Dias atrás eu escrevi aqui sobre uma brincadeira inventada
por um blogueiro sobre o Bolsa Prostituição, e mostrando que, no Brasil, distinguir
entre um piada e um fato verdadeiro está ficando uma tarefa difícil.
Quando ouvimos falar de que o MST invadiu fazendas para
destruir (e não chupar) as laranjas, ficamos no limiar da dúvida sobre a
veracidade de notícia. Quando índios, vestidos de índio, destroem fazendas
porque a justiça disse que as terras não eram deles, aumenta a dúvida. Quando
um futuro ministro do STF diz que o órgão deve servir para defender as
minorias, nosso grau de ansiedade gerado pela notícia invade nosso corpo.
No entanto, neste país nada é bastante para nos surpreender.
Ontem vi uma notícia que me levou a escrever este texto. O Ministério da Saúde,
segundo ele próprio, visando o bem-estar de nossas prostitutas, e tentando
ajudá-las, já que aquelas já na vida há muitos anos não teriam direito a Bolsa
Prostituição, resolveu lançara uma campanha de esclarecimento sobre a
profissão, naquele que é o seu dia: 2 de junho.
Sinceramente, eu não sabia deste dia. E eu acho até muito
justo que a classe tenha um dia também. Afinal de contas temos o Dia do
Professor, que é uma profissão no Brasil muito menos valorizada. Não sabendo,
não tive nem tempo de escrever sobre o justo dia.
E, para que o dia não passasse em branco ou em preto (esta
coisa hoje de preconceito me faz ficar neurótica) bolaram um cartaz (ilustra
este texto) onde uma jaz uma prostituta e uma frase: “Eu sou feliz sendo prostituta”.
Se a frase fosse apenas “Eu sou uma prostituta”, não teria
causado tanta celeuma quanto causou, e teria atingido o objetivo da campanha
porque a modelo da imagem está mais para Rosemary Noronha do que para alguma
frequentadora dos lugares tradicionais de prostituição.
Eu já vejo de forma diferente, associando o fato com o que
significa a defesa das minorias dentro de um sistema democrático. Não existe
democracia sem a defesa das minorias, mas, não existe democracia onde só se sobrepõem
os direitos delas. Ainda supondo, que em nosso país, as prostitutas são uma
minoria e que devem ser defendidas naquilo que são obrigadas ou escolhem fazer,
pode-se muito bem defendê-la e lutar pelo seu bem estar. Isto é uma coisa.
Outra coisa muito diferente é insinuar que, de forma geral,
a prostituição é um caminho para felicidade, como o fazemos com outras profissões.
Existem profissões em que pesam determinados estigmas morais e éticos, que
apesar de serem reconhecidas em nossa sociedade, elas não devem progredir.
Apesar de ser uma das mais antigas profissões da terra, nenhuma mãe, com certos
padrões éticos (não digo nem religiosos porque neste meio isto é quase
imperativo) quer que sua filha seja prostituta. Penso, nem mesmo aquelas que
são e que são bem sucedidas na profissão. O corpo é algo mais do que uma
mercadoria para ser vendido e comprado para fins sexuais.
Alguns dirão ou perguntarão: “E por acaso não vendemos nosso corpo com outras finalidades, por
exemplo, lavar pratos na casa dos outros?”. Quando comparamos atividades
assim e não sentimos nenhuma vontade de distinguir entre elas, é porque se
instalou um relativismo moral tal, que eu temo pela nossa própria
sobrevivência, com seres civilizados.
E aí vem o fulcro da questão. Será esta uma questão de
Estado? Que diabo faz o Ministério da Saúde, para usar nosso dinheirinho para
fazer cartazes como este? Parece que o Ministro demitiu o cara que bolou o
cartaz dando uma desculpa qualquer. Mas, o que deve ter acontecido mesmo é que
o ministro deve ter chegado em casa, olhado para sua filha e perguntado: “Será que ela vai acreditar, e vai fazer
vestibular para esta área?”
Agora me vem a mente, porque apareceu o tal do “kit gay”, que deveria ser usado nas
escolas para evitar o preconceito contra homossexuais. Apesar de ter todo
respeito pelos meu amigos gays, eu sou absolutamente contra este tipo de coisa,
a partir do Estado, assim como sou contra a Lei da Palmada. Existe um limite,
onde o Estado não pode passar, sob pena de vivermos todos sob seus ditames, até
na hora de ir ao banheiro. Se obramos mole, seremos multados, e não ousem
fazê-lo fedorento.
Por isso talvez, eu sou uma das coordenadoras (embora de
longe) de nossa PAPACAGAY (que é uma parada LGBTS da terra de Papapacaça) e ao
mesmo tempo sou contra o chamado PL 122 que criminaliza a homofobia. Para mim,
é mais uma vez o Estado intervindo de maneira indevida e atabalhoada em
assuntos que não deveria lhes dizer respeito. Sou contra até aos subsídios que
a prefeitura parece dará para o desfile. Fui voto vencido.
Eu sempre tive e terei todo o respeito pelas minorias, cujas
atividades podem ser consideradas éticas e que não concorram para o mal social.
O que não posso fazer é que as pessoas que não concordam comigo sejam obrigadas
a agir da mesma forma, gerando leis que são inócuas na maioria das vezes e
prejudiciais às próprias minorias, noutras. (E aqui se fosse falar das tais
cotas raciais teria uma recaída de prolixidade).
Eu até posso pensar que se pode ser feliz sendo prostituta,
mas, até no seio familiar eu não incentivaria uma filha minha a abraçar esta
profissão. Mesmo que a Bolsa Prostituição suba de R$ 2.000,00 para R$ 10.000,00
durante a Copa. No entanto, não criticarei a Vilma se ela, durante este
período, fizer um trabalho temporário. Só não posso é admitir é que se faça
propaganda oficial para isto.
O PT AVACALHOU MESMO ESTE PAÍS... NÃO ESTRANHEM QUE PODE ECLODIR A QUALQUER MOMENTO OUTRA CAMPANHA PETISTA CONCLAMANDO AS PROSTITUTAS A TER CORAGEM DE IMPLANTAR SILICONE NOS PEITOS PELO SUS, NO HOSPITAL DOM MOURA DE GARANHUNS...
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