segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Rede lançada. E agora?





Por Ateneia Feijó (*)

Nem oposição, nem situação. Centro volver?  Não. Então que diabos de posição? A própria. Se preferir, leia “in-de-pen-den-te”. Qual é o jogo? Por enquanto apenas o lançamento da Rede Sustentabilidade, sábado passado, pela ex-senadora Marina Silva.

Que até tem uma carinha de pescadora. Mas, na sua biografia, o retrato é de uma estudiosa formada em História, também autodidata compulsiva, com um enredo de vida extraordinário. Mesmo assim, muita gente (por preguiça ou preconceito) a considera uma coitada ingênua; que não fala “coisa com coisa”.

Outras pessoas, para quem suas palavras fazem sentido, julgam Marina espertíssima. Ou uma idealista capaz de semear reflexões pertinentes. Principalmente porque a Rede não pretende ser um partido apenas para disputar eleição. Entre suas pretensões, a transformação dos eleitores, que passariam de espectadores a protagonistas da política.

O objetivo, no caso, seria dispersar as manadas partidárias. Para quê? Para “enredar” cabeças criativas. Juntá-las, sem inibir sua capacidade individual de pensar, a fim de mudar crenças, atitudes e sistemas superados para a civilidade de uma cidade, o desenvolvimento real de um país, a pacificação do mundo e a sustentabilidade do planeta.

Utopia? Talvez o Brasil esteja precisando... Até porque, numa democracia, podem existir vários tipos de jogos políticos desde que as regras de cada um sejam claras e respeitadas.

Por falar em jogo, uma das cobranças mais comuns a Marina é por sua insistência em subir no muro. Interpretada como covardia em revelar de que lado está: contra ou a favor do governo.

Pudera, em uma nação polarizada, a maior torcida acaba sendo para a luta entre inimigos desesperados. Um para tomar o poder, o outro para preservá-lo.

Não, não se pode negar que Marina gosta de paisagem. Ela sobe destemidamente no muro para enxergar mais longe, vislumbrar novos horizontes. Perceber melhor a direção dos ventos, a intensidade dos raios solares, o movimento das ondas.

E se expor...

Mesmo sabendo que vai se tornar alvo de pedradas vindas dos dois lados. Quer saber? A ex-senadora do Acre é muito corajosa.

Tomara que a Rede Sustentabilidade sirva para ajudar a juventude brasileira a encontrar uma forma de praticar política com dignidade (esta palavra ainda existe?). É cedo para discutir nomes para as próximas eleições, mas já está na hora de debater o que se deseja daqui por diante.

Afinal, tem muita gente neste país observando o clima político de cima do muro.

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(*) Publicado no Blog do Noblat em 19.02.2013. Eu sempre digo que a Ateneia vai ao ponto, mas, desta vez, penso  ela ficou também em cima do muro, como eu estou quanto à REDE de Marina. Eu ainda penso que ela está muito parecida com uma rede de defunto, e, com este texto da brilhante jornalista, acredito que ela está estendida entre dois muros.

A Marina foi do PT, tentou se curar, foi para os “verdes”, não deu certo e agora flerta com várias cores. Será que dará certo. Penso que “onde foi casa é tapera” e seu objetivo é chegar ao poder, se possível, a presidência da república. O grande problema que vejo neste seu objetivo, vendo sua rede balançar, é que não há nada nela ainda que me chame para entrar nela já em 2014.

Talvez a motivação de mudar a forma de nossos meninos verem a política no futuro seja um objetivo respeitável, mas, cada vez que leio mais, o que está dentro da REDE nada mais é do que um projeto de poder coberto pelas suas franjas, onde vi duas letrinha quase apagadas: PT.

Já tem muita gente, que ao primeiro balanço da REDE, já embarcou nela, como o Guerrilheiro da Sete Colinas de Garanhuns. Eu apenas torço para que ele não fique logo nauseado com os balanços que virão, quando num segundo turno a Marina, se lá não estiver a se balançar, dê outra vez a vitória a Dilma, como se fosse um jogo combinado como em 2010. Todos sabemos ela fez a diferença naquele momento. Eu confesso, que torci muito pelo seu apoio a Serra, e penso que hoje estaríamos melhor.

Hoje temos outra realidade, que é o Aécio, que como bom mineiro adora fumar um cigarro de palha e ficar vendo o tempo passar, e se for deitado numa rede melhor ainda. O Coronel Eduardo que parece não engole mais o PT, pode se apresentar. Eu confesso que dou um no outro e não quero torna. Mas, vamos dar tempo ao tempo. Neste caso eu acompanho meu amigo Zé Carlos lá em cima do muro, agora junto com Ateneia, com rede ou sem rede. (LP)

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