos tempos em que quando se pensava em crescimento e desenvolvimento de nosso país, pensava-se em indústria automobilística, e durante os governos militares, pensava-se em carros individuais e em rodovias. Foi neste período que o lema da velha república de que “governar era abrir estradas” foi mais usado. Nunca se pensou nem em ferrovias nem em hidrovias, num país, com as extensões do nosso, e hoje sofremos as consequências.

Além disso, com o fato cultural de que o brasileiro só pode se dizer realizado quando tem seu automóvel, a coisa ficou feia nas cidades maiores e nas menores. Vejam o caso de Bom Conselho, quando era menina, brincava de rouba bandeira e garrafão no meio da rua e quando passava algum meio de transporte eram os burros vendendo carvão, que minha mãe sempre comprava. Hoje, passei lá, há alguma tempo, e a Praça Pedro II parecia o estacionamento da Arena Pernambuco nos dias da Copa.

Aqui em Recife, quando saímos para algum lugar de carro, já reservamos o dinheiro do “flanelinha” e damos graças a Deus quando ele nos consegue uma vaga, a não ser em estabelecimentos comercais, como os shoppings e supermercados, que têm estacionamento, mas nos cobram os olhos da cara por eles, se não comprarmos uma besteirinha. Eu, mesmo ainda não tendo chegado a boa idade, quando vou com o meu marido, ainda uso as regalias que os idosos tem de ter uma vaga. O grande problema é já arranjar um vaga para idosos. E com o envelhecimento da população, brevemente, vamos reservar vagas para quem ainda não tem 60 anos, pois serão minoria.

Ou seja, hoje somos reféns do progresso. Temos tanto que não podemos aproveitá-lo. E, pela experiência internacional, não adianta muito fabricar mais vias por cima das que já existem, os fatídicos viadutos. Penso que nos Estados Unidos já há tantos viadutos que deve ter alguém perdido lá por vários anos, dando voltas pelos mesmo lugares. A solução é educação e esforços políticos no sentido de usar mais o transporte coletivo e até as bicicletas. Só quando o indivíduo sair de casa para trabalhar com seu carrão levar uma vaia, e alguém que sair de bicicleta ou subir num ônibus for aplaudido, então a coisa vai melhorar. Autoridade e governantes nem se fala. Helicópteros, limousines e batedores estariam proibidos terminantemente. Talvez um táxi ou uma van, ainda vá lá. São apenas algumas ideias para melhoria do transito nas cidades.


E, por falar em soluções para os problemas urbanos, não pude deixar de falar na solução do Dandan para a ausência de banheiros públicos nos parques. Fizeram um em cima de um bueiro lá no Parque José Feliciano, segundo o Emmanuel Leonel. Agora ninguém mais faz xixi no muro, mas em compensação pode ser devorado pela as muriçocas dentro da casinha, isto se não morrer com o fedor. Cruzes!

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O assalto em Bom Conselho e os embargos infringentes


Professora Alexandra Machado


Nós que escrevemos, quase sempre, no calor dos acontecimentos, não podemos planejar nada. Pensei hoje em escrever sobre as declarações do Lula, dizendo que seria uma “metamorfose ambulante” da Dilma, na próxima campanha. Como já sei que ele nunca deixou de sê-lo, eu me voltei para um assunto mais importante da minha terra. O assalto à agência do correio.

Desde de cedo eu via pelos blogs da cidade as notícias, depois vi no Globo Notícias e depois no NE TV. Então a cidade ontem viveu um dia de horror e glória. Uma professora foi morta e a cidade foi notícia em nível nacional. Tenho certeza que mesmo um ano todo de exposição na TV, não valeria a vida da professora.

Um jovem, com 33 anos, na flor da idade, é vítima da violência que assola este país, sobre o qual dizem que vive às mil maravilhas em nível federal e em nível estadual louvam um tal de Pacto pela Vida. Será que Bom Conselho ficou fora deste pacto? Eu penso que o Brasil todo está fora dele.

