sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Jobim, um novo Macunaíma?




Em minha caminha pelos blogs hoje me deparei com a seguinte postagem do Blog do Roberto Almeida:

“UMA ATITUDE POUCO DIGNA

O ministro da Defesa, Nélson Jobim (foto), tem se revelado para o Brasil inteiro como um homem de pouco caráter. Como é que uma pessoa que faz parte de um Governo faz questão de dizer à Imprensa do País que votou no candidato da Oposição? Logo em seguida, procura os holofotes para apontar núcleos da administração como “atrapalhados” e chama uma colega de “fraquinha”. Um homem de verdade entregaria o cargo e revelaria os motivos porque está saindo. Provocar a demissão dessa forma é uma atitude um tanto canalha.

NOTA: Pouco depois que escrevi esta nota o Estadão divulgou em seu Portal que a presidenta resolvera demitir o ministro.”

Eu me aprontei toda para comentar mas me refreei e pensei: Sei que este comentário, depois do que li sobre a demissão do Jobim (ontem já cantada no Mural da AGD pelo Zezinho) e suas peripécias falatórias, não vai caber no comentário, aí eu vou logo para o meu blog e satisfaço meu desejo primeiro de ouvir o som das teclas do computador. Até isto vicia.

Primeiro eu gostaria de citar um texto que já foi citado na AGD, da Lúcia Hipólito, que está mais por dentro do que nós nestes assuntos palacianos e que tem como título “Quem morre pela boca é peixe, não pavão”

“Alguém realmente acredita que o ministro Jobim disse o que disse sem pensar, inadvertidamente?
Só quem não o conhece.
Jobim e Dilma Rousseff nunca se bicaram. Nunca se entenderam. Não se suportam.
Mas Lula, sempre ele, pediu a Dilma que mantivesse Jobim no Ministério da Defesa, alegando que ele se dá bem com os militares, que o plano nacional de defesa estava bem encaminhado, que isso, que aquilo. Resultado: Jobim ficou no ministério.
Mas o ministro não queria ficar.
Comprou apartamento em São Paulo, queria sair do governo para, quem sabe, candidatar-se a um cargo no ano que vem, ou mesmo trabalhar com o amigo José Serra numa eventual prefeitura do amigo e padrinho — isso se Serra decidir ser candidato a prefeito em 2012.
Talvez candidato a vice de Serra em 2014.
O fato é que Jobim decidiu sair do governo. Mas não queria pedir demissão.
Se pedisse, Dilma se sentiria livre para nomear quem quisesse. E Aldo Rebelo (PCdoB)  já se assanhava para assumir a pasta.
Mas o PMDB considera que a pasta da Defesa é do partido. Para isso, Jobim precisava ser demitido por Dilma.
Daí a sequência infindável de grosserias, manifestações de falta de educação, descortesia, arrogância, pavonice.
Tudo de caso pensado. Tudo de lingua trançada com a cúpula do PMDB.
Por trás das cortinas, movimentava-se Wellington Moreira Franco, atual secretário de Assuntos Estratégicos, cargo decorativo, que significa praticamente coisa nenhuma.
Moreira está há semanas articulando para credenciar-se junto às Forças Armadas como sucessor de Jobim.
Moreira é ligadíssimo ao vice-presidente Michel Temer. Bingo!
Ali não tem nenhum bobo.
Jobim é um pavão, não é um parvo. Jamais faria um papelão desses se não houvesse um projeto que o justificasse.
Peixes morrem pela boca. Pavões abrem o leque e cumprem missões.
Mas… Como ensinava o dr. Tancredo Neves, esperteza quando é muita, cresce e come o dono.
De nada adiantou a armação de Jobim, Moreira e Temer.
O escolhido de Dilma foi o ex-chanceler Celso Amorim.
Que Deus se apiede das Forças Armadas! “

Estas coisas de políticas são complicadas, não é Roberto? Por isso eu digo que é coisa para profissional. E o “profissional-mor” neste caso foi o Lula. Se acreditamos na Lúcia Hipollito, o Jobim, mesmo que antes de se conluiar com o apedeuta fosse a Madre Tereza de Calcutá, estaria se juntando a alguém que não deixa pedra sobre pedra de qualquer padrão de moralidade e de caráter quando se refere a fazer política.

Se acreditarmos no Roberto Almeida, e pensamos que o Jobim só agora virou mal caráter, ficamos numa corda tão bamba em relação à verdade que será quase impossível não cair.

O correto mesmo é que tudo toca juntinho e até mesmo o Lula, um instrumento fora da orquestra mas, bem pertinho dentro de um armário, deve está afinado junto com ela. Seria demais dizer que o Lula saiu do armário de forma consciente para se meter nisto, mas, quem já tocou muito não perde a chance de tocar outra vez. E tem o dedo de Lula, o mindinho da mão esquerda (ou direita) que ninguém vê, outra vez na escolha do Celso Amorim.

E, vejam senhores, acreditando no Roberto, que o pavão é mau caráter, este é o terceiro ministro que cai no governo do poste. Todos indicados e abençoados por Lula. O que vocês acham do caráter dos outros dois, o Palocci e o Nascimento? E do caráter de que os colocou lá, tem alguma dúvida?

Se a Dilma não estivesse com o rabo da saia preso desde muito tempo, eu até, como classe média não emergente, ainda daria um crédito a ela como faxineira. Entretanto, olhando bem, eu fico com medo que o Zezinho esteja certo, e isto tudo não passar de enganação do tipo chavista.

Será possível que nem no Brasil nem em Bom Conselho, nenhuma mulher dá certo no governo? Eu não sei se mude para Papacaça ou para Brasília. Nosso gênero preciso se levantar e provar que Macanaíma, se fosse mulher, continuaria um herói, mas com um pouco mais de caráter.

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