Ontem mandei buscar A GAZETA na casa do Zé Carlos. Veio a
edição 327, quando ainda era Natal. Folheei primeiro e depois comecei a ler,
desde o editorial. Será que é o Jodeval ainda que o escreve, mesmo às voltas
com o seu novo jornal em Garanhuns? Pelo jeitão é. O incentivo à organização,
ao coletivo, ao incentivo do setor público, etc. caracterizam bem sua ideologia
socialista. Eu apenas digo, que vivemos esperando ações coletivas, e sempre com
o apoio do poder público, há mais de 500 anos. E só recentemente, depois do
Collor abrir os portos do país às nações amigas e inimigas, estamos descobrindo
que só o esforço individual leva um povo a conquistar o progresso, pelo menos dentro
dos padrões que até os chineses hoje acham que é progresso.
O que diria às pessoas que me leem, é que se tiverem
iniciativa de organizarem a produção para que esta incentive o desenvolvimento
individual, tenho certeza Bom Conselho
passará à frente de outros municípios. Não se espere muito do Dandan e
de seu “desenvolvimento garantido”,
pois não passa de um slogan eleitoral. Na minha meninice e juventude em Bom
Conselho, o que deu a Bom Conselho o progresso que ainda hoje quase continua o
mesmo, foram a iniciativa de homens que, de uma maneira ou de outra, lutavam
pela sua sobrevivência e seu esforço individual concorria para o crescimento
dos outros.
Eu não sou tão liberal quanto aqueles que não acreditam na
intervenção do Estado de forma nenhuma ou de forma mínima, mas, sou o
suficiente, pelas lições da história, para acreditar que sua interferência deve
ser a mínima possível, e a maior de todas deve ser o incentivo à iniciativa
individual com seus custos e benefícios. Já fui um dia adepta do Estado de Bem
Estar, antes de saber que o peso ostensivo do Estado leva sempre à acomodação
social e ao retrocesso. Basta ver o que estar acontecendo na Europa. Não
podemos acabar com a civilização para beneficiar apenas uma ou duas gerações.
Isto para não falar nas experiências socialistas que só não foram um desastre
completo para aqueles que ainda acreditam no sonho comunista, mesmo que não o
digam, como Niemeyer.
Mas, deixemos o editorial de lado e passemos ás homenagens a
Luiz Gonzaga. Já havia lido a do Zé Carlos na AGD, e li as outras, todas tentam
fazer justiça ao Rei do Baião, que se houvesse se integrado a alguma ONG
cultural hoje seria apenas mais cadáver no cemitério de Exu.
E passo ao que achei importante neste número, que foi a
coerência do Luis Clério depois da derrota da Mamãe Juju. Vi que ele fez o que
pôde, mas, não seria suficiente, diante de tantos erros que foram cometidos
pela minha colega de gênero. Até a 25ª hora eu acreditava que o candidato da
situação seria o super secretário, o Manuel Luna. Não via nenhuma chance,
depois daquela renúncia Porcina, e do envolvimento desastroso de sua família em
seu governo e cercanias, em sua vitória. E ainda teve mais a fuga do Isaltino,
porque não podia dirigir, depois de prometer apoio, e também as candidaturas do
Boanerges e do Washington que parecem ter sido o maior prêmio dado ao Dandan.
Mas, como se dizia, aí “águas passadas
não movem moinhos”, embora tenha sua importância mais abaixo.
E o pior é que eu não vejo como o Dandan entregar o seu “desenvolvimento garantido”. E não é nem
pelos seus defeitos (um deles a inexperiência e não vou nem citar outros pois
estou tentando me curar da minha prolixidade) e sim pela situação em que se
encontra a grande maioria dos municípios brasileiros, que são apenas mendigos
de outros níveis de governo. E sem uma reforma tributária que dê conteúdo a
esta tal de federação, que parece mais filhos (Estados) vivendo de mesada do
pai (União), para sustentar os netos (Municípios), e o pai dizendo que eles agora se virem, a
coisa não estará boa para o Dandan.
Mas, enfim, foi uma boa
leitura e que me alegrou mais ainda quando cheguei e vi o retrato do Tanzinho,
que, apesar de ser mais velho, eu o conheci, como um gato que era. Vi também a
Jacilda no mural de retratos. Já que não está dando certo em Olinda por que ela
não volta para Bom Conselho? Pelo menos um dos defeitos do Dandan ela não tem:
a inexperiência.
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