Por Mary Zaidan (*)
Vítimas da elite, ícones da luta democrática, guerreiros do
povo, heróis injustiçados. Foi assim, com a mesma desfaçatez com que chamou o
mensalão de caixa dois ou piada de salão, que a tríade petista José Dirceu-José
Genoíno-Delúbio Soares se apresentou para iniciar o cumprimento das penas
impostas pelo STF. Um tiro de risco, próximo da culatra, que atende parte da
militância e esbofeteia todo o resto.
Se os punhos cerrados e as estocadas na Suprema Corte
agradam parcela dos petistas, inflam a indignação dos que passam longe dela.
Pior: posam de democratas, mas agridem a Justiça, um dos pilares da democracia,
considerando sua instância máxima tribunal de exceção.
A reação do trio pareceu ensaiada. Na sexta-feira, logo após
a expedição do mandato de prisão, Delúbio publicou vivas ao PT em artigo no
site Brasil247. Genoino, por meio de nota, e Dirceu, em o que chamou de “carta
aberta ao povo brasileiro”, se colocaram como presos políticos, como se o País
vivesse dias de chumbo.
E ambos jogaram farpas na mídia, culpando-a pelo resultado
do julgamento, como se houvesse conluio entre o STF as elites, sabem-se lá
quais. Não devem ser as mesmas que fizeram de Dirceu um dos consultores mais
bem pagos do país, queridinho da nata empresarial.
A carta aberta de Dirceu é um primor. Inverte-se a lógica,
inventam-se argumentos, culpam-se outros, mente-se. Descaradamente.
O ex-ministro diz que vai cumprir tudo que a Justiça e a
Constituição determinam. Mas, muito além de lamentações admissíveis em um
condenado que apela por inocência, faz acusações gravíssimas ao STF. Afirma que
foi condenado “sem ato de oficio ou provas, num julgamento transmitido dia e
noite pela TV, sob pressão da grande imprensa.” Que sua condenação teve como
base a teoria do domínio do fato, “aplicada erroneamente pelo STF”.
Chega ao absurdo de comparar a prisão de agora, fruto da
condenação por malversação do dinheiro público e apropriação do Estado em favor
de seu partido, com a da luta contra a ditadura. No caso dele, é bom lembrar,
uma luta não em prol da democracia, mas por outra ditadura, a do proletariado.
Ainda assim, pratica com destreza o ludibrio ao dizer que esta será a segunda
vez na vida que pagará com a prisão por cumprir seu papel no “combate por uma
sociedade mais justa e fraterna”.
Em favor de Dirceu, diga-se, sua prisão contribui, sim, para
uma sociedade mais justa, em que poderosos e não só pobres vão para a cadeia.
Em um País que tarda e falha em honrar a balança e os olhos
vendados da deusa Têmis, a prisão dos mensaleiros é colírio.
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(*) Publicado no Blog do Noblat em 16.11.2013. Faz tempo que
não vejo um texto tão consiso, preciso e abrangente. Todas as feridas dos
mensaleiros e dos brasileiros estão nele. Todos os mensaleiros seguiram a
cartilha do PT: mentir até que se aceitem as mentiras como verdades. Não
estamos ainda aceitando o Lula?
Agora só tenho um átimo de tempo para ler na internet.
Copio, colo e depois comento, dando o meu maior sacrifício, mas, neste caso com
o coração rejubilado de alegria. Vejo as notícias na TV de 14” que agora
desfruto, mas, fico muito mais satisfeita. Quando eu vi aqueles punhos
cerrados, tal o qual os panteras negras naquela olimpíada, deduzi a
orquestração do ato. Para o PT a ditadura boa é a deles, ou que eles chamavam
do proletariado, e hoje eles mesmos estão confusos qual será, se uma sindical
ou uma chavista.
O respeito por parte desta corja aos princípios democráticos
de um estado de direito é quase nenhum, a não ser que os beneficiem. Lula, o
oportunista, tirou o corpo fora com um telefonema dizendo: “Estamos juntos!” E os esqueceu. A Dilma,
nem isto fez. O presidente do PT lançou uma nota para que o PT se manifeste.
Vocês viram alguém na rua, a não ser uns gatos pingados lá na Papuda, mais por
curiosidade do que por interesse na causa?
Eu sei que o dia 15 de novembro foi comemorado da forma mais
expressiva pela atitude do meu herói Joaquim Barbosa, mandando os mensaleiros
para o xilindró. Dizem que ele vai se candidatar a presidente da república, o
que não acredito. Mas, se for, já tem meu voto. Ele renovou a esperança num
Brasil mais justo. (LP).
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