Mesmo que o filme Lincoln não tenha ganho o Oscar eu preciso
vê-lo. Agora mais do que nunca. E vou aporrinhar o velho para pagar uma nova
entrada inteira este fim de semana para vê-lo.
É que esta semana o filme ganhou uma nova abordagem, pois o
livro que lhe deu base, que também não li, foi lido por, pasmem, o
ex-apedeuta-mor, o Lula. Ele confessa, no encontro do PT, que agora se tornou
masoquista e tem lido muito ultimamente. Para quem comparava ler a exercício
físico num esteira, já seria um avanço. Mas, deve ser para espiar os pecados e
a culpa pelo mensalão.
O inusitado é a leitura de um livro pelo Lula, e o esperado
é ele se comparar ao Lincoln, e, pasmem, tentando associar a luta pela emenda à
constituição americana, que aboliu a escravidão, com as falcatruas do mensalão.
Óbvio que pessoas com algum neurônio a mais do que o
solitário da Dilma reagiram a isto. Enquanto eu não assisto ao filme para
comentar com luz própria, mesmo sem me considerar um poste, onde as pessoas
vivem metendo a mão no meu interruptor, como Lula faz com a presidenta, eu só
posso citar textos inteligentes que tentam desmistificar a ideia da comparação
entre o conterrâneo de Rafael Brasil, do Zezinho e do Hadriel, com o presidente americano, e começo pelo belo
texto que li no blog deste último (aqui).
Transcrevo:
“Lula e a comparação
com Lincoln!
O Ninefingers (Lula, o
nove-dedos!) voltou a atacar e desta vez ousou se comparar ao ex-presidente
americano Abraham Lincoln, que governou os EUA na época da Guerra de Secessão.
É muita ousadia de Lula. O cara que foi endeusado com títulos honoris causa sem
sequer ser genuinamente alfabetizado se disse perseguido pela imprensa, tal
qual Lincoln. Mas talvez eles possuam algumas semelhanças e diferenças:
- Ambos compraram
votos para aprovar emendas;
- Os dois aparelharam
o governo e conseguiram suas ''boquinhas'' para seus aliados;
- Ambos vieram de
origem humilde;
- Lincoln, após ser
lenhador, tornou-se advogado; Lula, em 95% dos casos mostrou-se equivocado;
- Lincoln sempre
''soube'', Lula diz não saber de nada;
- O filho de Lincoln
foi para a guerra; o de Lula trocou a portaria do zoológico pelas altas cifras
da Telemar;
- Lincoln ''consumia''
livros; Lula cochila ao pegar um (palavras do próprio!);
- Lincoln libertou
escravos; Lula tornou pelegos os jornalistas;
- Lincoln (Partido
Republicano) era um destemido democrata; Lula é um petista, e por aí vai.
Pessoalmente, acredito
que Lula parece-se mais com o ex-presidente Ulisses Grant, em cujo governo a
corrupção campeiou e lhe custou até um processo de impeachment. Ou talvez James
Buchanan, um político pipoqueiro e omisso, que tomara decisões erradas em
demasia em detrimento de algumas poucas certas. Também serve o plantador de
amendoim da Geórgia, o bajulador de ditadores Jimmy Carter, um homem fraco e
mal-intencionado.
O FHC, dia desses,
disse que o Lula tem algum tipo de distúrbio psíquico que o leva a agir de
forma psicótica em determinados momentos, apresentando traumas e distúrbios de
ego, bem como manias de perseguição. Daí ele parecer um disco arranhado ao
demonizar os governos tucanos e inflar os seus parcos feitos. Fui pesquisar o
que é psicose. Eis a definição acadêmica:
Psicose é um quadro
psicopatológico clássico, reconhecido pela psiquiatria, pela psicologia clínica
e pela psicanálise como um estado psíquico no qual se verifica certa “perda de
contato com a realidade”. Nos períodos de crises mais intensas podem ocorrer
(variando de caso a caso) alucinações ou delírios, desorganização psíquica que
inclua pensamento desorganizado e/ou paranóide, acentuada inquietude
psicomotora, sensações de angústia intensa e opressão, e insônia severa. Tal é
frequentemente acompanhado por uma falta de “crítica” ou de “insight” que se
traduz numa incapacidade de reconhecer o carácter estranho ou bizarro do
comportamento.
