Com o anúncio bombástico da programação do Forróbom, veio-me
à cabeça um série de textos que foram publicados no falecido Blog da CIT, de
saudosa memória. Num deles (aqui) o
Diretor Presidente (DP) fala sobre a festa, e se estenda em sua relação com as
Bolsas que ainda hoje nos rodeiam. Ele, literalmente, divagava pelo Forróbom,
como insinuava no título do seu texto (Divando no Forróbom).
Eu não sei mais onde está o DP, que foi uma das maiores
vítimas de uma mentira do Dr. Filhinho e se exilou em sua própria terra.
Transcrevo seu texto abaixo, e lembro aqui que ele é de 29.06.2009, mas,
poderia ter sido escrito hoje, bastando mudar o nome do prefeito de plantão, e
algumas atrações da festa.
Fiquem então com o Diretor Presidente e vejam se na época do
Seu Gervaz era melhor o pior do que hoje:
“Eu estive no
FORRÓBOM. Aguentei metade dele, no bom sentido. Dez dias de festas, pelo que me
lembro, eu só suportava entre Natal e Ano Novo, assim mesmo quando era jovem e
ficava vagando entre a barraca de Neco e de Seu Belon, passando, às vezes, pela
sorveteria de Juarez para chupar um picolé de côco quadrado, além de rodar pela
Praça Pedro II.
Hoje a festa é longe,
fui de carro e valeu a pena. Até dia 24 tive o prazer de ver e ouvir muitos
forrós e forrozeiros. Hoje o forró tem que ser ouvido e também visto, como
quase todos os rítmos, e devemos isto ao Michael Jackson, que Deus o tenha.
Depois dele o corpo realmente faz parte das músicas. Não sei se ele teve alguma
influência nos jovens de Bom Conselho mas, tenho certeza, deve ter algum
“Maicon Jéquison” nascido por lá.
Revi alguns amigos,
entre outros, Luiz Clério, Álvaro Gomes, Dra. Tarcísia, Valfrido e fiz alguns
de apresentação. No entanto, para dançar mesmo e rebolar como hoje se faz no
forró, não posso dizer com quem, este é o lado negativo de ser Diretor
Presidente, o homem sem nome. O tempo vai passando e custa conhecer as pessoas,
mesmo as que beiram nossa idade. Os mais jovens nem sei de quem são filhos, com
raríssimas exceções como o Felipe Alapenha que só reconheci porque havia fuçado
antes no seu Orkut. Pena que ele torça pelo Náutico.
O que fiz mesmo de
verdade e com prazer e as vezes com tristeza foi conversar com pessoas
anônimas, do povo, simples e alegres. Em sua maioria, eles estavam alí
usufruindo sua Bolsa Forró e gastando uma parte de seu Bolsa Família numa “misturada”, para esquecerem o dia que
passou e não lembrarem que chegará o próximo. Sua alegria é contagiante e
passageira para justificar o ditado popular de que “alegria de pobre dura pouco”.
Lembrei então do “pão e circo” romano, história muito
conhecida por todos que tiveram o privilégio de fazer, pelo menos, o ensino
médio, que remete ao passado da Roma Imperial na qual os governantes ofereciam
às massas excluídas diversões e alimentos para conter qualquer tentativa de
revolta delas contra às elites. Da mesma forma que não é simples a análise e
conclusão sobre se eles conseguiram o seu intento, também não é claro se
podemos chamar a Bolsa Forró e o Bolsa Família, do “pão e circo” do FORRÓBOM.
Por muitos anos não
tivemos em Bom Conselho um governo municipal que falasse em povo, mais do que
fala o atual. Como também nunca na história deste país tivemos um governo que
falasse nos excluídos e menos favorecidos do que o governo Federal atual. A
observação também se aplica ao governo do Estado. Será que isto não passa de um
“pão e circo” generalizado? Só a
História dirá. Mas, que tal metermos o bedelho para influenciar a História?
Vejamos um dos diálogos que tive durante a festa e que guardei de memória e,
devo salientar, não convém confiar na memória de alguém cujas pernas não
aguentaram o FORRÓBOM até o fim.
- Está se divertindo muito, amigo?
- Tá boa a festa. Esse Basto Peroba é dos bons.
- Veio sozinho?
- Não, vim com a mulher, ela tá dançando com meu filho.
- Quantos filhos o senhor tem?
- Tenho cinco. Duas mulheres e três homens. Já tenho dois netos que
também moram comigo. Um marido de minha filha está em Caruaru, tentando a vida
por lá e deixa os netos aqui. Vem assim, nas festas, desta vez não pôde, está
desempregado e não arranjou o dinheiro da passagem. Eu sou pedreiro, mas também
tou parado, uma dor na mão e também parece que estou com hemodiálise ou com
pedra nos rins, o doutor não tem certeza. Tou tentando o benefício.