O que existe hoje em nosso país é um Pacto pela Morte. A morte no trânsito, a morte pelos assaltos, a morte nos hospitais, a morte pela vergonha de está no Brasil onde os governantes vivem em campanha eleitoral permanente contando lorotas. E então, mais uma vida ceifada, dentre as milhares que o são mortos todos os dias neste Brasil de faz de conta. E só nos manifestamos quando as vítimas estão perto de nós.

Todos os dias, nos telejornais, acontece a mesma coisa em outras cidades e localidades. E dizemos: Mas, que cidade violenta! Os crimes mais brutais são cometidos por este país afora e calamos. Até que eles invadem nossa cidade e cometem uma barbaridade. Então, nos movimentamos e dizemos, meu Deus, poderia ser eu. E é este egoísmo que nos leva a esquecer tudo e nas próximas eleições esquecermos tudo e acreditamos no Brasil que mudou e que hoje, pela propaganda oficial, já acabaram, a miséria, os crimes e temos um sistema de saúde perfeito. O que faltavam eram médicos para nos apalpar, mas, agora temos os cubanos. O que mais no falta então?

Para professora de Bom Conselho agora falta a vida. E para nós. Bem, por enquanto nada, e fingimos que estamos felizes. Daqui a pouco tudo volta ao normal, até que morra outra pessoa perto de nós. Lamentaremos e esqueceremos, esperando que não chegue a nossa vez.

Como sempre gosto de imaginar e associar ideias, porque faz parte de minha humanidade (não direi mulheridade porque quem me conhece sabe que penso que as diferenças entre os gêneros só aparecem no ato de procriar), e aí eu pergunto: Será que isto tudo tem a ver com embargos infringentes?


Meus sentimentos à família da professora morta, e também a de cada um que morre, todos os dias, neste país sem governo. Esperando que na próxima vez que Bom Conselho for manchete nacional, seja porque erradicou as suas muriçocas.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Academia Bom-conselhense de Letras. Silêncio!




São tantos os assuntos que me vêm à cabeça quando começo a escrever que penso escrever sobre todos, mas não é muito a minha praia. Escrevo sobre um e fico devendo o resto. Hoje mesmo, fico com o Zetinho e seu texto que ele chamou poeticamente de Silêncio, e que foi publicado na AGD no último fim de semana (aqui).

Há dois aspectos que devem ser discutidos separadamente no texto do Zetinho. O primeiro é o principal e trata do seu desejo de criar uma Academia Bom-conselhense de Letras (que deveria primeiro começar ou recomeçar pela discussão de como é o gentílico para quem nasce em Bom Conselho) e o outro é o uso do mural, tanto da AGD como do SBC de forma imprópria.

Eu começo pelo último. Quando eu, o pessoal da CIT e o Zé Carlos resolvemos criar a AGD, a ideia do mural surgiu porque eu estava sendo barbaramente censurada por Saulo no mural do SBC. Quem não lembra das discussões entre o Sr. Ccsta e o Andarilho, e comigo no meio? Então eu disse, por que não criar um mural aqui? E fez-se a luz. Criou-se um mural que ficou ai por um bom tempo, apenas eu e alguns outros poucos escrevendo. Era uma tristeza ver um tão importante meio de comunicação desperdiçado.

Alguns lá escreviam e esperavam que suas palavras não pudessem ser contestadas. Eram os donos da verdade que queriam ir para a chuva e não se molhar. Ao primeiro sinal de crítica arrepiaram carreira e foram embora. Eu, continuei, junto com alguns abnegados, e um conjunto de anônimos que ultimamente assolam o mural. Eu pergunto: É justo agora negar este espaço aos anônimos de nossa terra? Acho que não. Tenho certeza que muitas das coisas que se colocam é o que se comenta na cidade pelos bares e esquinas e os bom-conselhenses que vivem fora gostaria de saber mas não estão lá. E por isso o seu sucesso.

