segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Sobre postes e apagões





Por Mary Zaidan (*)

No final da noite da última quinta-feira, quando nove estados do Nordeste, parte de Tocantins, do Pará e do Distrito Federal ficaram mais uma vez no breu, piadas começaram a pipocar nas redes sociais. A maioria delas mangava da frase de Lula - “de poste em poste vamos iluminar o Brasil inteiro” –, dita nos palanques de Campinas e de Fortaleza.

Na capital cearense o ex-presidente ainda acrescentou mais palavrório de efeito: “Somos um poste e eles um candeeiro apagado sem pavio”.

Ironia do destino. Dois dias depois, milhões de nordestinos tiveram de recorrer a velas, lamparinas, lampiões, luzeiros, grisetas. E também a candeeiros.

Foi o quinto apagão de grandes proporções em pouco mais de um mês. Um deles apelidado de apaguinho pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em desrespeito absoluto à população que amargou a escuridão.

De novo, Dilma Rousseff ficou irritadíssima. Espumou. Aliás, se a física desenvolvesse sistemas para captar, transformar e armazenar a energia gerada pelas brabezas da presidente, boa parte das deficiências do sistema elétrico brasileiro estaria resolvida.

Por sua vez, o ministro interino de Minas e Energia Márcio Zimmermann tateou no escuro. Primeiro, em tom ponderado, considerou tudo bastante “anormal”, disse que não sabia explicar tantos apagões em tão pouco tempo.

Em seguida, sabe-se lá a partir de quais premissas, garantiu que o sistema elétrico brasileiro é um dos mais seguros do mundo e que todos podiam ficar tranquilos que não faltaria energia para a Copa do Mundo de 2014.

E até lá? Mais velas, lamparinas, lampiões, luzeiros, grisetas e candeeiros?

Para Lula isso pouco importa. Apagão é problema da presidente Dilma, ainda que isso ofusque o seu poste mais brilhante.

A energia do ex está voltada para outras fontes: eleição e mensalão. Quer porque quer que os resultados das urnas deste domingo tenham o dom luminoso de apagar as manchas do julgamento do mensalão que, se não o sentenciou diretamente, condenou de forma irrecorrível os modos e métodos de seu governo.

Lula, o iluminado, não contava que juízes da Suprema Corte, a maioria por ele indicados, pudessem ter luz própria. Por sua ótica, ele é o sol, o astro-rei. Todos os demais têm de gravitar em torno dele.

Mas até ele sabe que, por mais vitórias que colha hoje, por mais que insista no discurso do julgamento das urnas, o mensalão turvou a sua história.

E não há postes capazes de iluminar essa treva.

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(*) Publicado em 22.10.2012 no Blog do Noblat. Os petistas hoje estão cantando vitória somente pelo poste Haddad em São Paulo, que Lula anda espalhando que vai dar à luz na capital paulista. Eu como sendo recifense, depois de ser bom-conselhense, só posso dizer que os paulistas, repetida a administração petista padrão, só terão a lamentar. Se eles, por inércia, não tirarem ou derrubarem o poste no próximo pleito, a marginal Tietê, virará mesmo o Tietê dos marginais.

E outra coisa. Estão dizendo que a vitória em São Paulo se deve a Lula, mas é verdade só em parte. Em breve o Maluf virá cobrar sua alma vendida ao “inocente” turco por menos de 30 dinheiros. E eu já estava até pronta como pernambucana a bancar o projeto do neto de Arraes a presidência, mas, seu apoio a Lula e Maluf em São Paulo só fez arrefecer meus ânimos. Lula o engabelou direitinho e isto vai prejudicá-lo muito.

Aqui em Recife o Lula transformou o Humberto num poste tão pesado que ele caiu no desembarque e quebrou a luz. Graças a Deus. E isto aconteceu em todo o país. Até o ACM venceu em Salvador, para não falar da humilhação de Manaus. No fundo no fundo quem venceu em São Paulo foi Maluf e Marta Suplicy. Ambos ganharam seus cargos.

Mas, escrevo sobre o Brasil para não ficar enferrujada. Minha expectativa maior é em relação a Bom Conselho, esperando a ida do Dandan à Paraíba. Bom Conselho merece esta ida. (LP).

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