terça-feira, 14 de maio de 2013

Porto inseguro





Por Mary Zaidan (*)

Dilma Rousseff, Lula e o PT só pensam naquilo: reeleição, eleição, reeleição. Não necessariamente nessa ordem, já que depende da maré - leia-se, da economia - quem será o protagonista em 2014.

E de tanto pensar no calendário eleitoral, a presidente, que nunca foi lá muito jeitosa na arte da conversação, move-se trôpega na política. Ainda não a ponto de comprometer sua liderança suprema, mas já turvando o cenário que emoldura a ambição de poder eterno do PT.

A MP dos Portos é um exemplo acabado disso. Ninguém em sã consciência é contrário à modernização dos portos do País. Torce-se para que o Brasil consiga desatar os nós cada vez mais cegos pela corrupção, leniência pública e oportunismo privado que se imiscuem há anos nos portos brasileiros.

Mexer nesse vespeiro é um ato de coragem. Mas por que a prepotência? Por que não fazê-lo direito?

A resposta parece estar no fato de Dilma crer que tudo sabe. De seu governo ter aversão à política, diagnóstico expresso nas contundentes críticas que o líder do PMDB na Câmara Eduardo Cunha (RJ) fez em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Entre uma estocada e outra, o deputado disse que o governo “não articula e depois quer impor o que o tecnocrata decide”, e que quem escreveu a MP nunca teria visto um contêiner.

Cunha pode ser flor que não se cheire - é réu na Suprema Corte por falsificação de documentos. Mas sua fala traduz com precisão cartesiana o comportamento da presidente.

Especificamente na questão dos portos, Dilma abusou. Buscou apoio de empresários sem se dar conta de que cada um cuidaria de seus próprios interesses. Ganhou Paulo Skaf, presidente da Fiesp, de olho em um trampolim para disputar o governo de São Paulo, Jorge Gerdau e Eike Batista, ambos investidores diretos em portos, e que se digladiam.

Amansou trabalhadores que ameaçavam greve, mas só adiou o embate. E nem deu bola para o Congresso, segura de que a pressão sobre a gigantesca base, ainda que pelas práticas franciscanas do toma-lá-dá-cá, asseguraria a vitória.

Em um flanco, sumiram os votos do PSB do governador Eduardo Campos, que não admite a hipótese de perder poderes sobre o porto de Suape (PE). Em outro, não teve o apoio de parte do PDT de Paulinho da Força (SP) e do PSD de Gilberto Kassab. E o PMDB lhe puxou o tapete.

O governo que angariou a maior base de apoio já vista na história deste País está paralisado por essa mesma base. Por soberba, incompetência e inapetência da presidente. Até agora, uma combinação que só lhe impõe desconforto, mas que tende a se tornar explosiva.

Ainda que Dilma resista a crer, política não é só eleição.

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(*) Publicado no Blog do Noblat em 12.05.2013. Este texto da Mary Zaidan, levaria aqui apenas um “sem comentários”. Porém, ainda não me curei de minha prolixidade. Que Dilma nunca foi política, no sentido de o sê-lo numa democracia, é evidente pelo seu passado. Lembram que ela negociava com fuzil, para instalar uma ditadura stalinista aqui no Brasil?

Como dizia minha mãe, “onde foi casa é tapera”. E “o uso do cachimbo deixa a boca torta”. Lula pensou que a elegendo, ele poderia transformar a “tapera” e consertar a sua “boca”, mas, estava enganado, como ele hoje já admite aos íntimos embora façam programas de TV juntos como o Fredy Astair e Ginger Rogers em filmes de musicais americanos na década de 50.

E aí estamos, sem poder exportar nossa soja e nosso comércio exterior se tornando cada dia menos competitivo, pelo custo Brasil, que envolve a incompetência do PT para governar. E aqui não podemos deixá-lo só, como partido, pois é toda a base aliada que se tornou num balcão de negócios, em que o governo já está servindo.

Mas, a melhor frase da Mary, no texto acima, é a última, onde ela diz que “política não é só eleição”. E para o PT sempre foi, desde o Lula ter assumido, e será agora também. E eles farão de tudo para que continue sendo, mesmo que para isto leve o Brasil a andar para trás feito caranguejo, desde que eles estejam na cabeça dele, mesmo que cheire mal. (LP).

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