quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O Crô e a Dilma fazem uma Fina Estampa




Eu li ontem uma postagem do Reinaldo Azevedo em seu blog da qual ri muito. Não porque é ruim ou porque ele coloca a questão do aborto como qualquer católico tradicional e fundamentalista, o que não sou, pois, defendo, que, em certos casos não há como não praticá-lo diante do mal pior.

Eu ri foi porque ele transforma a Dilma em Tereza Cristina da novela Fina Estampa, e coloca a imprensa servil como o Crodoaldo Valério, o gay que ama a Soberana das Terras Férteis, mais do que o Lupi amava a presidenta. O seu texto chama-se: “A imprensa brasileira virou o “Crodoaldo Valério” da Dilma, a “Venturosa do São Francisco””

Para quem não vê novelas da Globo é muito difícil explicar do que se trata, mas eu faço um pequeno resumo para ajudá-los a rir, como eu, enquanto lêem. Se forem completamente contra ao gênero artístico/literário/popular do século XX e do atual, então nem continuem a ler pois nada entenderão.

Para estes eu digo apenas que o que ele quer dizer é que a Dilma age como se não tivesse nada a ver com os anos que antecederam o seu reinado. Ela age como se não tivesse culpa nenhuma do que acontece com a infraestrutura brasileira nos últimos 9 anos. E parece que tudo é novo e ela apenas olhava de longe o Lula fazer besteiras, como a que ela visitou ontem em Pernambuco, na chamada transposição do Rio São Francisco.

Voltemos a explicar o Crodoaldo, ou o Crô para os íntimos da novela do pernambucano Aguinaldo, que não é o Aguinaldinho da Paraíba, o novo ministro das cidades.

O Crô é um dos seus personagens interessantes e que talvez seja uma projeção do autor, pelo menos em relação à tendência sexual. Ele é apaixonado pela patroa, a malvada Tereza Cristina e a entende e apoia em todos seus momentos, chamando-a dos adjetivos mais pomposos que ele conhece, como Rainha do Nilo, Neferti das Areais Mornas, Soberana das Terras Férteis, etc. Enquanto ela o humilha e dele debocha pela sua subserviência.

Com este intróito talvez fique melhor para seguir o artigo do Reinaldo, já descobrindo porque a imprensa muitas vezes age como o Crô em relação à Dilma, que dizem, comete tantas maldades com os que a rodeiam tanto quanto a Tereza Cristina o faz. Eu sei que nenhuma analogia é perfeita, mas que esta chega perto da perfeição, isto é verdade.

Há um tipo de público que hoje louva a Dilma pelos rompantes em relação aos ministros demissionários e agora está crescendo aquele que vê nas cobranças que ela está fazendo, como prometeu fazer aos subordinados no São Francisco, como se eles não fossem seus subordinados durante anos e anos.

Pelo que vi da fala do Fernando Henrique e dos salamaleques do Aécio em relação ao governo Dilma, meu Deus me perdoe se eu minto, mas eu penso que quem vai dançar é o Lula. O que não seria mau, diga-se de passagem. Mas fiquem com o Reinaldo, Crô, Tereza Cristina e Dilma.

“É realmente espantoso! Vive-se um momento único de imbecilidade e imbecilização da política. Dilma Rousseff, a presidente da República, foi transformada em ombudsman do próprio governo. A peça de humor da hora diz respeito às obras de transposição do São Francisco, que estão atrasadas — em muitos trechos,  paradas mesmo.

No governo Lula, essa área estava sob o supergerenciamento da supergerente superpoderosa Dilma Rousseff, a “Venturosa do São Francisco”, assim como estavam  os aeroportos. Era a “Pitonisa de Cumbica” que cuidava de tudo. Com os resultados conhecidos. Pois bem.

Conforme vocês podem ler em trecho de uma reportagem do Portal G1, no post anterior (aqui), a “Fabulosa de Brasília” foi visitar as obras. E mandou brasa:

“Agora, nós queremos resultado. Nós negociamos, nós resolvemos os problemas técnicos que haviam, e agora queremos resultado e isso será cobrado. Eu cobro do ministro, o ministro cobra dos funcionários do Ministério da Integração, e nós todos vamos cobrar daqueles que estão executando as obras em parceria conosco, que são as empresas privadas e o Exército”.

Ela deve ter dito “haviam” mesmo… Não tenho motivo nenhum para duvidar. Notem que ela transforma o governo num simples cliente que contratou o marceneiro ou o pedreiro, e estes, para não variar, atrasaram a obra. Ela mesma não tem nada com isso. Como também não tem com os sete ministros demitidos sob suspeita de corrupção. Dilma, a “Suprema do Planalto”, é só aquela que demite — nem parece que foi ela quem nomeou…

Compra-se tranqüilamente a versão de que Dilma é uma chefe durona, que põe a máquina pra funcionar. Põe? Só em creches, ela ficou devendo, no ano passado, quase 1.700 das 6 mil prometidas até 2014. Não entregou nenhuma até agora! Mas isso também não é com ela… Sabem como é a máquina, né?

Eu poderia sugerir que alguma reminiscência da escravidão transformou Lula no nosso nhonhô e Dilma na nossa Iaiá, mas acho que seria pura sociologice tomando o lugar da política. Estamos mesmo diante de uma versão carnavalizada, tropical e despotencializada do velho culto à personalidade, típico dos fascismos e do comunismo. Afinal, eles são os “companheiros” que zelam por nós. Se governantes de outros partidos não cumprem o que prometem, são incompetentes ou falastrões, e um monte de ONGs e movimentos sociais petistas vão ficar pegando no seu pé e pautando a imprensa — não é Oded Grajew? Quando isso se dá no governo de um companheiro, a culpa só pode ser de terceiros:  das empresas privadas, do Exército, do FHC, dos “503 anos de colonização” (como sabem, o Brasil só se tornou independente no dia 1º de janeiro de 2003).

Que coisa! O maior ativo político de Dilma são os sete demitidos sob suspeita de corrupção e a máquina emperrada, na qual ela pitos. Nada, em suma, prova mais as virtudes da “Magnífica do Jornalismo Adesista” do que a soma,  no governo, da incompetência com a corrupção.

Não é, Crodoaldo Valério?

PS - Há uma diferença entre o Crodoaldo, criado pelo competente Aguinaldo Silva, e esses setores da imprensa a que me refiro. A personagem soma à sua subserviência uma certa inocência infantil. Neste grupo de que falo, inocência não há.”

Um comentário:

  1. João Matias - Heliópolis9 de fevereiro de 2012 às 10:33

    Sou da cidade vizinha, que o governador está vestindo de dourado para o carnaval e prá eleição, mas sempre leio seu blog, que é dos melhores da região.
    A semelhança física do governador com o Crô e incrível, embora saibamos que eles não gostam da mesma fruta. Já a Dilma não parece com a vilã da novela, fisicamente, mas espiritualmente...

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