quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Sobre Bom Conselho, as Origens das Espécies e o Bolsa Família (Parte I)




Ontem, em um texto despretensioso sobre a política de Bom Conselho, fui comentada pelo Prof. Hadriel Ferreira, que é nascido na nossa região do Agreste Meridional e conterrâneo do meu colega Zezinho de Caetés e do nosso “amado”, “querido” e “idolatrado” presidente Luiz Inácio. Nós temos algumas afinidades ideológicas, disso já sabia, entretanto, nunca pensei que ele estivesse estado tão perto de minha terra.

O comentário foi mais a uma foto que ilustra o texto do que ao texto em si. Esta foto mostra a Casa do Coronel Zé Abílio em Bom Conselho. Como a foto foi alterada para um artigo do Blog da CIT, ele poderá até pensar que lá é realmente uma Academia de Letras de nossa cidade. Não, caro Hadriel, não é. Ainda é a casa da Ismênia, que segundo você é tia de uma sua namorada na faculdade. Agora eu é que fico ruminando, de quem é filha a sortuda criatura que namorou como você, pois pela sua foto você é um gato (com todo respeito pois não conheço o temperamento de sua esposa), pois conheci todas as irmãs da Ismênia. Também fiquei nostálgica.

Para curar a nostalgia fui ao Blog da CIT e li o artigo onde estava esta foto, que repito aí acima, e que pode ser visto aqui em seu original e com outras fotos ilustrativas. Eu já havia lido, mas me surpreendi pela sua atualidade e pela habilidade do meu colega ateu-cristão Cleómenes Oliveira desenvolver o assunto.

Eu não sei onde está o Cleómenes, que talvez esteja lá por perto do Hadriel pela floresta amazônica a defendendo, mas ele merece, tanto quanto o Diretor Presidente, que o Zé Carlos homenageou na AGD, também uma homenagem, e que já comecei publicando outro seu texto (aqui). Naquela época todos éramos prolixos, e escrevíamos em blogs esperando ir para alguma Academia de Letras, então, resolvi publicar o artigo em duas partes, pois hoje só quem almeja a academia em Bom Conselho é o Zetinho, embora, já cansou de bater na tecla.

A imaginação do Cleómenes era fantástica e este texto é apenas uma amostra. É uma pena que, sendo ateu, não vá para o mesmo lugar que eu quando morrer, que é sentada à mão direita de Deus pai, todo poderoso, e ele que me perdoe, se quiser me colocar na esquerda, eu não quero, e se for a esquerda brasileira eu prefiro o purgatório. Fiquem com o Cleómenes:


“Recentemente se comemorou o 200º aniversário de nascimento do cientista inglês Charles Darwin (1809-1882), conhecido, principalmente, pelo seu livro Sobre a Origem das Espécies*.

Nele, depois de viajar pelo mundo colhendo evidências e fazendo hipóteses, Darwin levantou a mais polêmica de todas: os ancestrais do homem são mais parecidos com os macacos do que com Adão. Aqueles que achavam que Deus fez o homem à sua imagem e semelhança começaram a dar algum valor aos chimpanzés, mesmo que todas as afirmações a este respeito, até agora, tenham seus prós e seus contras, sem conclusões fatais para um lado ou para o outro.

O que todos sabem de fato, sobre esta viagem, é de sua passagem, entre outros lugares, pelo Brasil, pelas cidades de Salvador (Bahia) e Rio de Janeiro. Em Salvador o SMS Beagle, navio em que viajava, aportou em 29 de fevereiro de 1832, local onde ele ficou maravilhado com a floresta tropical, e mostrou sua sensibilidade ao classificar a escravidão como uma atitude humana ofensiva e, por isso, quase foi banido da expedição.

O que muitos não sabem é que durante esta parada na Bahia, ele fez uma esticada pelo interior do Brasil, - ver roteiro no Mapa - atingindo Sergipe, Alagoas, e depois, indo até uma área com as seguintes confrontações: “as terras ao Sul de Alagoas (Palmeira do Índios, Tanque d’Arca, Campo de Anadias); em Pernambuco ao Norte faziam divisas com o município de Garanhuns, próximo ao povoado de Brejão de Santa Cruz, a Leste com o Poço do Veado e a Oeste com o município de Águas Belas.” Esta região foi a ele indicada por pessoas que, ao saber dos seus objetivos como estudioso, havendo passado por ela, souberam de algumas espécies, parecidas com veados e caititus (porco-montês), que já nasciam gordos e castrados. Na época a localidade em lide já se chamava de Papacaça.

