sexta-feira, 17 de maio de 2013

"Mais Lobão e menos Chico Buarque" - Um pastoril





Vi um texto do Rodrigo Constantino num blog, e que parecia ser uma resenha de livro lançado pelo Lobão, sim, aquele mesmo que meus filhos tinham medo quando eu nele falava há alguns anos atrás, porque pensavam me referir ao Lobo Mau, e que li por o livro se chamar: “Manifesto do Nada na Terra do Nunca”. Gostei tanto do título, que mesmo sem conhecer o livro, e apenas sabendo que o Rodrigo Constantino é um jovem economista liberal, que eu fui ler. O nome do artigo é “Mais Lobão e menos Chico Buarque”, e foi publicado orinigalmente no O Globo.

Achei o texto tão bom que resolvi comentá-lo, e colocá-lo em forma de Pastoril, talvez em homenagem ao nosso liberal maior, o Zezinho de Caetés. Então, o que vem abaixo é de autoria minha e do Rodrigo Constantino. O que vem em azul é dele e o que vem em vermelho é meu. Escolhi as cores porque, em termos ideológicos, ele parece, em relação a mim, está alguns centímetro a mais para a direita. Neste caso não há disputa e espero que tudo termine cor de rosa.

A bundamolice comportamental, a flacidez filosófica e a mediocridade nacionalista se espraiam hegemônicas. Todo mundo aqui almeja ser funcionário público, militante de partido, intelectual subvencionado pelo governo ou celebridade de televisão, amigo. É o músico Lobão com livro novo na área. Trata-se de Manifesto do Nada na Terra do Nunca, e sua metralhadora giratória não poupa quase ninguém.

Eu considero o Lobão um Loucão. Nunca o achei um bom músico e nem um excelente em nada no que faz. Mas, isto não o impede de publicar um livro que seja excelente, embora ainda nem o conheça, mas, confio plenamente nas palavras do Rodrigo Constantino. Estou apenas sendo um pouco enxerida em fazer este pastoril com ele, mas, não resisti, apesar de me considerar uns 10 centímetros mais a esquerda do que ele.

A verdade comprovada de que todos querem ser funcionários públicos ou viver às custas do estado é quase incontestada. Apesar de termos casos, como o de Lula que hoje vive da empresa privada, cobrando palestras até dos sindicatos, ele apenas se espalda no que o Estado já lhe deu e pode dará para convencer seus clientes.

Polêmico, sim. Irreverente, sem dúvida. Mas necessário. As críticas de Lobão merecem ser debatidas com atenção e, de preferência, isenção. O próprio cantor sabia que a patrulha de esquerda viria com tudo. Não deu outra: fizeram o que sabem fazer, que é desqualificar o mensageiro com ataques pessoais chulos, com rótulos como reacionário ou roqueiro decadente. Fogem do debate.

A história de desqualificar o mensageiro é típica das esquerdas. Eu, pelas minhas ideias de oposição em minha terra, fui ameaçada e vítima das maiores calúnias. Isto parece não ser só um defeito das esquerdas no Brasil, e sim, daqueles que evitam o contraditório, a qualquer custo, porque geralmente tem o que esconder. Não há debate, quando um lado se considera divino. E em muitos cantos do Brasil estão divinizando políticos. Nunca vi tanta desfaçatez.

Lobão tem coragem de remar contra a maré vermelha, ao contrário da esquerda caviar, a turma radical chic descrita por Tom Wolfe, que vive em coberturas caríssimas, enxerga-se como moralmente superior, e defende o que há de pior na humanidade. No tempo de Wolfe eram os criminosos racistas dos Panteras Negras os alvos de elogios; hoje são os invasores do MST, os corruptos do PT ou ditadores sanguinários comunistas.

Chega-se ao ponto de, depois do julgamento mais importante de nossa história, de tentar defender outro julgamento para certos casos, que se aceitos, serão um começo de funeral para a Justiça brasileira. Se eu pudesse influenciar o STF eu até diria que se julgasse outra vez o Zé Dirceu, e o absolvesse de todas as acusações em pleno período eleitoral em 2014. Este seria, então, o candidato do PT, como foi sempre a intenção do Lula antes da descoberta do mensalão, que ele negou até pouco tempo atrás. E quem seria o tesoureiro da campanha? O anjo recuperado Delúbio Soares, assessorado pelo João Paulo Cunha, nesta época, já outra vez presidente da Câmara. O Genoino como vice seria a chapa perfeita.

O roqueiro rejeita essa típica visão brasileira de vitimização das minorias, de culpar o sistema por crimes individuais, de olhar para o governo como um messias salvador para todos os males. A ideia romântica do Bom Selvagem de Rousseau, tão encantadora para uma elite culpada, é totalmente rechaçada por Lobão.

Eu preciso comprar o livro para ver como o Lobão desenvolve este raciocínio. Eu o venho aplicando à política de cotas raciais, já faz algum tempo. E ele se aplica também às políticas públicas referentes a outras minorias, como índios, e até homossexuais. Eu sempre pensei e ninguém me provou o contrário que as políticas de cotas raciais, beneficiam alguns negros e prejudicam a ração negra, e aqueles que a ela pertencem de forma mais evidente, trazendo o estigma da cor da pele gerado historicamente, para uma luta aberta entre raças (que para mim nem existem de fato) e que apenas nos prejudicam.

