Por Maria Helena RR de Sousa (*)
É incrível, não é
Maria Helena, que as pessoas não sintam que a filosofia política em Niemeyer
tem tanta importância ante seu legado arquitetônico quanto o paletó puído de
Beethoven teve na 9ª Sinfonia. José do Carmo Rodrigues (Obra-Prima de
ontem)
Escrevo artigos para o Blog do Noblat desde agosto de 2005,
a convite de seu titular. E antes disso já era frequentadora assídua, a ler
artigos, crônicas, cartas, matérias, poesia, enfim, tudo que aqui era
publicado. E a comentar, o que era extremamente prazeroso. Pleno estouro do
mensalão, assunto era o que não faltava. Ou discussões.
Havia radicais de um lado e do outro. Às vezes isso parecia
arquibancada do Maracanã em dia de Flamengo x Vasco. Ninguém diria que eram
todos cidadãos do mesmo país que, em seu pleno juízo, deveriam estar unidos
contra os malfeitores. Palavra ainda a ser criada...
Parecíamos mais Alemanha e França disputando a Alsácia. Chegávamos
ao ponto do ridículo.
Mas os motivos eram ao menos nobres, quer dizer, os Lulas
juravam, como juram até hoje de pés juntos, que Luiz Inácio da Silva tirara o
Brasil da fome e da miséria, por isso merecia ser adorado, fizesse o que
fizesse. E como ele ainda por cima não fazia nada errado...
O radicalismo continua, mas sinto certo artificialismo na
galera, até porque os da oposição perderam a garra, já que não têm nem programa
nem nomes a quem defender.
Talvez seja por isso que, adrenalina acumulada e maus bofes
em níveis estratosféricos, a homenagem a Oscar Niemeyer tenha sido tisnada por
palavras e pensamentos absolutamente deploráveis! Li aqui coisas do arco da
velha, tipo:
que ele foi um benemérito que construía de graça para países
comunistas; que aqui só mamava do governo; que foi um traidor do Brasil pois
amava Cuba mais do que ao nosso país; que as curvas de suas obras não tinham
nada a ver com o corpo da mulher, mas com as cúpulas do Kremlin!
Lembrei-me de uma cena inesquecível presenciada por mim há
mais de 50 anos. Aqui no Rio, fronteira Ipanema/Leblon, havia um bom cinema, o
Astoria. Que naquela semana exibia o filme russo Quando voam as cegonhas.
Filme romântico, uma linda história que me fez chorar
baldes. Parênteses para explicar que antigamente ao fim da sessão as luzes se
acendiam, a grande maioria dos espectadores saía e a sessão seguinte levava um
bom tempinho para ser iniciada.
Eu saia com minha amiga quando ouvimos uma senhora dizer
para a outra: Mas que filme chato! E a outra: Pudera! Russo não entende nada de
amor!
Voltei-me para a dupla e ia recomendar-lhes que entrassem na
Casa Reis ao lado do cinema e comprassem Anna Karenina, mas ao olhar para o
semblante das duas, vi logo que seria inútil. De amor só entediam os musicais
americanos ou as novelas mexicanas, claro.
Zé do Carmo, tenho a impressão que aquelas senhoras do
Astoria hoje diriam: E Beethoven lá entendia de música, surdo e mal ajambrado?
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(*) Publicado no Blog do Noblat em 07.12.2012. O que a Maria
Helena quer dizer com este artigo é que “o hábito não faz o monge”. Quando a
aplicado a Oscar Niemeyer obviamente ela quer se referia sua condição de
comunista por tanto tempo. Não é bom falar do mortos ainda quentes, pois nossa
tendência é louvar os seu feitos, como medo que eles venham pegar no nosso pé.
Mas, a homenagem que ele teve em Brasília, por parte do governo, refletiu, em
grande parte esta condição.
O arquiteto era um homem admirável até em suas contradições.
Ao mesmo tempo que nos deixou uma obra fantástica na arquitetura, manteve sua
crença no comunismo mesmo diante de toda evidência empírica, que nos diz que o
sistema não é para humanos. Ele até admitia isto, mas gostaria que o homem se
transformasse. Neste ponto não era marxista, pois gostaria que isto fosse feito
no Brasil pulando sua etapa capitalista. Este é o erro fundamental dos partidos
que adotam um postura esquerdizante como o PT (embora, hoje, o PT está no limbo,
nem é direita, nem de esquerda, nem de centro, é apenas imoral). Coitado
Niemeyer, morreu acreditando nisto. Também, só conversava com o Fidel e com o
Dirceu.
Mas, o pior de tudo é que nem podemos dizer que ele não teve
tempo de perceber as mudanças no mundo. Se eu viver 104 anos, talvez, eu mude
minha maneira de ser e me torne comunista também, mas por enquanto, ainda
prefiro o capitalismo. Vamos ver.... (LP).
O COMUNISMO SEMPRE FOI E SERÁ O ÓPIO DE BOA PARTE DOS INTELECTUAIS. BEM ENTENDIDO: NA TEORIA, POIS NA PRÁTICA... QUE O DIGA OU A PROVA MAIOR É DO CASAL PIOLHO & LÊNDEA FORMADO PELA EMÍLIA E O MARLOS DUARTE QUE SAQUEARAM O DOM MOURA ATÉ UMAS "ZORA"!!!
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