Ao chegar lá, com sua curiosidade à flor da pele, como convém aos cientistas, ele perguntou a origem daquele nome. Foi lhe contado por um morador local (poderia ser um ancestral de Zé Bias, fala-me alguém no ouvido) ser um costume antigo pegar os animais que serviam de alimentação, castrá-lo e soltá-lo para que depois, pela sua abundância, fossem pegos mais gordos. Daí, começaram a chamar aquela localidade de Capacaça. Já mais tarde, continua o respondente, por volta de 1774 o povoado, que tinha à frente Matias da Costa Villela, que construiu uma igreja sob a invocação de Jesus, Maria e José, se tornara um homem influente entre os colonos e os comerciantes. Não era só o chefe da família patriarcal. Era também chefe político da região e muito conhecido pelo nome de Comandante. Possuidor de grande autoridade e por não gostar do nome Capacaça, mudou o nome do povoado para Papacaça.**


Cleómenes Oliveira
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* "On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life" - Sobre a origem das espécies através da selecção natural ou a preservação de raças favorecidas na luta pela vida

**Alguns trechos que soem como algum fato histórico real deve-se a várias fontes, e aqueles relacionadas com Bom Conselho, deve-se a Celina Ferro no livro: De Capacaça a Bom Conselho. As fotos são da CIT, Internet (vários sites) e do Saite de Bom Conselho (Agradecemos a Saulo Neto, administrador do saite em 2056 pela autorização).”

4 comentários:

  1. Lucinha, foi entre 2002 e 2006 que conheci Bom Conselho, um lugar interessante. Conheci a senhora Ismênia nesse período, bem como a sua irmã, D. Josefa, que quase tornou-se minha sogra, hehe. Hoje não tenho mais contato. A casa do Sr. Roberval Porto ficava a oeste desta casa da foto, ao sul da praça, à direita na foto. Nunca me explicaram direito sobre esse tal coronel. Era um assunto não recorrente. Citaram algumas vezes, sem muito ímpeto. Terei perdido uma parte da história de Bom Conselho?

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  2. Hadriel,

    Você não perdeu só uma parte da história de Bom Conselho. Perdeu a oportunidade de fazer parte dela efetivamente. A história de Bom Conselho, poderia ser contada da seguinte forma se você tivesse subido ao altar com a filha da Zefa Maria (era assim que a chamavam):

    Deus vendo que tinha feito tudo de bom resolveu povoar o município e criou o coronel Zé Abílio não muito parecido com ele, que foi prefeito de Bom Conselho por 3 vezes. Zé Abílio gerou Lindinalva (ou Lindalva, não estou bem certa) que casou com João Felino que foi prefeito. João Felino gerou Zefa Maria que casou com Roberval que não se meteu em política. Roberval gerou (aqui viria o nome de sua ex-futura esposa) que casou com Hadriel, que foi prefeito em 2008 e agora tenta a reeleição.

    Jocosidades a parte, eu conheci toda a turma com algumas diferenças de idade. Foi uma família influente e ainda hoje a luta feroz que se trava é para sentar na maior cadeira do Palácio José Abílio, que quase foi seu parente. A história de Bom Conselho, para o bem ou para o mal, sem o Coronel, poderia ser escrita numa postagem do meu blog.

    De qualquer forma foi um prazer saber que você já passou pela minha terra. Desculpe as minhas jocosidades quanto a lhe imputar algum destino político. É porque sua terra já é famosa por um político que nasceu por lá, e que hoje rezo muito para que ele se restabeleça para eu mete-lhe o malho.

    Um abraço

    Lucinha

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  3. Só não gostei do ex-futura esposa! Mas entendi seu raciocínio! Parabéns pelo blog. Apesar de não comentar,leio seus textos, dou uma passadinha...Grande abraço e sucesso.

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  4. Obrigado pela aula, Lucinha. Você é a dona de casa mais inteligente e informada que já vi. Bjs.

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