- E seus filhos fazem o que?
- Um é ajudante de pedreiro, trabalhava comigo mas... o outro faz
entrega no comércio, quando tem. Tava tentando um emprego nesta fábrica que vai
abrir agora, mas parece que deu prá trás. As filhas, uma fica em casa cuidando
dos filhos, e a outra solteira, trabalha na casa de Dona Socorro. Ganha quase
nada, se não fosse esta ajuda que o governo tá dando, sei não... É pouca, mas
como o senhor sabe “o pouco com Deus é muito” e a gente vai levando.
- Me desculpe, mas, quanto o senhor ganha?
- Lá em casa eu ganho o que o governo me dá, parece que é 170,00. Meus
filhos ganham algum, mas não posso nem dizer, se não cortam da ajuda. Só dar
prá passar porque eu não pago aluguel, consegui um terreninho aqui perto e fiz
uma casinha. Quando melhorar um pouco vou ver se faço um puxadinho pra minha
filha casada.
- O que o senhor recebe é do Bolsa Família?
- Eu já ouvi falar este nome lá na Prefeitura, parece que é isto mesmo.
Eles disseram que é o Presidente Lula que dar pra gente. Oh homem bom! Votei
nele junto com todos de minha família. Outros dizem que foi a Dona Judith e
pode ter sido mesmo. Trabalhei pra o pai dela, é uma família de bem. Não tenho
certeza se é ela que dar, só não voto em quem quer tirar nossa ajuda, esta tal
de Bolsa “Famía”. Agora ela que pagou toda esta festa prá nós, só me lembro de
coisa assim na época de “Seu Gerváz”.
Depois deste diálogo,
ao invés de concordar com a aplicação da ideia de “pão e circo”, eu me lembrei de outra: a do “direito divino”. O “direito
divino” dos reis foi uma doutrina política e religiosa surgida na Europa
que pregava ser o rei escolhido pela vontade de Deus. Esta doutrina dizia que
qualquer tentativa de depô-lo ou restringir seus poderes seria contrária à
vontade de Deus. Para o rei, a sua autoridade régia era de "direito divino", pretendendo ter
sido eleito pessoalmente por Deus para governar o seu povo. A sua realeza era
absoluta, independente de qualquer poder ou autoridade da terra. O rei era
assim uma espécie de capataz de Deus no seu reino, e só perante Deus teria que
prestar contas do modo como exercera o seu poder. Esta doutrina teve muitos
defensores e contrários, durante um bom período de tempo, e ainda hoje temos
alguns monarcas escolhidos por Deus (Inglaterra e Espanha são os melhores
exemplos).
O que deduzimos do
diálogo acima é que o Bolsa Família poderá se tornar o substituto de Deus em
nossa moderna democracia. Senão vejamos: Igual a Deus, o Bolsa Família, não tem
opositores ou são muito poucos, como os recalcitrantes ateus. Igual a Deus, o
Bolsa Família ajuda os pobres e excluídos. Igual a Deus, o Bolsa Família exerce
uma influência enorme naqueles por ela beneficiados. Igual a Deus, o pouco com
ela é muito. Igual a Deus, o Bolsa Família, muitas vezes tem seu nome usada em
vão por alguns. E por ai vai...
Portanto, o Bolsa
Família, com tantas semelhanças com Deus, aos olhos dos que a recebem, que pode
ser vista como “direito divino” de
permanecerem nos cargos, aqueles que eles acreditam que seja seu doador, que
assim, através do seu uso como Bolsa Voto, pode alterar os resultados do
sacrossanto direito e dever democrático, que o povo tem para eleger seus
governantes. Chegamos a uma situação na qual esta ajuda às pessoas pobres não
pode ser mais suspensa. Pensamos mesmo que não deve. Ninguém pode ser contrário
a tirar as pessoas da miséria em que vivem. No entanto, ninguém pode ser a
favor do uso desta ajuda para fins eleitorais ou eleitoreiros. Bolsa Família sim,
Bolsa Voto não. Eu ainda prefiro o Bolsa Escola.
E o Forróbom!? Foi
muito bom. Eu dancei e o povo dançou! Igual na época de “Seu Gerváz”. Viva Santo Antônio, São João e São Pedro!
A bolsa família tem mérito, mas quem aceita o benefício fica automaticamente viesado, como mostra o texto! Então ao invés de acabar com o BF quem a recebe não deverá poder votar até 4 anos depois de abrir mão dela: Assine a petição aqui: http://www.avaaz.org/po/petition/Bolsistas_do_Governo_Federal_nao_podem_votar/
ResponderExcluir