Aqui em Gravatá, onde estou em exílio forçado pelo
sentimento, fico lendo e escrevendo, mas, sem a alegria de poder publicar o que
escrevo nem ler o que eu quero pela miséria que é a internet neste país. Dizem
que vai chegar um tal de 4G e aqui eu não tenho nenhum G, para relembrar do
Ginásio São Geraldo.
Muitas vezes a conexão vem, me alegro leio blogs, e daqui a
pouco some tudo, volta à tristeza. Agora estou me adaptando seguindo uma lei da
evolução natural (tenho saudades do ateu Cleómenes em seus debates com o
Roberto Lira), quando falta leitura eu escrevo, quando a conexão volta eu
publico. É uma forma de sobreviver com o vício que se tornou uma missão de
defender o povo da minha terra contra enganadores e embusteiros de todas as
espécies.
Mesmo antes de ir aos blogs em seus originais, eu sempre
paro pelas páginas da AGD que o Zé Carlos atualiza sempre (Notícias e Deu nos
Blogs), e é de lá que parto em voo para outras coisas mais detalhadas. Tenho
ficado bem informada por lá, pois não tenho tempo de ler tudo.
Hoje vi duas coisas que merecem meu comentário. Uma notícia
do Blog do Josias diz que o Afif Domingos, sim, aquele que é ao mesmo tempo
vice-governador de São Paulo e ministro de Dilma. Ela (notícia) diz que para
superar o impasse que existe de acumulação dos dois cargos, agora que o
governador Alckmin viajará ao exterior, ele (o Afif) para assumir o cargo sem
problemas, pediu demissão do cargo de ministro pelo período de ausência do
governador.
Isto me pareceu uma piada, em princípio, já que escrevi
sobre tantas ultimamente, como a Bolsa Prostituição e os boatos sobre o Bolsa
Família. No entanto, parece que esta não é uma piada não. Ou melhor, é uma
piada, mas, de humor negro.
O Josias diz que “o Brasil vive uma época de faltas: falta de
saúde, falta de segurança, falta de educação, falta de estabilidade financeira,
falta de recato. Vive-se, em contrapartida, uma fase de excessos: excesso de
descaso, excesso de ruídos, excesso de violência, excesso de desfaçatez,
excesso de incoerência.” E eu acrescentaria, de falta de vergonha extrema.
O poder como fim em si mesmo na política está retirando de nós a condição de
entes civilizados. Tudo se torna válido quando se quer alcançar o poder. Se
para isto temos que voltar à barbárie, não importa muito, pois os bárbaros são
os que perderam as eleições.
E este assunto tem tudo haver com o outro que vi na coluna
Notícias daquele blog, que eu ajudei a criar. Os americanos, às voltas com o
terrorismo, e agora tornaram seu país um imenso Big Brother. Os serviços
secretos agora, não mais secretamente, monitoram as comunicações dos americanos
e, por que não dizer, de todo mundo. E tudo isto com o beneplácito do Obama
como já tinha do Bush, para não entramos em querelas partidárias.
E isto acontece na nação que eu admiro por ter um dos
sistemas de governo que mais liberdade proporciona aos seus cidadãos,
dando-lhes liberdade como nunca visto antes em outro país. O que me encafifa é
a possibilidade de que o Obama esteja certo ao insinuar que para combater o
terrorismo certas liberdades tem que ser limitadas. E me encho de medo quando
aqui no Brasil, lutamos contra este governo que aí está que quer controlar a mídia
em nome de um controle social do qual os americanos sempre fugiram e hoje
parecem ter capitulado.
São coisas desse nível de importância para a humanidade que
todo dia tenho que mesclar aqui com as ameaças à minha liberdade de ir e vir a
minha própria terra, pela incompreensão, do que seja a liberdade individual e
principalmente a liberdade de expressão, por parte de um conjunto de pessoas
sem formação, e mesmo sem educação doméstica. São pessoas que, para ouvirem
aparecerem, subirem ao poder e ganharem dinheiro a qualquer custo, não fazem
questão de tentar interferir na liberdade de expressão das pessoas que não
comentem crime nenhum, a não ser dizer a verdade, e mostrarem seus erros.
Mas, agora já está na hora de voltar e verificar se tenho
conexão novamente, e publicar estas mal traçadas linhas.
Boas tardes amiga LP,
ResponderExcluirSaio do meu mutismo para um breve comentário sobre seu parêntese neste texto (tenho saudades do ateu Cleómenes em seus debates com o Roberto Lira). Não sei se, também, sinto saudades ou se o que sinto é decepção pelo fim dos referidos debates com Cleómenes. Na época, saí de um mutismo consciente para uma verborragia escrevinhatória nos blogs da nossa cidade natal. Talvez inspirado pela ausência do escritor e amigo-irmão Marlos Urquiza ou por alguma frustração pela dificuldade que sempre tive em escrever. O certo é que me adentrei por essa seara escrevinhatória e vivi momentos de alegria e tristeza. Alegria por viver o esforço de escrever e acompanhar o resultado, em especial sobre as inquietudes que afloravam no meu interno, e tristeza por constatar que meus diálogos com o Cleómenes de Oliveira tornaram-se uma quimera, com seu “encantamento” nas selvas da Amazônia. Fazer o quê?
Também, sinto saudades da ausência dos nossos jocosos comentários sobre os folhetins da TV Globo. A falta desses não me trouxe tanta tristeza quanto ao acima referido, tendo em vista que cansei dos referidos folhetins (parece que até a própria Globo está cansada dos mesmos e vai agora aproximar o formato dos folhetins da formatação de seriados, que são mais dinâmicos). Também devo registrar que nossos comentários tornaram-se difíceis de acontecer tendo em vista que você se tornou, literalmente, uma comentarista política de primeira, segunda e terceira ordem e neste campo eu tô fora. Justifico: continuo com o conceito que os políticos e os sacerdotes configuram a máfia da alma. Nada contra estes, nem a favor.
Portanto, registro a minha tristeza pelas ausências referidas, mas fico esperançoso que um dia convergiremos para tratarmos/comentarmos/dialogarmos sobre temas, especialmente os jocosos, de interesses comuns.
Um abração, e fique com Deus – com o Deus de Spinoza, aquele que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não o Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens, como manifestou Einstein.
Roberto Lira