Ontem voltei ao programa Mais Médicos, mesmo que tenha ido ao
médico, para exame de rotina. Ontem escrevia sobre a minha suspeita de que toda
esta pressa para aprovar o programa, inclusive pela sua baixa aceitação entre
os médicos brasileiros, seria para colocar em prática os objetivos ocultos de
trazer médicos cubanos (e estudantes brasileiros de medicina em Cuba).
Já hoje, tomei conhecimento de um texto de um médico cubano,
naturalizado brasileiro, que com conhecimento de causa, coloca os riscos de
trazer profissionais daquele país para cuidar dos brasileiros, sem os devidos
testes exigidos. Leiam o texto do Dr. Juan López Linares, publicado no Jornal
da USP (Online) em 04.07.2013, e eu voltarei depois, com alguns comentários.
“A proposta da
importação de médicos cubanos parece não ser de contratos individuais com eles
e sim um “pacote” em que um dos contratantes seria o governo cubano. Isso
significa, na prática, que mais de 50% do salário pago pelas autoridades
brasileiras aos galenos iria não para o bolso deles, e sim para alimentar a
ditadura cubana.
Essa situação já
acontece em menor escala no Brasil e em maior escala em outros países como a
Venezuela.
Nesse tipo de contrato
do governo cubano, os médicos não têm as liberdades usuais dos profissionais do
Brasil. Eles não são autorizados a viajar, participar de congressos ou fazer
manifestações políticas contra o sistema de saúde do Brasil e muito menos de
Cuba. Qualquer desvio no cumprimento desse “pacto de bom comportamento” implica
o retorno imediato do médico a Cuba e outras represálias posteriores.
A experiência mostra
que uma parte não desprezível dos médicos termina “fugindo” dessa situação
mediante o casamento com um cidadão local ou a emigração para um terceiro país.
Para a grande maioria
dos médicos cubanos, viajar para trabalhar em outro país (mesmo nos países mais
pobres da África) é um sacrifício desejável. O salário mensal de um
profissional da saúde em Cuba não supera os R$ 100,00. Mais de seis vezes
abaixo do salário-mínimo brasileiro. Mesmo no caso em que o governo brasileiro
pagasse um décimo do que paga a um análogo local, ainda assim haveria uma
infinidade de galenos cubanos interessados.
Quanto à qualidade,
existem em Cuba, como em quase todos os países, médicos excelentes e médicos
ruins. Talvez o diferencial seja quanto ao número. Quando eu fiz as provas do
vestibular para entrar na universidade em Havana, a carreira menos concorrida
era a de medicina. Os candidatos que queriam garantir não ficar fora da
universidade colocavam medicina como última opção (ao contrário do que acontece
no Brasil e em boa parte do mundo). Isso foi resultado de uma política
populista da ditadura, a formação de médicos em grandes quantidades.
Todo professor sabe
que não é a mesma coisa ministrar uma aula para 20 estudantes e para 50.
Considerando os custos da educação médica e o nível de vida paupérrimo em Cuba,
não é de estranhar que a qualidade, em média, tenha sido comprometida pela
quantidade dos mesmos.
Entendo que os
Conselhos de Medicina brasileiros possam se sentir ameaçados diante do possível
aumento da concorrência. Dou razão a eles quando exigem que os médicos cubanos
não sejam tratados como exceção e passem pelas mesmas provas por que passa todo
profissional formado no estrangeiro. Segundo as estatísticas do Revalida, exame
atual, somente 20% dos médicos formados em Cuba (incluídos os brasileiros)
passam nas provas.
Devo dizer também que
a “escola latino-americana” de medicina em Cuba somente aceita, sem pagar os
custos do curso, candidatos indicados pelos partidos políticos favoráveis ao
regime dos Castros.
Sou a favor, sim, da
vinda de médicos cubanos ou de qualquer outra parte do mundo para cuidar da
saúde dos brasileiros, mas não na forma de “pacote” firmado entre governos com
interesses espúrios e que restringem explícita ou implicitamente as liberdades
individuais.”
Confesso minha ignorância ao dizer que fui ao dicionário
para saber o que era “galeno” e
descobri que quer dizer “qualquer médico”.
Portanto, morrendo e aprendendo. E aprendendo ainda quanto uma ideologia
política pode levar um país à pobreza. E o que é pior, nós vamos na mesma
direção, quando queremos resolver os problemas da saúde, fazendo nossos médicos
escravos, igual aos cubanos.
Vão dizer que o autor do texto é um dissidente do regime cubano
e que torce para que tudo dê errado em seu país. Eu pergunto aos meus leitores
de boa vontade: O texto do Dr. Juan transpira ódio a Cuba ou aos seus
caquéticos dirigentes? Para mim é só uma alerta aos nossos caquéticos
dirigentes da saúde que não é com autoritarismo que se resolve os problemas da
saúde, mas, com seriedade, honestidade e trabalho desprovidos de ideologias
capengas e apego exagerado ao poder.
P. S.: Estou com uma viagem em vista na próxima semana. Se
não comparecer aqui em meu blog, caros meus leitores, não temam, minha intenção
é voltar logo. Para onde irei não tem nem boa conexão nem bons médicos. A culpa
disto não é dos médicos. Garanto.
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