“14.
Nem mesmo Kruschev
ficou bem nessa história. Durante o Grande Terror, ele não só cumpria as cotas
de mortos estabelecidas por Stálin como ia além delas. Em julho de 1937, o
governo estabeleceu que 72.950 pessoas deveriam ser mortas e 259.450 levadas a
campos de trabalho forçado. Kruschev, líder da burocracia soviética nessa
época, era responsável por uma cota de 50 mim funcionários mortor. Matou
55.741. (Por coincidência, detalhes sobre essa e outras matanças desapareceram
dos arquivos soviéticos pouco antes de Kruschev revelar ao mundo os crimes de
Stálin).”
Eficiência assim eu só vejo no Minha Casa Minha Vida, cujas
casas já estão caindo pelos pedaços e uma boa parte já foi invadida ou
saqueada. Cruzes!
“15.
Se você fosse um
produtor de arroz, fabricante de carros ou um costureiro, o que faria se um
inspetor do governo de repente o informasse que, daquele dia em diante, sua
empresa pertenceria ao governo, mas que você deveria continuar trabalhando, e
ainda o ameaçasse de prisão se você escondesse parte das mercadorias? Não é
difícil prever que as pessoas se empenhariam menos na produção, afinal a
recompensa não mudaria caso fabricassem 30 quilos ou uma tonelada. É por causa
dessa falta de incentivo que todos, exatamente todos os regimes comunistas
resultaram em quedas da colheita, prateleiras vazias, falta de produtos
básicos, atrasos em serviços, cartões de racionamento e promessas do governo
dizendo que o desabastecimento iria acabar em breve. Essa carestia gerou uma
abundância – de piadas. Como a do homem que vai comprar um carro numa loja em
Moscou e, depois de pagar o combinado, pergunta ao vendedor quando receberá o
automóvel. O vendedor consulta suas listas e informa que será um dia dali a dez
anos. O comprador pensa um pouco e replica:
- De manhã ou à tarde?
- Que diferença faz?
Pergunta o vendedor estupefato.
- É que o encanador
marcou de aparecer pela manhã.”
Não sei por que eu lembrei da história do papel higiênico na
Venezuela. Dizem que sumiu do mercado. O governo diz que é culpa dos americanos
que querem ver seus patrícios de bunda suja. Mas, veja a seguinte razão, que é
relacionada com o tema mas envolve outro conhecido país, que agora só produz
médicos para exportação:
“16.
Outra consequência
embaraçosa dos racionamentos é a falta de papel higiênico. Sem ele, a saída
mais comum dos cidadãos é improvisar cm papéis que não faltam no mundo comunista:
jornais estatais. Os cubanos usam as páginas do Granma – mais macias e com
menos tinta que o jornal Trabajadores. E fazem piadas com o problema:
- O que é mais útil, a
televisão ou o jornal?
- O jornal, claro.
Você não pode limpar-se na televisão.”
Devido a necessidade de esgotar o tema, aqui vai mais outra
razão, envolvendo o próprio berço do socialismo real:
“17
Nas prisões da NKVD em
Moscou, a falta de papel higiênico reverteu-se num pequeno benefício aos pobres
prisioneiros. Os guardas davam a eles folhas de livros que haviam sido
apreendidos pela polícia – o que incluía quase toda a literatura pré-soviética,
até mesmo Dostoiévski. Ao acertar as contas com a natureza, o preso poderia
passar o tempo lendo obras subversivas, tornando assim a visita ao banheiro uma
importante forma de adquirir conhecimento. As obras que rendiam cadeia por todo
o país estavam disponíveis somente justamente na cadeia. No fim das contas, a
cultura adquirida não ajudaria em muita coisa, já que poucos prisioneiros
sairiam vivos dali.”
Coisas do socialismo!
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