Aguentar o CACHORRÃO contar piadas chulas e elogiar o PT é o preço que temos de pagar para que tenhamos outras notícias importantes, que eu vejo sempre, pois é minha leitura obrigatória depois do meu blog. Então vamos deixar o povo se expressar. Afinal de contas hoje somos todos anônimos ou pseudônimos. Eu não conheço o Zetinho pessoalmente mas acredito que ele existe e que escreve e eu discuto suas ideias e não como ele está vestido.

O que concluo de tudo isto é que o próprio Zetinho e outras pessoas de Bom Conselho deixassem os pruridos puristas e se alinhassem à cambada de gente que usa o mural como uma forma digna de expressão do nosso povo. Mesmo perdida entre a multidão de anônimos e pseudônimos sei que sou lida quando uso o Mural. Então caro Zetinho vamos usá-lo para divulgar a ideia da ABL, que é o meu assunto seguinte.

Quem acompanhou, como eu, nos últimos anos, o esforço do Zetinho para criação de nossa academia, desde que o Mural do Saulo (nunca mais fui por lá, e nem sei mais se existe, ou se apenas toca piston) aceitava mais de mil toques, sabe que se algum dia ela for fundada, ele teria um papel preponderante nela. Até estatutos ele já fez. E até agora nada. E, confesso, com a invasão bárbara de blogueiros semi-analfabetos em nossas plagas, o sucesso de uma casa de letras parece cada dia mais distante.

Em seu texto, o Zetinho apela até para o Alexandre Tenório para ajudar em sua criação. Eu, que acompanhei o papel do Alexandre sobre a ideia da Academia, penso ser a última pessoa que estaria interessada em sua criação, a não ser que tenha mudado totalmente de opinião. Inicialmente, ele era contra porque não havia ninguém que tivesse livros publicados em Bom Conselho. Agora, eu não sei se ele aceitaria ser o único membro da Academia, por ter lançado dois livros (aliás, devo dizer ganhei os dois de um amigo e vou lê-los, ou relê-los pois já havia lido quase tudo nos blogs, mas, parece que agora estão revisados, linguisticamente, nas edições de papel).

Eu, muito tempo atrás dei muitas ideias sobre como deveria funcionar a ABL, porque, assim como o Zetinho, adoraria que ela fosse criada. Se me contradizer com o passado, desculpem, mas, isto é normal, assim como é normal hoje o Lula apoiar a Constituição de 88. Mas, acho que a academia deveria aceitar agora os blogs como uma representação legítima de nossas letras, e o meio eletrônico em geral. Eu sei que isto é um perigo devido a possibilidade de haver tráfego de influência. Por exemplo, um blog de Bom Conselho que foi considerado por uma empresa “séria” como o melhor blog da cidade, eu não o queria nem para ir para a lata de lixo da ABL.

Mas, tudo dependeria, da seriedade de propósito das pessoas à frente da ideia. E, hoje, se a ideia do livro de papel persistir, nada é mais fácil do que publicar um livro. Não sei se o Luiz Clério, nosso jornalista-mor, já faz este tipo de serviço, mas se não fizer, há em outros lugares e editoras que o fazem quase no mesmo dia. E se, toda a produção jornalística e blogueira fosse para os livros de papel, dentro em breve Bom Conselho teria uma biblioteca do Congresso americano.

De uma forma ou de outra, ter tocado na ideia foi muito bom. E como não sou a favor de homenagens com nomes de estátuas, ruas, etc.  a pessoas vivas, ainda espero que nenhum de nós tenha seu nome homenageado pela nossa Academia, por muito tempo. Talvez Academia Bom-conselhense de Letras Florisbelo Villa Nova, seria uma boa. Pelo amor de Deus, ABL Coronel Zé Abílio, não, pois já temos a Prefeitura.


Meu segundo projeto, caso eleita para casa de Dantas Barreto em 2016, será o da criação de nossa Academia, se não a criarem antes. Vamos lutar, Zetinho, para que isto aconteça.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

OS CAPRICHOS DE LUCINHA PEIXOTO.


Carlos Sena, nosso melhor escritor e lindo de morrer.


