segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Commodities cubanas




Por Mary Zaidan (*)

Acabam de desembarcar no Brasil os primeiros médicos estrangeiros do polêmico Mais Médicos, carro-chefe da campanha eleitoral do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao governo do Estado de São Paulo, que nem se preocupa em esconder isso. Até foi ao aeroporto receber quatro deles, sendo dois brasileiros formados lá fora, que apostam na chance de exercer a profissão na terra natal sem o Revalida, teste que no ano passado aprovou apenas 7,5% dos brasileiros com diploma estrangeiro.

Mais do que ninguém, Padilha sabe que a precariedade do atendimento à saúde não reside no médico e que pouco adiantará multiplicar jalecos brancos sem infraestrutura. Mas como luta contra o tempo para dar cara à sua gestão, tenta, a cada dia, costurar um discurso novo para remendar os furos de um programa parido às pressas para lhe garantir palanque.

Em menos de dois meses, criou a extensão do curso de medicina para oito anos, os dois últimos no SUS, e recuou; anunciou que contrataria seis mil médicos cubanos, desistiu e desistiu da desistência. Para tal, assinou o mais rápido acordo bilateral de que se tem notícia na história, permitindo que 400 médicos cubanos cheguem já nesta semana, quatro mil no total.

Exportar médicos é um negócio extremamente lucrativo para Cuba. Dados da BBC mostram que os médicos-commodities rendem algo em torno de U$ 5 bilhões ao ano à ilha. Hoje, há contratos de exportação para mais de 60 países. O maior e mais lucrativo deles, com a Venezuela, rende 100 mil barris de petróleo/dia.

Por aqui, o Ministério da Saúde informa que repassará R$ 511 milhões à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) até fevereiro de 2014, e que caberá à entidade pagar ao governo cubano. Ou seja, aplica-se o modelo bolivariano: o contrato é com o governo Raúl Castro e não com os profissionais, tratados como mercadoria.

É no acordo via Opas que o governo sustenta a legalidade de os médicos não receberem diretamente suas remunerações. Só não alardeiam que o representante da Opas no Brasil é Joaquin Molina, odontólogo cubano. Talvez isso explique a celeridade do acordo.

Há outras janelas. De 2006 para cá, mais de 500 estudantes brasileiros foram admitidos nas faculdades de medicina de Cuba a partir de seleção que teria como critério militância em movimentos sociais ou indicação partidária. Resta saber se trazê-los de volta fez parte do veloz acordo.

Quanto aos cubanos, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, já avisou que o Brasil não concederá asilo a importado algum. Não reconhece que Cuba obriga a exportação, com represálias aos que a ela se negam.

Para o governo Dilma Rousseff, Cuba é aqui.

-----------
(*) Publicado em 25.08.2013 no Blog do Noblat. Hoje estava com vontade de escrever sobre a proibição dos mascarados nas ruas do estado de Pernambuco. No entanto, duas coisas me desviaram do rumo. A primeira foi o texto sensato e preciso da Mary Zaidan que transcrevi acima, e que nem comento, mas resumo em um de suas únicas frases lapidares: “Mais do que ninguém, Padilha sabe que a precariedade do atendimento à saúde não reside no médico e que pouco adiantará multiplicar jalecos brancos sem infraestrutura.” Dito isto, que é pura verdade o resto são tergiversações de petista ou esquerdista arrependidos. 


Confesso que não parei de escrever por aqui. Escrevi mais nesta nota comentando um texto do Roberto Almeida sobre o Mais Médico, que seria a segunda coisa prevista acima.  Mas, está ficando muito grande para um dia só, e estou levando a sério meu tratamento contra prolixidade. Amanhã, ou quando terminar, eu publico o restante.

2 comentários:

  1. APROVEITANDO A DEIXA DOS BELOS TEXTOS SOBRE A ESCRAVIDÃO DO SÉCULO XXI, ESCRITOS, TANTO PELA LUCINHA PEIXOTO QUANTO À JORNALISTA ZAIDAN, EIS UM CENÁRIO QUALQUER DE UM POSTO DE SAÚDE NO INTERIOZÃO DO BRASIL...

