Por Luiz Fernando Verissimo (*)
Quando os figurões do governo Nixon envolvidos no escândalo
de Watergate começaram a ir para a cadeia, um cômico americano imaginou-os
liderando um motim entre os presos, batendo nas mesas do refeitório com seus
talheres e pedindo “Montrachet! Montrachet!” ou outro vinho da mesma estirpe
para acompanhar a comida.
Se a prisão dos acusados do mensalão estiver mesmo
inaugurando uma nova prática jurídica no país, o encarceramento de condenados
sem distinção de nível social ou importância política, uma das consequências
disso pode ser uma melhora dos serviços penitenciários para receber a nova
clientela.
Prevejo duas coisas: uma que quando exumarem esse processo
do mensalão daqui a alguns anos, como agora fazem com os restos mortais do
Jango Goulart, descobrirão traços de veneno, injustiças e descalabros que hoje
não dão na vista ou são ignorados. O que só desgravará alguns dos condenados
quando não adiantar mais nada. Outra profecia é que, mesmo sem “Montrachet”, a
comida das penitenciárias certamente melhorará.
Prisões mais humanas e democráticas serão um avanço, mas
nossa meta deve ser o que acontece na Suécia, como li há dias. Lá vão fechar
algumas penitenciárias por falta de detentos. Diminuiu a população carcerária
na Suécia, abrindo imensos espaços ociosos até para — por que não? — importarem
presos de países onde há superpopulação carcerária.
Não se imagina uma campanha de incentivo à criminalidade na
Suécia para reabastecer suas penitenciárias igual a campanhas de incentivo à
fertilidade que havia na França, onde as pessoas eram premiadas por ter filhos.
Na Itália havia, e acho que ainda há, uma crise educacional
grave, não por falta de lugar nas escolas, mas por excesso de lugar: simplesmente
não existiam crianças suficientes para encher as salas de aula e fazer o
sistema funcionar normalmente.
A solução era animar a população: façam filhos, façam
filhos! Ou, no caso da Suécia: roubem! Matem! Enganem o fisco! Temos uma cela
quentinha para você!
Especula-se que os programas de reabilitação de presos nas
cadeias sejam responsáveis pela diminuição da criminalidade na Suécia e que...
Mas do que adianta sonhar com outra realidade quando a nossa, nesse assunto,
ainda é medieval?
Mesmo que melhore a frequência nas nossas cadeias ainda
estaremos longe do ideal. Ou, no mínimo, do escandinavo.
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(*) Publicado no Blog do Noblat em 17.11.2013. Como todos
meus leitores sabem, estou em regime de escrever e publicar, pelas minhas
condições de internet. E hoje, vindo a minha lan house (o contrato que fiz com
o dono é escorchante) vejo este do Veríssimo, atualíssimo, pois tenho certeza,
ontem o Zé Dirceu deve ter dado algum “piti” na Papuda, por não tinha o seu
vinho favorito. Chamou seu advogado e deu a ordem: “Procurem o Joaquim e digam
a ele para definir o que é “regime semi-aberto”, pois este aqui junto com o
Delúbio é um horror. O homem não para de contar piada de salão.
Pois é meus amigos, justiça é como chuva de janeiro, tarda
mas não falta, pelo menos a justiça divina. E vimos pela TV um avião cheio de
bandidos com destino à cadeia. Se fossem
pobres iria a pé e não em burrico. E o meu super-herói Joaquim Barbosa, voltou
a brilhar e o vilão Lewandowski continua fazendo seu papel. Será que este filme
não termina nunca?
O Verissimo fala na situação da Suécia, onde estão faltando
presos. Que tal um convênio com aquele país para levar alguns daqui para lá? O
Zé Dirceu iria adorar e Fernandinho Beira-Mar também.
E agora vamos esperar o término do processo. Pensando bem,
pelo número de embargos, quando ele terminar poderá não ter mas nenhum preso
desta leva. Talvez o Marco Valério se não se valer da delação premiada e levar
o “chefe” para o lugar onde ele merece está. (LP)
Concordo plenamento com tuas sabias palvras, e alias ja era hora... mas felismente esses tem bons adigovados pago com o dinheiro do povo.. E em pouco tempo com as suas costas quentes e um bom adivogado serao abisolvido como se nada como se nada tivesse acontecido.
ResponderExcluirLucinha, o Verissimo (é assim mesmo, sem agudo!) não nega ser um dos vermelhinhos da esquerda caviar, ou, como ele mesmo diz, ''Montrachet''. Que história é essa de ''acusados do mensalão''? Os caras foram condenados, mesmo após tantas marés de recursos e exageros mil de chances dadas aos corruptos. Assim não, Verissimo!
ResponderExcluirA outra parte cabeluda é esta: ''quando exumarem esse processo do mensalão daqui a alguns anos, como agora fazem com os restos mortais do Jango Goulart, descobrirão traços de veneno, injustiças e descalabros que hoje não dão na vista ou são ignorados''.
Caramba, ele também faz coro junto com aqueles que defendem que houve prisões políticas? Depois de tudo o que rendeu esse processo, apelações, direitos dos réus...
É um gozador esse Verissimo.