Por Carlos Sena (*)

Quem matou “Salomão Ayala”, da novela “O Astro”? Quem encontrou a bala que matou Getúlio? Quem sabe onde se esconderam as duas polegadas que impediram Marta Rocha de ser Miss Universo? Quem sabe o verdadeiro nome da “menina sem nome” enterrada no cemitério de Santo Amaro no Recife? Quem saberia me dizer, por exemplo, o ano em que Adão foi inspetor de quarteirão na Barra do Brejo? Nesse rol de “porquês” cabe perguntar: quem conhece Lucinha Peixoto – aquela mantenedora de um Blog e que sempre se faz presente na A GAZETA e nos diversos jornais da região do entorno bom-conselhense?

 Pois é. No final da novela O Astro, soube-se que quem matou Salomão Ayala foi seu próprio filho, mas, saber quem é Lucinha Peixoto, aí fica difícil, mesmo sabendo que isso é também quase que um folhetim paroquiano que pulula a boca miúda nas rodas e nos quadrados da terrinha.

Certo dia vi Nárima perguntando (salvo engano) se alguém saberia dizer quem é essa tal Lucinha Peixoto. Depois vi Almir fazendo igual indagação. Assim, Ademir, Marcos Padilha, Pedro Eymar e tantos outros que devem ter se feito as mesmas perguntas acerca dela – a Lucinha Chupeta, digo Peixoto. Não, capeta. Não, apenas Lucinha e seus caprichos.

Confesso quando comecei a invadir a literatura da minha terra, logo também me perguntei: quem é essa tal de Lucinha? Ninguém me disse nada, nem sequer, me deram o “C” por resposta, (pra não perder o costume). Não tive dúvidas. Perguntei a mamãe acerca. Mas, ela, do alto dos seus 84 anos, já com a mente lhe mentindo, me disse que não se lembrava de ninguém com esse nome. Depois, puxando pela memória, ela disse que conheceu uma Lucinha, mas que não devia ser essa que eu lhe perguntara. Essa, que quem se lembrara de vagamente diziam ser quenga, lá do “Café Sertanejo”. “Ah, lembrei-me de outra”, disse: no Paga Nada – uma agremiação carnavalesca famosa na cidade capitaneada por Braz, tinha uma tal de Lucinha. Era a que carregava o estandarte, mas que, também, as línguas ferinas diziam ser ela uma putinha que trabalhava em casa de família e seu melhor trabalho era “iniciar” os filhos dos patrões no sexo.

Coitada de mamãe. Ela não soube recobrar mais sua memória e nem precisava, porque Lucinha é uma invenção dela mesma por ele mesmo ou por ninguém querendo unir nada a coisa nenhuma. Confuso? Igual a Lucinha e seus caprichos. Porque mesmo sendo Lucinha uma invenção dela própria, por ele, parece-nos que ganhou vida própria – algo como o adágio de que “a mentira muitas vezes repetida vira verdade”... Por isso esse “personagem” deve meter medo até mesmo ao seu criador, tamanho é o nível de “envivecimento” que ele, o personagem, se deu.

Independente, Lucinha marca espaço na mídia e com qualidade. Destaca-se pela língua ferina e pelos seus caprichos. Ela é caprichosa, por exemplo, para meter o pau no PT até que outro partido chegue ao poder para ela de novo meter o pau. Meter o pau? Nem poderia. Meter o bedelho, aí sim. Isso ela faz com maestria e com alfinetadas de fazerem dó. Lucinha é debochada quando quer ser, mas é doce quando não quer ser. Ela sabe morder e assoprar, mais assoprar do que morder... Por quê? Por não saber sua idade, corremos o risco de dizer que ela morde sem morder, que ela corre sem correr, que ela sobe sem descer e quando desce se lasca toda, se estrebucha nos seus conceitos.

