Por Mary Zaidan (*)
Dilma Rousseff é a presidente com o maior índice de
aprovação que o País já teve. É alguém que obedece tão fielmente às instruções
de seu marqueteiro que tem coragem de, sem qualquer constrangimento, bater no
peito e anunciar a data do fim da miséria. É “o poste que está iluminando o
Brasil”, como disse Lula ao lançá-la candidata à reeleição na festa dos 33 anos
do PT e do decênio do partido no poder.
Então, por que Lula e o PT andam tão aflitos? Por que gastar
quase dois anos de um mandato seguro, popularíssimo, para tentar garantir o
próximo?
Com o batido discurso do "nós x eles", em que o
eles é Fernando Henrique Cardoso, a mídia golpista, os que não suportam um
operário ter chegado ao poder e toda essa ladainha, Lula consegue trazer o
debate para o seu campo de conforto.
É certo que Lula anda menos falante. Tem preferido palcos
sob medida, com claque garantida, sem chance de ser questionado sobre a sua
auxiliar Rose-tudo-pode ou sobre as denúncias de Marco Valério de que o
ex-presidente teria usufruído de dinheiro do mensalão.
De jornalistas não oficiais, quer distância.
Ainda assim, se mantém no topo do noticiário, como o grande
articulador, o imbatível. Aquele que conseguirá, mais uma vez, trazer a vitória
das urnas.
As chances são grandes.
Mas, ao contrário do que Lula quer fazer crer, sua preocupação
do momento não é o governador do Pernambuco Eduardo Campos (PSB), muito menos o
senador tucano Aécio Neves (MG). Eles só vão incomodar se a economia - que já
patina - piorar. Aí, Aécio pode crescer e Campos torna-se realmente um perigo.
Ao insistir no lengalenga populista, no “nunca antes neste
País”, Lula redirecionou e personalizou o debate. É ele x FHC. É ele x Campos.
É ele x qualquer um.
Com isso, divide as atenções, dá um refresco nas críticas
mais afiadas contra ele, seu governo, sua pupila e os seus.
Substitui as manchetes sobre a inflação, que começa a
corroer os ganhos dos mais pobres. Tira o fiasco da Petrobrás das primeiras
páginas. E com sua fala de efeito, ocupa todos os espaços com articulações
mirabolantes – como a de oferecer a candidatura ao governo de São Paulo a
Michel Temer (PMDB) e a vaga de vice a Campos.
Safo como ele só, Lula é capaz até de culpar a oposição pela
incompetência do poste que escolheu para a cadeira do Planalto. De atribuir os
reveses da economia à elite, a mesma que lhe garantiu e lhe assegura o trono.
Há tempos reservou para si o papel da luz.
Joga ciente de que, se ao fim e ao cabo a economia
fraquejar, será ele, Lula, o ungido. Não dá para saber quem torce mais para
esse curto-circuito: se o PT ou Lula. Ou ambos.
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(*) Publicado no Blog do Noblat em 24.02.2013. Eu hoje li no
blog do meu correligionário, no nosso PLP (Partido da Lucinha Peixoto), o Rafael
Brasil, sua explicação para a entrada de
Ciro (que o conterrâneo do Rafael o Zezinho chama de Ciro Boca Suja) na briga
presidencial, não como possível candidato, mas, como coadjuvante do Lula e do PT. Lá
ele remete às suas postagens anteriores apenas com o título: “Eu não disse?” Mesmo se Rafael não disse
o que a Mary Zaidan diz acima, junto com toda a torcida do Flamengo de
jornalistas e blogueiros, sobre o que o Lula pretendia e parece estar
conseguindo: Antecipar o debate eleitoral em proveito próprio. E isto é o ponto
chave do texto da Mary e indiretamente do do Rafael. Este meu comentário passa um pouco ao largo.
Eu hoje, bem cedinho estava vendo a última aparição do Bento
XVI lá no Vaticano. Como todos sabem sou católica e adorei os últimos papas,
por eles terem colocado um freio nos padres de passeata, sem tirar a missão
social e política que a Igreja deve ter para melhorar a vida das pessoas.
Muitas reformas ainda estão por serem feitas, e os últimos escândalos
certamente contribuirão para que o próximo papa as lidere. E espero em Deus que
elas não patinem como patinaram por 10 anos as reformas no Brasil, com o
governo petista.
Voltando ao Lula, eu já ando tão impressionada com a
antecipação do debate eleitoral no Brasil, que esperei que o Papa, em sua
última audiência pública dissesse o seguinte:
“Caros amigos do
Brasil.
Eu já soube que os
próximos candidatos a presidente do Brasil são o FHC e o Lula. Peço-lhes que
reflitam bem, façam o que lhes peço para o bem de seu país. Não vote em nenhum
dos dois. Os dois deveriam vir ficar comigo aqui no Vaticano onde morarei
depois de minha renúncia, e nunca mais meterem o bedelho em política. O
primeiro porque já é da minha idade e já está um pouco esquecido, como eu. E o
segundo porque está enredado até o pescoço com falcatruas e amantes. A senhora
que está no poder, e que tem mais popularidade do que eu, foi retirada da
disputa porque não sabia rezar nem o Pai Nosso. Outros pretendentes, até agora,
não dizem a que vieram. Seria ótimo que o próximo presidente do Brasil fosse um
italiano, mas, não me atrevo a sugerir o Cesare Battisti. Portanto, caros
irmãos e irmãs, esperem um pouco para tomar sua decisão. In nomine Patris, et
Filli et Spititus Sancti.”
É claro ele não disse nada disto, apesar de haver sempre um
lulo/petista em qualquer canto querendo abrir o debate sobre a sucessão. Eu
penso que o Coronel Eduardo deveria enfrentar o caso dos precatórios, e seu passado, que será destrinchado em
pedaços miúdos pelo PT, somente para levar a disputa para um segundo turno. Se
isto acontecer eu voto nele, se não aparecer um melhor do que os até agora
apresentados, que deixe a Dilma de fora. Afinal, como diz o Zezinho, o Eduardo,
de socialista, só tem as penas. (LP)
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