segunda-feira, 18 de junho de 2012

O PARAÍSO DAS NOVELAS





Eu não estou escrevendo muito, embora continue percorrendo os sites e blogs que eu acho que são bons. Nestas andanças encontrei no Blog do Roberto Almeida (original aqui), no dia 06 próximo passado a seguinte postagem:

O PARAÍSO DAS NOVELAS

A TV Globo exibe 4 ou 5 novelas por dia. Acha pouco. Se alguém liga o televisor pela manhã, dá de cara com Ana Maria Braga entrevistando atores e falando sobre novela. O tal de Vídeo show é na verdade o Vídeo folhetim. O Faustão quase todo domingo está abrindo espaço para as estrelas dos tele dramas globais, sem falar que o Fantástico também sempre traz alguma reportagem discutindo algum tema "importante" levantado pela novelinha do momento.

As novelas da emissora dos Marinho têm bom nível técnico e podem ser vistas para relaxar, até porque não exigem nenhum esforço de inteligência. Agora, esse abuso, essa "overdose de novela" é um absurdo, um despropósito. A Globo substitui a realidade pela ficção, apostando na imbecilização do povo brasileiro.”

A ela eu fiz o seguinte comentário, que foi gentilmente publicado pelo Roberto, mesmo com nossas discordâncias sobre o tema. Leio o comentário e eu volto ao tema logo após:

“Eu já sabia que o Roberto era um noveleiro global há muito tempo. Eu sou noveleira desde as novelas de rádio. E para quem gosta de novelas como nós, não temos alternativa. Nesse gênero a Globo é imbatível por muito tempo. E, como defendo, a telenovela já subiu ao patamar de arte popular, pelo menos na Globo.

Dizer que a Globo está imbecilizando o povo porque faz da ficção uma prioridade e que isto “imbeciliza”  o povo é a mesma coisa que dizer serem as manifestações e folguedos populares também são imbecilizadores, porque no carnaval homem se veste de mulher ou no natal colocamos neve em pé de mandacaru.

Meu caro Roberto, eu reconheço que é difícil de deixar de ver a Avenida Brasil, e encarar aquela ficção de Brasil, como se aqui neste país estivesse cheio de bandidos como naquela novela. Mas, quando ficar muito arreliado com isto, faça como 2% dos telespectadores: saia da Avenida Brasil e vá para o Programa do Ratinho, principalmente, se o Lula estiver lá falando aquelas verdades categóricas que fogem totalmente da ficção e mostram nossa realidade nua e crua. Me engana que eu gosto.

Lucinha Peixoto (Blog da Lucinha Peixoto)”

Esta volta ao tema é apenas para desenvolver o raciocínio que fiz no comentário, sobre a comparação entre a TV Globo e outros meios de comunicação e expressão.

No comentário, coloquei e continuo defendendo que a tele novela é uma forma de arte popular que foi levada ao requinte pela TV Globo. Isto é um elogio, e, também, apenas uma constatação pelos níveis de audiência e pela ênfase que tem sido dada a este gênero pela emissora. Num país onde homem não pode ser bailarino porque isto é coisa de mulher, ou não faz exame de próstata porque isto é coisa de “baitola”, o Roberto dizer que as novelas ajudam a relaxar já é um avanço enorme.

Embora eu não concorde que a Globo só é novela, como tentou insinuar o Roberto, eu defendo sua ampliação como gênero cultural, com tudo que há de bom e ruim nisto. A cultura de um povo é sua forma de expressão mais legítima e não pode ficar presa e congelada ao passado. Ela tem que ser atualizada pelo lado tecnológico também para cumprir o seu papel de motivar o povo em sua saga na luta pela sobrevivência.

Quando rememoramos os pastoris de outrora, quem não sente saudade daquela simplicidade com que eram apresentados o folguedo, com suas músicas simples e quase sem os aparelhos modernos de som? Quem não se lembra das quadrilhas de ponta de rua das quais cheguei a participar em Bom Conselho e mesmo aqui no Sítio da Trindade? Mas hoje isto não seria possível com a parafernália eletrônica que nos rodeia, e , principalmente, pelas mudanças sociais.

O mesmo ocorre com a arte popular em geral e em particular com as teles novelas. Elas estão cada dia num nível melhor de produção, e hoje, o Brasil pode até prescindir dos reisados, pastoris, quadrilhas, bumbas-meu-boi, etc. mas, seria difícil tirar as novelas do povo. E pelos índices de audiência, eles preferem as da Globo, igual a mim que já sou povo e da classe C mesmo antes do Lula.

Dizer que as novelas tentam imbecilizar o povo é tão verdadeiro quanto dizer que qualquer manifestação cultural o faz. Neste sentido todos somos imbecis. Desde que o mundo é mundo, a realidade não é algo tão bonito de se ver como parece, e, ao tentar viver com ela, o ser humano necessita de seus contrapesos, e uma das formas é a ficção e entre elas está a arte, tanto erudita quanto popular. E a novela, que tenho certeza, é o gênero de arte mais apreciado pelo ex-apedeuta-mor, o Lula, pois ele nunca gostou de ler, ainda é uma boa opção.

Eu penso que a postagem do Roberto foi mais uma de suas implicações com a rede Globo, igual ao que ele tem também com a revista Veja. No entanto, dentro de minha ótica, eu ainda penso que o Lula não escolheu o Ratinho só por causa das trocas de rabadas entre eles (Lula comeu rabada na casa do Ratinho e Ratinho comeu rabada na Granja do torto, lembram?), mas sim porque ele sabia que se fosse entrevistado pelo Louro José, ele não poderia levar o Haddad a tiracolo, praticando um crime eleitoral.

Agora tenho que parar porque está na hora de Cheias de Charme. Aliás, vejam o poder da Globo fazendo uma pesquisa sobre o clip Vida de Empreguete na internet, nos rádios e noutros meios de comunicação. Pelo menos a Vilma, minha faxineira, que chegou aqui em casa cantarolando a música, não me pareceu imbecilizada, da mesma forma que no passado alguma empregada chegasse em seu trabalho cantando Xote da Meninas. Mudou o tempo ou mudamos nós? 

P.S.: Este texto foi escrito antes, mas, diante de coisas da vida só hoje o publicou. Pensou que não ficou fora de época nem caducou. Fico devendo o clip das empreguetes que agora não encontro. Depois eu pago.

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