Desisti de saber dela num dia que estive na terrinha. Conversando com certo senhor importante da cidade, senti que ele quase se traiu acerca do codinome Lucinha. Depois ele tentou remendar, mas se borrou todo. Eu me fiz de coveiro para comer o “C” do defunto e parece que consegui. Mas, mesmo assim, não me aprouve botar a boca no trombone acerca dela, a Lucinha linguaruda e cheia de caprichos. Preferi entender que ela é do Bem. Disso não se pode negar. E escreve bem. E ama nossa terra e estrutura conceitos políticos com desenvoltura. Nesse estado de coisas, prefiro compreender que se esconder num codinome é muito natural na vida no geral e na literatura em particular. Por que não com ela, a nossa Lucinha – blogueira e defensora perpétua do PAPACAGAY que nunca acontece; divulgadora do forró no beco e instigante crítica do nosso prefeito a quem ela chama de DANDAN. Lucinha é isso mesmo e não adianta transformá-la em novela para ver se um dia ela aparece no seu final. Porque Lucinha é ela sem ser. É ele sendo como é – meio arrependida de ser sem nunca ter sido – algo como a saga da viúva Porcina. Lembram? Por cima é o que ela gosta de sempre ser e estar.

Hoje, mesmo achando que sei quem foi o seu inventor, nem me sento tentado a dizer quem seja a minha suposição, porque Lucinha só não tem corpo, mas tem alma. Pode até não ter coração, mas tem ação. Não tem marido, ou tem? Não tem o mote, mas tem o trem. Não tem cavalo, mas, tem galope, não tem um homem, mas, deseja um bofe. Não gosta de uva, mas detesta Cuba. Não gosta de peixe, mas se pudesse comia o Lula...

Assim na rima rica, Nárima fica com a ilusão de Lucinha. Almir, Marcos, Pedro, Ademir, todos, Lucinham, porque ela é verbo, intransitiva, mas verbo. Não de ligação, mas irregular na singularidade dos seus plurais metamorforseantes, Platão que lhe diga e Freud que nos explique todas as razões de viver sem dar a cara a tapa, ou a bofete, no linguajar local.

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(*) Publicado no Facebook em 28.09.2013. Eu não costumava publicar o Carlos Sena aqui no meu espaço. O motivo é que sei que daqui a alguns dias ele vai ser publicado lá na AGD. Aliás, o Zé Carlos deveria atualizar seus escritos por lá. Eu os leio antes no Facebook. Não gosto muito porque naquela rede social os textos saem quadrados.

Que desculpe o Carlos, que o Almir (a quem não conheço, mas soube através de alguém que ele é índio, e disse isto apenas declarar que ser engenheiro é melhor do que ser índio e eu não concordo mesmo, achando de uma tremenda mediocridade, este tipo de comparação) chama carinhosamente de Carlinhos, como eu chamo o jovem prefeito de Dandan, porque transformei seu texto de uma quadratura para uma retangularidade e corrigi alguns mínimos errinhos de grafia que normalmente cometemos naquela rede social quadrada.

Eu, como quase tudo que o Carlinhos (como agora carinhosamente e em agradecimento passarei a chamá-lo) escreve, adorei. Ele é um mágico com as palavras. E ele era dos poucos que nunca perguntavam quem era eu, lá em Bom Conselho. Desde o Pedro Feliciano Piston, passando pela minha amiga Nárriman, e chegando ao Jodeval Duarte, quase todo mundo está doido para me conhecer. Quem me acompanha sempre sabe porque eu hoje estou, como Lula, uma verdadeira metamorfose ambulante pelas ameaças à minha pessoa. E com o tempo eu até me habituei. Antes quando duvidavam de minha existência eu virava uma fera. Hoje não mais.

Já disseram que eu era o Luiz Clério, o Dr. Renato, o Zé Arnaldo, o Zé Carlos, o Zezinho de Caetés, o Rafael Brasil, a Eliúde Vilella, o Padre Nelson, e muitas outras pessoas, que admiro e agora apenas me sinto lisonjeada e toda pimpona com as insinuações. Nunca me disseram que eu fosse o Carlinhos e eu não sei o porquê. E hoje jamais dirão, quando ele próprio escreve um texto magistral para duvidar de minha existência. E por que?