    ENTRA NA SALA DE UM MÉDICO ESCRAVO CUBANO, UM PACIENTE DO BOLSA ESMOLA DO SEBOSO DE CAETÉS & DA ANTA ROUSSEFF:

    -Buenos dias, señor ! – diz o médico, digo melhor, o escravo;
    - Bão dia!!! – responde o humilde e envergonhado paciente;
    - Habla, hombre!!!
    - Hãã!!! Abrir o que, seu dotô?!?!?!
    - Que és que usted siente?!?!?!
    - É para eu sentar?
    - No. Que pasa?
    - Tô passeando não, dotô!!!
    - Bueno, que tiene?
    - Tenho uns 5 real e umas moedinha…
    - Há!!! Entendi. Te duele la muela. Pero hay que ir al dentista en este caso.
    - Ir para casa?!?!?! Mas e a minha dor nos bucho…
    - Butcho?
    - Sim, bucho. É que eu comi uma tapioca reimosa e me deu um empachamento danado. Doeu até as bolota dos zóio.
    - Tapioka? Empatchamiento? Bolitas dos zoio? Pero no te entiendo...
    - Sim, mas minha cuca ficou pinicando, deu até um farnizim no juízu…
    - Hã…usted quiere en pinico. Pero acá tenemos el baño.
    - Não quero tomar banho. Tomei onti de nuoiti…
    - Bueno…sientes dolores?
    - Bom, na verdade tenho dado umas com a Dolores. Mas o marido num podi sabê…
    - Caramb!! ! Me pongo mi saco y me voy.
    - Vai coçar o saco?!?!?!
    - ???
    - Faz favô, dotô, mim manda um dotÔ brasilero!!!

    EIS AÍ, CERTAMENTE, UMA DIALÉTICA TRAVADA ENTRE UM ESCRAVO CUBANO DE JALECO VERMELHO E UM TABARÉU MINEIRO OU UM DOS “PIDÃO” NORDESTINOS QUE FAZ PARTE DO MUNDIÇAL REMELENTO DO BOLSA ESMOLA...







    FAÇAM UMA CONSULTA AOS BLOGS CUBANOS E OBSERVEM O QUE SEUS AUTORES ESTÃO OPINANDO SOBRE A CONTRATAÇÃO DOS ESCRAVOS DE SEU PAÍS. QUE TAL ESTE APERITIVO COMO EXEMPLO!!!

    TÍTULO DA MATÉRIA: LOS MÉDICOS CUBANOS FRACASAN EN BRAZIL...

    La columnista del ghanaweb.com Francis Tawiah destaca en un artículo dedicado a los médicos cubanos, que la mayoría de los galenos está atravesando serias dificultades para revalidar su título en Brasil. La periodista señala que aunque “mucha gente todavía cree que el cuidado de la salud de Cuba es uno de los más eficientes del mundo, ya que el régimen lo anuncia a menudo, los mismos médicos que apoyan el supuesto sistema de atención de la salud reconocido en la isla caribeña, están atravesando serias dificultades para revalidar sus diplomas para ejercer legalmente en Brasil”. En la prueba de revalidación más reciente, que incluye el dominio del portugués, sus conocimientos médicos y prácticas clínicas, ninguno de los médicos que se graduaron en Cuba fueron aprobados. Desde 2005 hasta la actualidad sólo 25 médicos fueron autorizados oficialmente a trabajar en Brasil, aunque se han presentado al examen más de 300 médicos, según el Ministerio de Educación. Estos resultados, de hecho, están entre los peores entre un promedio de 600 profesionales, argentinos, bolivianos, estadounidenses y europeos que pasan por el proceso de revalidar sus títulos para trabajar en Brasil. La Asociación Médica Brasileña atribuye el aparente fracaso de tantos médicos cubanos a la falta de calidad de las universidades en la isla. Según la asociación, la enseñanza de la medicina en Cuba y Bolivia se encuentra al nivel de una enfermería importante en Brasil.








    ResponderExcluir