Este fim de semana, eu tive a honra de receber um comentário
do contenrrâneo Roberto Lira, que, entre outros sentimentos nobres, só aumentou
a saudade de seus debates com o ateu Cleómenes de Oliveira, que como ele bem
diz, “encantou-se” na Floresta Amazônica.
A esta altura nosso amigo comum já deve ter se transformado em índio e poderá
esta brigando pelas mordomias que as minorias têm neste pais. O comentário foi
feito à minha postagem que pode ser lida aqui.
Leiam o comentário e eu volto com alguns adendos:
“Boas tardes amiga LP,
Saio do meu mutismo
para um breve comentário sobre seu parêntese neste texto (tenho saudades do
ateu Cleómenes em seus debates com o Roberto Lira). Não sei se, também, sinto
saudades ou se o que sinto é decepção pelo fim dos referidos debates com Cleómenes.
Na época, saí de um mutismo consciente para uma verborragia escrevinhatória nos
blogs da nossa cidade natal. Talvez inspirado pela ausência do escritor e
amigo-irmão Marlos Urquiza ou por alguma frustração pela dificuldade que sempre
tive em escrever. O certo é que me adentrei por essa seara escrevinhatória e
vivi momentos de alegria e tristeza. Alegria por viver o esforço de escrever e
acompanhar o resultado, em especial sobre as inquietudes que afloravam no meu
interno, e tristeza por constatar que meus diálogos com o Cleómenes de Oliveira
tornaram-se uma quimera, com seu “encantamento” nas selvas da Amazônia. Fazer o
quê?
Também, sinto saudades
da ausência dos nossos jocosos comentários sobre os folhetins da TV Globo. A
falta desses não me trouxe tanta tristeza quanto ao acima referido, tendo em
vista que cansei dos referidos folhetins (parece que até a própria Globo está
cansada dos mesmos e vai agora aproximar o formato dos folhetins da formatação
de seriados, que são mais dinâmicos). Também devo registrar que nossos
comentários tornaram-se difíceis de acontecer tendo em vista que você se
tornou, literalmente, uma comentarista política de primeira, segunda e terceira
ordem e neste campo eu tô fora. Justifico: continuo com o conceito que os políticos
e os sacerdotes configuram a máfia da alma. Nada contra estes, nem a favor.
Portanto, registro a
minha tristeza pelas ausências referidas, mas fico esperançoso que um dia
convergiremos para tratarmos/comentarmos/dialogarmos sobre temas, especialmente
os jocosos, de interesses comuns.
Um abração, e fique
com Deus – com o Deus de Spinoza, aquele que se revela por si mesmo na harmonia
de tudo o que existe, e não o Deus que se interessa pela sorte e pelas ações
dos homens, como manifestou Einstein.
Roberto Lira”
Quando eu penso que em Bom Conselho já tivemos blogs que
mantinham este nível “escrevinhatório”,
e hoje só temos as poetadas, oh mulher, me dá uma pena!
Começo pelo Cleómenes, meu ateu cristão. Não sei realmente
onde ele se meteu. Depois da diáspora do Blog da CIT é único que não sei o
paradeiro. Li na veja desta semana que pegaram um senhor lá para os lados da
Floresta Amazônia que se dizia líder da etnia apurinã e posava com índio,
quando queria, só comprando arco e flecha na feira de artesanato. Seria o ele?
A revista Veja diz que: “Paulo Apurinã,
como o falsário se autodenonina, é habitué de solenidades com ministros de
estado e gaba-se de ter agraciado a presidenta Dilma Roussef com um de seus
cocares de fantasia de Carnanval durante a inauguração de uma ponte sobre o Rio
Negro.”
Eu descobri logo que fosse o Cleómenes pelo físico avantajado
do Paulo Apurinã, mas, tenho certeza que brevemente, teremos uma etnia de índios
ateus, basta esperar. O que me intrigava tanto no Cleómenes e no Roberto, eram
suas convicções firmes naquilo em que acreditavam. O primeiro ateu convicto e o
segundo agnóstico idem. Pelo menos naquele tempo. Não sei se hoje, quando ele
sair de seu mutismo, ele já tenha aderido à religião do Papa Francisco, e
possamos sair, eu, ele e o Padre Marcelo Protázio, em missão evangelizadora
pelo Facebook.
Eu ainda me lembro de nossas conversas sobre os folhetins da
Globo. Eu concordo com ele que as novelas estão cada dia pior. Esta última,
Amar à Vida, dever-se-ia chamar Amar na Vida, pois temos uma média de 3
fornicações por capítulo. É incrível. Mas, eu ainda admiro o Roberto por ser um
homem sincero e dizer que vê a Rede Globo e suas novelas. Esta sinceridade só
encontramos nos intelectuais de verdade. Os “intelectualóides” fingem ler Chico Buarque, enquanto por cima
admiram o nosso gênero literário de maior sucesso, as novelas. E os que dizem
odiar mesmo a Globo vão ver José do Egito na Record.
