Semana passada o Roberto Almeida onde comento assiduamente
publicou uma carta de um coronel da reserva sobre o que ele achava da novela da
Globo, Salve Jorge. Eu pensava em citar apenas o link para o blog do Roberto,
mas, como citação não aumenta minha cota de prolixidade eu a cito aqui
(copiando e colando de lá):
“Sou Coronel de
Artilharia da turma de 1978 e estou na reserva desde 31 de dezembro de 2009,
desde então trabalhando no mundo corporativo.
Estou longe de ser
mais um membro da reserva enfurecida, que vê sombras onde não existem, mas não
poderia deixar de expressar minha indignação com a imagem que estão delineando
da nossa Força, com episódios cada vez mais estarrecedores envolvendo
personagens que representam a oficialidade do Exército Brasileiro, num posto
que se pressupõe maturidade, equilíbrio e comprometimento com nossos valores
mais caros, cultuados desde os bancos acadêmicos (capitães de cavalaria, no
nosso exército, só saem da AMAN).
As demonstrações de
deslealdade, desequilíbrio, petulância e falta de ação de comando, dão aos
expectadores a ideia que o nosso Exército é aquele saco de gatos, a que ficou
reduzido o brioso e tradicional Regimento Andrade Neves.
Vivo sendo questionado
por civis de minhas relações, a perguntar se isso acontece dentro dos quartéis
e sistematicamente tenho que explicar que essa não é a expressão da verdade
(penso que esse passivo deva cair no colo de inúmeros militares da reserva e da
ativa).
De qualquer maneira,
nem sempre teremos um Coronel R1 disponível para explicar ao público externo
que aqueles capitães e aquele Coronel Comandante, que não conhece sua
oficialidade, são obra de uma orquestração muito sutil para reduzir o EB a
expressão mais simples e nos nivelar por baixo, como se os valores que
cultuamos e fazemos questão de apregoar fossem mero embuste.
Francamente... a ideia
de fazer propaganda da Força Terrestre na novela das 21:00 Hs, da Rede Globo,
foi no mínimo ingênua e a concordância em utilização de instalações de uma unidade
tradicional de Cavalaria para aquela patifaria, beira a irresponsabilidade.
Um exército que se
preza (e é o nosso caso), não necessita andar na mídia fazendo parte de
historietas, a troco de migalhas, de luzes ou da simpatia da mídia.
Decisões como esta
atingem a todos nós, da ativa e da reserva e põe em dúvida a credibilidade de
uma instituição secular, que desde o nascimento da nacionalidade está presente
nos momentos mais críticos da história do Brasil, preservando, defendendo e
cultuando valores que nem de longe são mostrados naquela novelinha de quinta
categoria.
Marcelo Antonio Neves
- Cel Art R1 - Idt 026074881-9”
O Roberto ainda dá um pitaco que pode ser visto na postagem
original, aqui.
Lá fiz um comentário que aqui reproduzo in totum pois penso ainda esta certa
quanto ao assunto. Leiam-no e eu voltarei de novo lá embaixo para falar mais
algumas coisa iguais ou complementares:
“Quando se trata de
criticar a Globo o Roberto defende até nossas forças armadas que foram, não
esqueçam, responsáveis por mais de 20 anos de ditadura no Brasil. O coronel
Marcelo, Antônio ou Neves deveria, era botar a viola ou o canhão no saco (que
Deus me perdoe) e verificar que os militares também são seres humanos e que há
deles de diversos tipos, inclusive na instituição militar.
O que mais me intriga
é que estes seres que tanto falam de novelas não arredam o pé da TV e estão sempre
vendo a Globo. Agora que a o Lula diz que tirou 16 milhões da miséria e criou a
Classe C-L (Classe C do Lula), e que a única diferença da Classe D-L (Classe D
do Lula) é que pode comprar uma TV em 24 prestações mensais, está podendo ver
as novelas, elas não podem apresentar militares com personagens que, como
sempre nas novelas, são caricatos. Quando era o Tufão ninguém falava nada.
Agora, que é o Coronel Nunes, então é um agravo à instituição militar. Me
poupe!
A nota do blogueiro
Roberto chega a ser pior do que a carta do Coronel Nunes, digo, Neves. É como
se no exército não existissem pessoas como o Capitão Téo ou o Capitão Élcio, um
romântico e outro mau caráter. Há de ambos os tipos como qualquer instituição
humana. Como na polícia civil há delegados e delegadas tão burras como a delegada
da qual não me lembro o nome agora.
O que não se vê é que
a novela já é um gênero literário no Brasil com suas virtudes e defeitos. Eu
gostaria de ver era o Coronel Nunes num folheto de Cordel, ou num duelo de
repentistas. Talvez, os intelectualóides adorassem. Mas, como a novela é o
“ópio do povo” brasileiro e é a Globo que tem quase o monopólio de audiência do
gênero. Todos querem tirar uma casquinha.
