Sairemos agora do papel higiênico, mas, as coisas sobre o
socialismo não param de feder como vocês verão.
“18.
A mais grave
consequência da quebra do sistema produtivo é a fome. Sem possibilidade de
lucro na produção de alimentos, os países comunistas e suas fazendas coletivas
abrigaram as maiores crises de fome do século 20. Foram entre 10 milhões e 30
milhões de mortos em apenas três anos na China (entre 1958 e 1961), 5 milhões
de mortos na União Soviética de Lênin entre 1921 e 1922, cerca de 3 milhões na
Coreia do Norte entre 1995 e 1999, 2 milhões no Camboja entre 1975 e 1979, 400
mil da Etiópia governada sob influência da KGB. Na Ucrânia, entre 1932 e 1933,
a fome foi planejada e aprovada por Stálin, que pretendia punir os rebeldes
camponeses ucranianos. Sete milhões de pessoas morreram - mais que os judeus sob Hitler e num período
menor. A falta de comida levou os líderes comunistas a inventar as histórias
mais criativas para explicá-la. Na União Soviética, o governo dizia que
terroristas trotskistas matavam cavalos, sabotavam colheitas e fábricas de
tratores. O escritor George Orwell captou muito bem esse padrão no livro A
Revolução dos Bichos: a queda da colheita de trigo foi explicada pela sabotagem
de um porco dissidente, que teria jogado joio nas plantações. Apesar de o livro
de Orwell falar sobre o stalinismo, acabou prevendo táticas similares de outros
regimes. Em Cuba, além da velha história do embargo americano, Fidel Castro
chegou a atribuir a tragédia na colheita de batatas aos Estados Unidos, que
teriam jogado, de avião, larvas para infectar as plantações. Uma equipe
internacional investigou o caso e concluiu que era uma completa bobagem, claro.
Apesar disso, a ladainha dos vermes nas batatas ainda faz sucesso: está no
livro Os Últimos Soldados da Guerra Fria, de Fernando Morais.”
Continuemos....
“19.
Ao arranjar culpados
para as crises de fome, nenhum líder comunista foi tão criativo quanto o chinês
Mao Tsé-tung. Em 1958, ele concluiu que o motivo da falta de comida eram quatro
pestes que infestavam as plantações: ratos, mosquitos, moscas e pardais. Estes
últimos eram os grandes inimigos de Mao, pois não só atacavam plantações como
armazéns e árvores frutíferas. A solução, implantar uma força-tarefa, a Grande
Matança de Pardais. Os chineses foram obrigados a destruir ninhos e ovos de
pardais e a bater panelas, sacudir vassouras e pedaços de madeira 24 horas por
dia para evitar que os pássaros pousassem, e assim eles foram levados à morte
por cansaço. Parece insano, mas deu certo – ou melhor, deu tudo errado. Os
pardais foram eliminados da China. Só que, como eles ajudavam a comer insetos
que atacavam as plantações, a matança acabou gerando um desequilíbrio ainda
pior. O jeito foi chamar os pássaros de volta. Anos depois, numa ação secreta,
os chineses importaram 200 mil pardais da União Soviética. Nem o ditador da
Coreia do Norte da época, Kim IL-sung, caiu na história da peste desses
pássaros. Mao recomendou a ele a matança dos pardais. O coreano deu um curtir
na proposta, mas logo a ignorou.”
Parece brincadeira, mas, não é. É história. E por aqui pelo
Brasil se enche a boca para falar de socialismo, sem nem ter pena dos pardais.
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