A ideia de que o governo é uma solução para tudo e que leis podem mudar os valores sociais e culturais do dia para noite é uma verdadeira enrolada. Se eu quisesse hoje entraria numa universidade, que alguns me cobram (eu não), da forma mais fácil. Bastaria me apresentar, e quanto vista a minha tez, o guarda racial diria logo: Esta não precisa nem fazer vestibular. Nem o cabelo dela nega, é realmente, mulata na cor. Daqui a alguns anos, eu ficarei com receio de colocar minha foto nos documentos por que serei taxada como proveniente da “política de cotas”. E isto ocorrerá para todos de cor um pouco mais escura, independentemente, da competência ou não. Será o mercado dando o seu troco à afoiteza em querer mudar a sociedade de afogadilho.

Compare isso às letras de Chico Buarque, ícone dessa esquerda festiva, sempre enaltecendo os humildes: o pivete, a prostituta, os sem-terra. A retórica sensacionalista, a preocupação com a imagem perante o grande público, a sensação de pertencer ao seleto grupo da Beautiful People são mais importantes, para essas pessoas, do que os resultados concretos de suas ideias.

Não vou dizer que nunca gostei das músicas do Chico Buarque. Eu gosto sim. O que não gosto mesmo é de suas posições políticas. Os temas que ele aborda nelas podem ser assimilados pela beleza de suas melodias. Mas, depois de um incursão no meio artístico como escritor, foi mostrado que sua genialidade na música não fazia jus à sua mediocridade com escritor.

Certa feita, no Blog do Roberto Almeida, que agora fica bradando estatísticas de acessos (e isto quem faz está em queda), vi que o Chico Buarque viria para um festival em Garanhuns. Naquela época eu comentava ainda em seu blog e fiz uma crítica tremenda sobre a escolha. As esquerdas “tavares correia” de Garanhuns fizeram pior comigo do que as esquerdas “palestra do Lula” fizeram com o Lobão. Mas, parece que graças a Deus e a mim, o Chico não veio. Menos mal.

Vide Cuba. Como alguém ainda pode elogiar a mais longa e assassina ditadura do continente, que espalhou apenas miséria, sangue e escravidão pela ilha caribenha? Lobão, sem medo de ofender os intelectuais influentes, coloca os pingos nos is e chama Che Guevara pelos nomes adequados: facínora, racista, homofóbico e psicopata. Quem pode negar? Ninguém. Por isso preferem desqualificar quem diz a verdade.

Quando toco no tema de Cuba, que traz Che Guevara de contra peso, eu fico triste porque vou discordar do Guerrilheiro das Sete Colinas, o Altamir Pinheiro, que quer salvar a reputação do Porco Fedorento, o Che, retirando a ligação dele com a ditadura cubana. Não há mais como fazer isto. Eu gostaria de encontrá-lo pessoalmente para pedir-lhe que retirasse a boina para ver o que aconteceria quanto a estas suas ideias. Penso que o problema está nela, ou pelo menos na estrela.

E o inusitado disto é que eu também brigo com o meu conterrâneo Marlos Duarte, pelo seu amor a Cuba e ao Fidel. Eu até penso, que depois de certo tempo, quando a luta pela sobrevivência endurece os corações, até mudar de ideias, mesmo com todas evidências se torna difícil. Mas, na época de hoje, dizer que Cuba ainda é um país que nos possa ensinar alguma coisa é um anacronismo cavalar.

Lobão, que já foi cabo eleitoral do PT, não esconde seu passado negro, não opta pelo silêncio constrangedor após o mensalão e tantos outros escândalos. Prefere assumir sua imbecilidade, como ele mesmo diz, e mudar. A fraude que é o PT, outrora visto como bastião da ética por muitos ingênuos, já ficou evidente demais para ser ignorada ou negada. Compare essa postura com a cumplicidade dos intelectuais e artistas, cuja indignação sempre foi bastante seletiva.

Neste ponto eu nunca fui imbecil. Nunca morri de amores pelo PT e desde sua criação, quando ainda não pensava nem em entrar para política, eu nunca fui muito chegada ao Lula e aos seus companheiros. Achava-o, como ainda o acho um apedeuta convicto, daqueles que, se subissem poderia prejudicar muito a juventude brasileira. E não deu outra. Quantas crianças deixaram de estudar, porque isto não é necessário para ser presidente? Eu já vi muitas. E hoje, mesmo que se estude, só chegando ao curso médio está bem. Lula, não chegou nem lá e virou Deus. E o pior de tudo é que ele, o apedeuta, se orgulha de sua preguiça para estudar, a não ser quando está inaugurando uma nova universidade, que normalmente, não tem recursos humanos para funcionar.