Por um motivo muito simples. Eu discordei do programa Mais Médicos, que ele pensava que ao escrever sobre, os bom-conselhenses iriam adorar tanto ou mais quanto os pobres dos distritos vão adorar as escravas cubanas, porque estão enganados. E quando eu dizia e repito, que foi um programa feito com fins eleitoreiros, colocando em risco nossa soberania, diante de um regime ditatorial, para eleger o Alexandre Padilha, amigo “oscular” do Carlinhos, então, infelizmente, ele caiu na vala comum dos outros que já repetiram isto de alguma forma por muitos e muitos anos.

Ou seja, Lucinha Chupeta, como Carlinhos agora me chama (existem outros apelidos: A coisa, Lucinha Televisão, etc, que apenas me fazem rir), quando falava algo que era verdade sobre alguém, e este alguém estava tentando escondê-lo, ao invés de explicarem suas inverdades, diziam logo: Lucinha é fulano, beltrano, sicrano. Eu ficava possessa e isto só levava a que mais pessoas, quando, sentindo-se nus, diante dos fatos verdadeiros, repetissem a mesma ladainha.

Foi um tal de procurar IP, codinomes, minha idade (o único segredo que mantenho a sete chaves) que chegaram a fazer encontros de blogueiros para descobrirem a minha identidade. E a ironia do destino, é que estava de malas prontas para ir a um desses encontros em Bom Conselho, quando recebi ameaças de ser quebrada de pau por um tal de Xico Pitomba, funcionário de um blogueiro muito conhecido em Arapiraca. Agora, pelo que parece, não é só o Xico que quer me ver pelas costas. Mas, aqueles que querem isto, sabem porque estão querendo. O meu primeiro projeto de que um vereador em nossa terra deve ganhar apenas um salário mínimo, deu vida a muitos Xicos Pitombas.

Depois veio o Dr. Filhinho, que ao pensar que iria fazer críticas ao governo de sua mãezinha, elevou o Zé Carlos à categoria de gênio da raça, dizendo que ele não seria apenas eu, mas, escrevia por mais umas 200 pessoas. Até a Maria Caliel, aquele doce criatura e excelente escritora, ficou estupefata. O castigo veio a cavalo. Hoje ele está lá no Hospital do Açúcar tentando dizer que a Mamãe Juju (este epíteto não foi criado por mim, mas, por um grande amigo do Dr. Filhinho na época, o Bardo de Arapiraca), descumpriu menos a Lei de Responsabilidade Fiscal do que o Dandan. E parece que foi mesmo. Então ela terá direito a uma pena menor e portanto não precisará nem de um embargo infringente. Já o Dandan.... Mas, isto é assunto para depois.

Depois veio o Pedro Feliciano Piston, porque eu disse que ele tinha feito muitas bobagens com o Encontro de Papacaceiros, o que foi depois comprovado pela prática da festa. Hoje é Encontro de Bom-conselhenses e reúne  um piston e quatro tamboris, alguns dançantes. O epíteto de Feliciano foi porque ele não quis apenas contestar minha existência, mas, porque mostrou sua homofobia ao achar que o Zé Carlos era gay (e, confesso, se for, para mim, não tem importância nenhuma) porque tinha um pseudônimo mulher. Meu Deus, quanta aleivosia, além da homofobia.

E a vida foi passando e eu não estou aqui para fazer minha biografia não autorizada, no momento, mas, continuo firme com este meu blog que, pela audiência de quem sabe ler, justifica o seu subtítulo de um Blog do Povo, pelo Povo e para o Povo, de Bom Conselho. E cada dia mais conhecido dos meus potenciais eleitores. Então, se um dia quiserem, por motivos justos, e com bons argumentos me verem fora dos meus CAPRICHOS de ocupar um lugar na Casa de Dantas Barreto, critiquem o que escrevo e não duvidem de minha existência. Porque se duvidam, logo existo! E cada vez mais forte.


Preciso parar porque posso ter uma recaída na minha prolixidade doentia. Mas, quem mandou deixar o twitter? Era um bom remédio, mas, não me adaptei. Mas. ,eis leitores gostam de ler, graças a Deus. (LP)