quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A democracia de Dilma




Por Mary Zaidan (*)

Os aeroportos do Galeão, no Rio, e de Confins, região metropolitana de Belo Horizonte, leiloados na sexta-feira, alcançaram valores recordes superiores a R$ 20 bilhões. Mais: ambos foram arrematados por gente para lá de experiente.

Os alemães vão tocar o de Minas, e o da Ilha do Governador, hoje em frangalhos, será operado pelo mesmo grupo que gerencia o aeroporto de Cingapura, tido como o melhor do mundo.

Melhor, quase impossível.

Um contexto que não comporta o azedume da presidente Dilma Rousseff. Em vez de conectar o sucesso do leilão com serviços de primeiro mundo que os usuários poderão ter no futuro, a presidente preferiu a revanche: “todos aqueles pessimistas, aqueles incrédulos, hoje vão ter um dia de amargura, porque não deu errado".

Não que o dito de Dilma tenha surpreendido. Torcer contra está no DNA do petismo. Retorceram o nariz para a Constituição de 1988, espinafraram o Plano Real, demonizaram as privatizações, esconjuraram o ajuste fiscal.

 E medem todos pela mesma bitola. Creem, fielmente, que os críticos ao governo que ocupam há 11 anos querem que o Brasil naufrague. Assim como apostaram na derrocada do País antes de chegarem ao poder.

Têm dificuldade de imaginar que a maior parte das pessoas, mesmo aquelas que discordam dos métodos petistas para se perpetuar no poder, quer apenas ter serviços melhores, que compensem a fortuna paga em impostos e taxas – as da Infraero, caríssimas.

No caso dos aeroportos, torcem mesmo é para se livrar da ineficiência do governo. Dos apagões, de saguão sem ar condicionado, banheiros quebrados, sem papel ou descarga, cena cotidiana do Galeão; dos puxadinhos intermináveis de Confins.

E é didático lembrar. Depois de deixar de ser do contra – e hoje, sabe-se, de passar a fazer o diabo – o PT chegou lá. E foi incapaz de mudar o que diziam discordar na Constituição. Rezam pelo evangelho que acusavam ser neoliberal, e, para o bem do País, privatizam e concessionam bens e serviços públicos. Dizem-se pais da estabilidade econômica, a mesma que estão colocando em risco.

Aqui mora o perigo. O êxito do leilão dos aeroportos é muito bem-vindo, mas não conseguirá esconder a inflação que insiste em bater no teto na meta, muito menos o descalabro das contas públicas. Alertar para isso, ao contrário do que quer fazer crer a presidente, é torcer a favor e não contra.

Talvez por ser avessa a privatizações e ter sido obrigada a se render a elas, ou por não entender o mundo fora da dicotomia do “nós”, os bons, e “eles”, o resto que não nos apoia, Dilma perdeu a chance de pelo menos parecer que governa para todos e não apenas para aqueles que com ela concordam.

Na democracia de Dilma, quem não se alia a ela está contra o País.

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(*) Publicado em 24.11.2013 no Blog do Noblat. É quase impossível não transcrever a Mary Zaidan. O que ela fala do PT e da Dilma é música para os meus ouvidos. E nesta situação de carência de internet, seus textos são um achado para que eu publique alguma coisa.

Não há meio termo, igual à saúva, ou retiramos o PT do poder ou o PT acaba com o Brasil. Sempre fizeram tudo que o FHC fez de forma dissimulada, inventando aquela estória de que pagaram o FMI e que retiraram o país da miséria. Só não contam que jogaram o Brasil na miséria moral, hoje transitada em julgado no STF. Os líderes do PT estão no xilindró e até agora não foi mexida uma palha pelo partido para os expulsarem como mandam seus estatutos.

Ao invés disto, simplesmente, tentam solapar as instituições dizendo que houve um julgamento de exceção. Só se eles se referem à exceção histórica de mandar políticos corruptos para cadeia, o que não é bem o comum neste país, onde não se prenderam nem os índios que comeram o bispo Sardinha.

E, pasmem, o Zé Dirceu, vai trabalhar num hotel de Brasília. Como já todos podem desconfiar, já que ele de hotel talvez saiba apenas lavar as latrinas, ali ele montará seu escritório político para receber seus apaniguados.


Esta é a democracia da Dilma, que vem correndo a passos largos. Cuidado como votam em 2014. (LP)

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