Eu não estou gostando
da trama da Glória Perez por outros motivos. Por exemplo, faz propaganda das
UPP de forma uma que o Coronel Nunes, digo, Neves, deveria agradecer. Quando se
sabe que a realidade não é bem aquela que ela dá ênfase. E também porque os
personagens para serem entendidos pela massa (isto faz parte do gênero) estão
caricatos em demasia, até para o gênero. Aquela trama das crianças
contrabandeadas chega a ser risível, pela irrealidade.
Eu tenho um filho que
diz ser militar porque fez o CPOR certa época e diz que está gostando da
novela, não vendo nada demais. E tenho alguns amigos de mais idade que são
militares e que acham até que é bom mostrar que “os brutos também amam”, e eu
diria também roubam, torturam e matam. No entanto, não devemos confundir uma
instituição com pessoas que as compõem. Eu não gosto do Lewandowhisky, mas,
isto não desmerece o STF. Alguém pode não gostar da delegada Heloisa (lembrei o
nome), mas, ela não desmerece por si só a Polícia Civil.
O que penso é que o
Coronel Nunes, digo, Neves está é tentando encher a bola do Exército, que vem
murcha (e deve ficar mesmo até que precisemos brigar com a Venezuela) há algum
tempo, por falta de verba em todos os quartéis. Colocar esta instituição como polícia
no morro do alemão é que é o verdadeiro erro de nossa combalida segurança, mas,
disto nem a Globo nem a Glória Perez tem culpa.
Lucinha Peixoto (Blog
da Lucinha Peixoto)”
Todos que me leem sabem que gosto muito de novelas e que a
Globo hoje monopoliza o setor porque conseguiu juntar todos os melhores
componentes deste gênero artístico/literário moderno no Brasil. E jamais
poderia deixar em branco a oportunidade de falar sobre isto.
Primeiro, porque a novela da Glória Perez não chega nem de
perto à anterior (Avenida Brasil) e nem mesmo da Guerra do Sexos, mas traz
alguns temas interessantes. O que o Coronel Art R1 (perguntei a meu filho o
significado disto ele disse que é Artilheiro e o R1 quer dizer que é primeira
classe e ele é R2 pois fez o CPOR), ficou danado ao se ver retratado nas telas,
e com um personagem que tem o seu mesmo posto, e que é Cavaleiro (será isto mesmo
quem é da cavalaria?) e não foi nada cavalheiro com a rede Globo.
‘Um exército que se
preza (e é o nosso caso), não necessita andar na mídia fazendo parte de
historietas, a troco de migalhas, de luzes ou da simpatia da mídia.” Diz o
coronel iradérrimo. Eu já diria que um exército que se preza não fica se
importando com picuinhas teatrais, televisivas ou cinematográficas, que o
representa. Penso que, pelo que aconteceu há pouco tempo, quando o exército
encabeçou a ditatura mililtar, o coronel está um pouco inseguro quanto à
natureza de sua instituição. Quem já viu filmes como MASH retratando o exército
americano não deu nem tempo de pensar que naquela instituição poderia muito bem
haver personagens como aquele retratado no filme, como existem militares que
agem como os personagens da novela das 9.
Ele talvez não seja da mesma facção que criticou a forma
como se colocava o exército, numa trama noveleira (até vista pelo Roberto, e
por mim apenas para verificar as cenas de violência e deixá-la de lado) numa
outra emissora, retratando as torturas. Seriam ali “historietas” ou história. Eu diria: apenas novelas.
Não quero me alongar muito pois meus leitores já se
alinharam ao meu novo estilo de uma mulher não prolixa. Só queria arrematar
dizendo que não vi nenhum denegrecimento do exército na novela. O coronel
deveria era assistir a novela, como bom noveleiro que deve ser, e pensar que o
mundo mudou no Brasil e o Exército hoje é comandada por uma mulher, que também
deve lacrimejar com alguma das tramas da Globo. Dizem que o Lula chora chora
copiosamente. Salve Jorge!
P.S.: Já estava terminando o texto acima quando vi no Fantástico da Globo algumas mulheres delegadas dando depoimentos e sem reclamar nada da novela. A carta do Coronel, penso eu, vai ficar como "coisas de coronel", lembrando do Coronel Zé Abilio.
P.S.: Já estava terminando o texto acima quando vi no Fantástico da Globo algumas mulheres delegadas dando depoimentos e sem reclamar nada da novela. A carta do Coronel, penso eu, vai ficar como "coisas de coronel", lembrando do Coronel Zé Abilio.
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