Eu já sabia que o Roberto não gosta e não liga para política
e para políticos. É por pessoas deste nível não se interessarem por política
que vemos florescer, no ramo, pessoas como o Zé Dirceu. Vocês viram o resumo da
biografia dele? O homem já deveria estar preso há muito tempo. O STF (versão 1,
pois não se sabe o que a versão 2 vai dizer) estava certo ao condená-lo. O homem
é um marginal travestido de homem público. O Lula foi apenas um aprendiz de
marginal, pois quando diz que não sabe de nada, está apenas seguindo o mestre.
É uma pena, que não possa ter o Roberto como candidato a
vereador em Bom Conselho em 2016, para me ajudar a colocar ordem na Casa de
Dantas Barreto. Para que isto ocorresse eu até negociaria quanto ao meu projeto
de nossos edis ganharem apenas um salário mínimo. Não que mudasse o valor, mas,
eu destinaria o quinhão não mais à Casa da Caridade, mas sim a uma instituição
que estudasse temas relacionados com a Ilha de Pala.
Obrigada pelo comentário, amigo Roberto.
Boas tardes amiga LP,
ResponderExcluirMeu freqüente mutismo denota o ócio escrevinhador em que me encontro nos dias atuais. Como não aderi à religião do Papa Francisco, continuo um agnóstico convicto para os problemas propostos pela metafísica ou religião – se é que um agnóstico pode ser considerado convicto –, assim não preciso remir o meu pecado capital da preguiça “escrevinhatória”.
Cada dia que passa torna-se mais difícil uma conversão a crença do Papa Francisco, tendo em vista que as fogueiras da Inquisição não nos amedrontam mais. Alguns ainda ficam temerosos com a ameaça das fogueiras do Inferno ou esperançosos de compartilhar de uma bem-aventurança no Céu, alcançada pelos santos, junto a Deus.
Falando de santos e de Céu as evidências que temos, nos dias atuais, podem ser desastrosas e/ou promissoras. Em relação aos santos vejamos quem pode chegar a esse status. Por exemplo: Madre Tereza de Calcutá, ora em processo de canonização foi símbolo de caridade no século XX. Estudo de pesquisadores canadenses reúne documentos que mostram um lado pouco nobre da biografia da religiosa: descaso com os doentes, ligações com ditadores e corruptos, moral dúbia, etc. – ver reportagem da Isto É, desta semana. Como não quero a companhia na terra de nossos atuais políticos, também, não quero ficar ao lado dos santos católicos no Céu.
Em relação ao Céu, pendo para o texto do Carlos Sena, hoje publicado na AGD, “E se não houver o Céu?”. Complemento a questão do Carlos com: E se não houver inferno nem purgatório? Há dimensões ocultas? O que diz a ciência em relação a essas dimensões ocultas? Como a ciência não é balizada por certezas absolutas, como as crenças, ela tenta se aproximar da realidade através de teorias que vão sendo confirmadas ou rejeitadas e aprimoradas. Uma das teorias em questão é a Teoria das Supercordas, que sugere haver mais 20 dimensões ocultas. Atualmente, a partir dessa premissa, os físicos trabalham com a hipótese de quatro dimensões aparentes e seis ou sete dimensões invisíveis.
Assim, digo como o Sena, o meu Céu é aqui mesmo. Isso me remete a música “Casa no Campo” onde, mesmo sem casa no campo ou sem compor muitos rocks rurais, parodio o Zé Rodrigues e o Tavito:
Eu quero amigos do peito
Poder ficar no tamanho da paz
Ter a certeza dos limites do corpo e da mente
Na minha vida
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero meus filhos de cuca legal
Eu quero a esperança de um mundo melhor
Onde eu possa curtir meus amigos
Meus livros, meus discos, meu Tênis
E nada mais
Abração,
Roberto Lira
PS: Quanto a sua manifestação sobre o meu não envolvimento com as questões políticas você esta coberta de razão. Mas, por opção, continuo fora das questões a ela atinente, pois não tenho solução. A não ser que pudesse levar a vida como na “Ilha de Pala”, a de Aldous Huxley.
Amigo Roberto,
ResponderExcluirLi seu comentário e ainda não tive tempo de agradecer, o que faço agora. Ele só honra este humilde blog escrito por alguém que discorda de você, mas o faz com lágrimas nos olhos pela qualidade do oponente ou contendor de ideias. Tenho certeza que ambos estaremos um dia, e que demore, no paraíso.
Um abraço
Lucinha Peixoto