sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Os cubanos e o "Mais Médicos"




Ontem voltei ao programa Mais Médicos, mesmo que tenha ido ao médico, para exame de rotina. Ontem escrevia sobre a minha suspeita de que toda esta pressa para aprovar o programa, inclusive pela sua baixa aceitação entre os médicos brasileiros, seria para colocar em prática os objetivos ocultos de trazer médicos cubanos (e estudantes brasileiros de medicina em Cuba).

Já hoje, tomei conhecimento de um texto de um médico cubano, naturalizado brasileiro, que com conhecimento de causa, coloca os riscos de trazer profissionais daquele país para cuidar dos brasileiros, sem os devidos testes exigidos. Leiam o texto do Dr. Juan López Linares, publicado no Jornal da USP (Online) em 04.07.2013, e eu voltarei depois, com alguns comentários.

“A proposta da importação de médicos cubanos parece não ser de contratos individuais com eles e sim um “pacote” em que um dos contratantes seria o governo cubano. Isso significa, na prática, que mais de 50% do salário pago pelas autoridades brasileiras aos galenos iria não para o bolso deles, e sim para alimentar a ditadura cubana.

Essa situação já acontece em menor escala no Brasil e em maior escala em outros países como a Venezuela.

Nesse tipo de contrato do governo cubano, os médicos não têm as liberdades usuais dos profissionais do Brasil. Eles não são autorizados a viajar, participar de congressos ou fazer manifestações políticas contra o sistema de saúde do Brasil e muito menos de Cuba. Qualquer desvio no cumprimento desse “pacto de bom comportamento” implica o retorno imediato do médico a Cuba e outras represálias posteriores.

A experiência mostra que uma parte não desprezível dos médicos termina “fugindo” dessa situação mediante o casamento com um cidadão local ou a emigração para um terceiro país.
Para a grande maioria dos médicos cubanos, viajar para trabalhar em outro país (mesmo nos países mais pobres da África) é um sacrifício desejável. O salário mensal de um profissional da saúde em Cuba não supera os R$ 100,00. Mais de seis vezes abaixo do salário-mínimo brasileiro. Mesmo no caso em que o governo brasileiro pagasse um décimo do que paga a um análogo local, ainda assim haveria uma infinidade de galenos cubanos interessados.

Quanto à qualidade, existem em Cuba, como em quase todos os países, médicos excelentes e médicos ruins. Talvez o diferencial seja quanto ao número. Quando eu fiz as provas do vestibular para entrar na universidade em Havana, a carreira menos concorrida era a de medicina. Os candidatos que queriam garantir não ficar fora da universidade colocavam medicina como última opção (ao contrário do que acontece no Brasil e em boa parte do mundo). Isso foi resultado de uma política populista da ditadura, a formação de médicos em grandes quantidades.

Todo professor sabe que não é a mesma coisa ministrar uma aula para 20 estudantes e para 50. Considerando os custos da educação médica e o nível de vida paupérrimo em Cuba, não é de estranhar que a qualidade, em média, tenha sido comprometida pela quantidade dos mesmos.

Entendo que os Conselhos de Medicina brasileiros possam se sentir ameaçados diante do possível aumento da concorrência. Dou razão a eles quando exigem que os médicos cubanos não sejam tratados como exceção e passem pelas mesmas provas por que passa todo profissional formado no estrangeiro. Segundo as estatísticas do Revalida, exame atual, somente 20% dos médicos formados em Cuba (incluídos os brasileiros) passam nas provas.

Devo dizer também que a “escola latino-americana” de medicina em Cuba somente aceita, sem pagar os custos do curso, candidatos indicados pelos partidos políticos favoráveis ao regime dos Castros.

Sou a favor, sim, da vinda de médicos cubanos ou de qualquer outra parte do mundo para cuidar da saúde dos brasileiros, mas não na forma de “pacote” firmado entre governos com interesses espúrios e que restringem explícita ou implicitamente as liberdades individuais.”

Confesso minha ignorância ao dizer que fui ao dicionário para saber o que era “galeno” e descobri que quer dizer “qualquer médico”. Portanto, morrendo e aprendendo. E aprendendo ainda quanto uma ideologia política pode levar um país à pobreza. E o que é pior, nós vamos na mesma direção, quando queremos resolver os problemas da saúde, fazendo nossos médicos escravos, igual aos cubanos.

Vão dizer que o autor do texto é um dissidente do regime cubano e que torce para que tudo dê errado em seu país. Eu pergunto aos meus leitores de boa vontade: O texto do Dr. Juan transpira ódio a Cuba ou aos seus caquéticos dirigentes? Para mim é só uma alerta aos nossos caquéticos dirigentes da saúde que não é com autoritarismo que se resolve os problemas da saúde, mas, com seriedade, honestidade e trabalho desprovidos de ideologias capengas e apego exagerado ao poder.

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P. S.: Estou com uma viagem em vista na próxima semana. Se não comparecer aqui em meu blog, caros meus leitores, não temam, minha intenção é voltar logo. Para onde irei não tem nem boa conexão nem bons médicos. A culpa disto não é dos médicos. Garanto.

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