quarta-feira, 20 de novembro de 2013

De punhos cerrados



Por Mary Zaidan (*)

Vítimas da elite, ícones da luta democrática, guerreiros do povo, heróis injustiçados. Foi assim, com a mesma desfaçatez com que chamou o mensalão de caixa dois ou piada de salão, que a tríade petista José Dirceu-José Genoíno-Delúbio Soares se apresentou para iniciar o cumprimento das penas impostas pelo STF. Um tiro de risco, próximo da culatra, que atende parte da militância e esbofeteia todo o resto.

Se os punhos cerrados e as estocadas na Suprema Corte agradam parcela dos petistas, inflam a indignação dos que passam longe dela. Pior: posam de democratas, mas agridem a Justiça, um dos pilares da democracia, considerando sua instância máxima tribunal de exceção.

A reação do trio pareceu ensaiada. Na sexta-feira, logo após a expedição do mandato de prisão, Delúbio publicou vivas ao PT em artigo no site Brasil247. Genoino, por meio de nota, e Dirceu, em o que chamou de “carta aberta ao povo brasileiro”, se colocaram como presos políticos, como se o País vivesse dias de chumbo.

E ambos jogaram farpas na mídia, culpando-a pelo resultado do julgamento, como se houvesse conluio entre o STF as elites, sabem-se lá quais. Não devem ser as mesmas que fizeram de Dirceu um dos consultores mais bem pagos do país, queridinho da nata empresarial.

A carta aberta de Dirceu é um primor. Inverte-se a lógica, inventam-se argumentos, culpam-se outros, mente-se. Descaradamente.

O ex-ministro diz que vai cumprir tudo que a Justiça e a Constituição determinam. Mas, muito além de lamentações admissíveis em um condenado que apela por inocência, faz acusações gravíssimas ao STF. Afirma que foi condenado “sem ato de oficio ou provas, num julgamento transmitido dia e noite pela TV, sob pressão da grande imprensa.” Que sua condenação teve como base a teoria do domínio do fato, “aplicada erroneamente pelo STF”.

Chega ao absurdo de comparar a prisão de agora, fruto da condenação por malversação do dinheiro público e apropriação do Estado em favor de seu partido, com a da luta contra a ditadura. No caso dele, é bom lembrar, uma luta não em prol da democracia, mas por outra ditadura, a do proletariado. Ainda assim, pratica com destreza o ludibrio ao dizer que esta será a segunda vez na vida que pagará com a prisão por cumprir seu papel no “combate por uma sociedade mais justa e fraterna”.

Em favor de Dirceu, diga-se, sua prisão contribui, sim, para uma sociedade mais justa, em que poderosos e não só pobres vão para a cadeia.

Em um País que tarda e falha em honrar a balança e os olhos vendados da deusa Têmis, a prisão dos mensaleiros é colírio.

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(*) Publicado no Blog do Noblat em 16.11.2013. Faz tempo que não vejo um texto tão consiso, preciso e abrangente. Todas as feridas dos mensaleiros e dos brasileiros estão nele. Todos os mensaleiros seguiram a cartilha do PT: mentir até que se aceitem as mentiras como verdades. Não estamos ainda aceitando o Lula?

Agora só tenho um átimo de tempo para ler na internet. Copio, colo e depois comento, dando o meu maior sacrifício, mas, neste caso com o coração rejubilado de alegria. Vejo as notícias na TV de 14” que agora desfruto, mas, fico muito mais satisfeita. Quando eu vi aqueles punhos cerrados, tal o qual os panteras negras naquela olimpíada, deduzi a orquestração do ato. Para o PT a ditadura boa é a deles, ou que eles chamavam do proletariado, e hoje eles mesmos estão confusos qual será, se uma sindical ou uma chavista.

O respeito por parte desta corja aos princípios democráticos de um estado de direito é quase nenhum, a não ser que os beneficiem. Lula, o oportunista, tirou o corpo fora com um telefonema dizendo: “Estamos juntos!” E os esqueceu. A Dilma, nem isto fez. O presidente do PT lançou uma nota para que o PT se manifeste. Vocês viram alguém na rua, a não ser uns gatos pingados lá na Papuda, mais por curiosidade do que por interesse na causa?


Eu sei que o dia 15 de novembro foi comemorado da forma mais expressiva pela atitude do meu herói Joaquim Barbosa, mandando os mensaleiros para o xilindró. Dizem que ele vai se candidatar a presidente da república, o que não acredito. Mas, se for, já tem meu voto. Ele renovou a esperança num Brasil mais justo. (LP).

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