Outra área sensível ao autor é a Lei Rouanet, totalmente deturpada. Se a intenção era ajudar gente no começo da carreira, hoje ela se transformou em bolsa artista para músicos já famosos e estabelecidos, muitos engajados na política. Lobão relata que recusou um projeto aprovado para uma turnê sua, pois ele já é conhecido e não precisava da ajuda do governo. Compare isso aos ícones da MPB que recebem polpudas verbas estatais, ou que colocam parentes em ministérios, em uma nefasta simbiose prejudicial à independência artística.

Sem comentários sobre esta Lei Rouanet. Virou cabide de emprego de artista ruim.

O nacionalismo, o ufanismo boboca, que une gente da direita e da esquerda no Brasil, também é duramente condenado pelo escritor. Quem pode esquecer a patética passeata contra a guitarra elétrica que os dinossauros da MPB realizaram no passado? Complexo de vira-latas, que baba de inveja do império estadunidense. Dessa patologia antiamericana, tão comum na classe artística nacional, Lobão não sofre. O rock, tal como o conhecimento, é universal. Multiculturalismo é coisa de segregacionista arrogante.

Eu sempre adorei Michel Jackson, mesmo que ele quisesse se tornar branco. Nesta área ele virou um símbolo daquele país maluco que são os Estados Unidos. O nosso complexo de vira-latas, nos levou a nos afastar dos sistemas democráticos de governo, porque os americanos eram seu maior exemplo. E foram surgindo os ditadores latino americanos, cujo exemplo mais recente é o Hugo Chávez. No fundo, no fundo o principal sintoma do complexo do cachorrão é a inveja. Todo mundo quer ser comportar como americanos, mas, antes tem que falar mal dele. A China está aí, que não me deixa mentir. E quem duvida que os cassinos de Cuba, de antes da revolução, abrirão brevemente por lá, para eles não morrerem de fome com na Coreia do Norte? E tem partido no Brasil, da linha coreana. Pode?

No país do carnaval, futebol e novelas, onde reina a paralisia cerebral, a mesmice, o conformismo com a mediocridade, a voz rebelde de Lobão é uma rajada de ar fresco que respiramos na asfixia do politicamente correto, sob a patrulha de esquerdistas que idolatram Chico Buarque e companhia não só pela música.

Eu não seria tão cruel ao ponto de desejar que o Brasil perdesse a Copa do Mundo, porque a copa no Brasil foi uma ideia do Lula, e surgida numa época na qual ele precisava de apoio eleitoral. Mas, vendo o Brasil jogar nos últimos jogos, a empáfia do Felipão em convocar jogadores totalmente descomprometidos com nossa seleção (vivem torrando o dinheiro que sobra dos seus gordos salários no exterior), eu cada dia tenho mais saudade do João Saldanha de 1970. Deus queira que eu minta, mas, não tenho segurança nenhum na Copa de 2014 e nessas das confederações está tudo dominado.

Em um país de sonâmbulos, anestesiados com uma prosperidade ilusória e insustentável; em um país repleto de gente em busca de esmolas e privilégios estatais; em um país sem oposição, onde até mesmo Guilherme Afif Domingos, que já foi ícone da alternativa liberal, rendeu-se aos encantos do poder; o protesto de Lobão é mais do que bem-vindo: ele é necessário. Precisamos de mais Lobão, e menos Chico Buarque.

Já dissemos tudos.

Um comentário:

  1. A HISTÓRIA ESTÁ AÍ PARA QUEM QUISER VÊ-LA OU RELÊ-LA, A “ESQUERDA” PETRALHA E COMUNALHA TRANSFORMOU MITOS, LENDAS E MENTIRAS, EM VERDADES INQUESTIONÁVEIS NESSA TERRA DA FULEIRAGEM, ONDE TIVEMOS ATÉ UM SEBOSO E TEMOS UMA EX-TERRORISTA COMO PRESIDENTES. OS CHICOS DA VIDA ENFIARAM A CULTURA E O PENSAMENTO DO BRASILEIRO EM UMA PANELA DE MEDIOCRIDADE. PARA ELES, A REALIDADE, OS FATOS, SÃO APENAS DETALHES IRRELEVANTES E NADA MAIS... A COISA É MESMO DE AMARGAR, NÃO É À TOA QUE ESSES PIRRALHOS AFOGADOS NOS MITOS E LENDAS DA “ESQUERDA”, DIZEM QUE MARXISTAS TREINADOS EM CUBA COM DINHEIRO DA UNIÃO SOVIÉTICA LUTAVAM PELA DEMOCRACIA BURGUESA, POR MAIS RIDÍCULO QUE SEJA ISSO. E O FAZEM NA CARA DE PAU, SEM RUBORIZAR AS “BUXEXAS”. DE RESTO, O TÍTULO DO LIVRO DO LOBÃO RESUME TUDO: “Ele, que já foi cabo eleitoral do PT, não esconde seu passado negro, não opta pelo silêncio constrangedor após o mensalão e tantos outros escândalos. prefere assumir sua imbecilidade, como ele mesmo diz, e mudar. A fraude que é o PT, outrora visto como bastião da ética e da moralidade por muitos ingênuos, já ficou evidente demais para ser ignorada ou negada”. SINCERAMENTE, JÁ VI QUE EU SOU MESMO UM BABACA. EU ADORAVA O CHICO...

    ResponderExcluir