terça-feira, 5 de novembro de 2013

Uma e outra coisa




Por Mary Zaidan (*)

O deputado José Genoíno (SP) ainda presidia o PT quando lançou a pérola – “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa” – para tentar explicar as inexplicáveis tramoias do mensalão.

Anos mais tarde o STF condenou petistas ilustres, incluindo o próprio Genoíno, demonstrando que, ao contrário do que o parlamentar dizia, aquela coisa era a mesma coisa. Ou coisa pior. Ainda assim, a frase continua fazendo sucesso.

Na sexta-feira, foi usada pelo ministro Alexandre Padilha para reduzir o impacto da reprovação de estrangeiros do Mais Médicos no Revalida. "Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, repetiu.

E oficializou o médico de segunda classe, que, como a jabuticaba e a tomada elétrica da ABNT, só existe no Brasil. “Os médicos do Mais Médicos estão aqui para cuidar da atenção básica; o Revalida é para quem quer operar, quem quer fazer procedimentos de alta complexidade".

No mesmo dia, questionada sobre o imbróglio da disputa estadual na Bahia, onde o aliado Geddel Lima (PMDB) tende a se unir aos tucanos, a presidente Dilma Rousseff lançou mão de uma variante do dito, aplicando sobre ele a sua linguagem, raciocínio e lógica ímpares: "O que vale é a política nacional e a política de alianças nacional. Se houver problemas que podem interferir na aliança nacional, ele vai ser tratado como uma questão nacional. O que é regional tem de ser resolvido regionalmente".

Diante da impossibilidade de a disputa regional ser uma coisa e a nacional outra, a fala da presidente é uma farsa tão grotesca quanto à que Genoíno quis fazer o País crer.

Ao contrário. Dilma e o PT estão diante de um jogo intrincadíssimo na composição de palanques regionais. Só com o PMDB, principal aliado, o embate se espraia por 11 estados onde estão nada menos do que 68% do eleitorado do País (O Globo).

O tudo por Dilma não é consenso nem dentro do PT, que teme reduzir de tamanho, ter poucos candidatos próprios aos governos estaduais, perder senadores e deputados federais em nome da manutenção da aliança e de uma presidente que não o anima.

A presença mais ativa de Lula, com agenda e palanques independentes, é uma bênção para essa turma que quer manter o poder e os cargos, mas torce o nariz para a quantidade de concessões que lhe é exigida, para o estilo ou a ausência de estilo da candidata. Para eles, uma coisa é pedir votos ao lado de Dilma, outra coisa é subir ao palanque com Lula.

Mas o que temem mesmo é a quebra do maniqueísmo que sempre alimentaram. Sabem que uma coisa era o “nós x eles”; outra coisa será o “todos x nós”.
------------

(*) Publicado no Blog do Noblat em 03.11.2012. Só neste domingo consegui ir a uma lan house e ler alguns blogs, ao ponto de transcrever este texto da Mary Zaydan. Vou ser curta e grossa nos comentários porque tenho pouco tempo. É uma fortuna uma hora de internet. No caso só uso o dito dito pela Mary está na boca dos políticos: “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Amanhã já está programado o resto da historio do socialismo real e depois seja o que Deus quiser.

A frase acima, ela diz que foi dita pelo Alexandre Padilha, sim, aquele mesmo que quer ser governador de São Paulo mostrando que o programa Mais Médicos será a redenção da saúde do Brasil com a introdução dos médicos cubanos, que vem aqui para se alimentarem e dar a “atenção básica” a nossa população pobre. Ele poderia dizer que um programa sério é uma coisa e um programa que tenta tratar nossos pobres com médicos incompletos é outra coisa.

Cada vez mais que leio e ouço notícias sobre este programa eu me convenço que ele é Bolsa Família renovado e que veio para manter o PT no poder por mais algum tempo. Graças a Deus eu já soube que a classe médica brasileira está reagindo, como deveria ter reagido sempre e não vaiando cubanos em aeroportos, e vem alertando a população para os perigos que ela corre ao acreditar que alguém porque veste um jaleco branco é médico de verdade.

E aqui cabe o dito: “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Cuidado com a outra coisa (LP).


P.S.: O que está ocorrendo com o Mural da AGD. Parada geral. Zé Carlos, por que parou? Parou por que?

Nenhum comentário:

Postar um comentário