Perceberam alguém que
se encaixa perfeitamente nesta definição? Sutil!”
Desculpa Hadriel por não colocar as letras vermelhas que
você coloca e que dão mais vida ao artigo, mas, seria uma desfeita com meu neto
e eu não teria com explicar a ele as cores do Sport em meu blog. Mas, foi um
belo texto.
Li também outro texto, que não citarei extensivamente pois
quase não cheguei a final de tão grande, do Reinaldo Azevedo onde diz, entre
outras coisas (aqui):
“....
Lula já declarou que
detesta ler. Não conseguiu enfrentar sem dormir, segundo confessou, um romance
curtinho de Chico Buarque. Faz sentido. Terá encarado a pedreira de “Lincoln”?
Talvez tenha assistido ao filme de Steven Spielberg, de uma chatice que chega a
ser comovente!!!, e olhem lá… O vocabulário a que recorreu me faz supor que
andou mesmo é lendo briefing de assessoria. Há anos, muitos anos mesmo!,
divirto-me identificando dedicação metódica nas bobagens que diz. Em muitos
aspectos, Lula é a personagem mais “fake” da política brasileira. Todas as
coisas estúpidas que solta ao vento nascem de um cálculo.
...
O Babalorixá de
Banânia comparou-se a Lincoln — a
exemplo do que se deu com Cristo, ele também dispensa a parte sacrificial… — no
suposto tratamento que a imprensa dispensaria a ambos. Besteira! Parte da
imprensa americana apoiava Lincoln, parte não. A geografia da guerra civil, é
evidente, pautava em boa medida críticas e elogios. Uma coisa é certa: jamais
ocorreu ao presidente americano tentar censurá-la, como fez Lula no Brasil mais
de uma vez. Até porque não conseguiria. Estava empenhado na aprovação da 13ª
Emenda, a que proíbe a escravidão nos EUA, mas subordinado à Primeira Emenda, a
que impede a censura do Estado. O Congresso não pode nem mesmo legislar a
respeito de limites à liberdade de expressão.
A alusão a Lincoln, de
fato, remete a outra coisa, bem mais dolosa do ponto de vista intelectual,
ético, moral, político e histórico. A relação de Lula e dos petistas com o
mensalão passou por diversas fases. Houve a primeira, a da admissão do erro,
com pedido de desculpas. Durou pouco. Veio em seguida a acusação de “golpe das
elites”, forjada por um oximoro reluzente: “intelectuais petistas”. Depois,
chegou a da negação: “O mensalão nunca existiu”. E agora estamos diante da
quarta, e é neste ponto que Lula decidiu pegar carona na vida de Lincoln: os
crimes dos mensaleiros teriam sido atos heroicos.
...
Lincoln tinha em mente
um país, e não foi sem grande sofrimento pessoal — até o sacrifício final — que
levou adiante o seu intento. Estava, efetivamente, consolidando uma república
federativa. O mensalão, ao contrário, os fatos falam de forma eloquente, foi
uma tentativa de golpear as instituições e de transformar a compra de votos
numa rotina. Estava em curso a formação de um Congresso paralelo e de uma
República das sombras.
Não deixa de ser
interessante que Lula tenha feito esse discurso asqueroso na CUT. Não se
esqueçam de que, nas lambanças do mensalão, ficamos sabendo que a turma queria
usar a central sindical para criar um… banco dos companheiros! Eis o nosso
Lincoln! Aquele atuou para pôr fim à vergonha da escravidão. O nosso, para criar
um modelo que eternizasse o seu partido no poder.
Lula deveria, no
mínimo, ficar de boca fechada.”
Eu tenho que ver este filme e talvez até ler o livro, mas,
ao contrário do Lula, com prazer, e não para mostrar cultura em reunião de
sindicato de mensaleiros (ia dizer outro nome, mas refreio meus instintos, em
homenagem ao nosso Papa renunciante).