domingo, 30 de junho de 2013

"O dia em que a presidenta Dilma em 10 minutos cuspiu no rosto de 370.000 médicos brasileiros"




Eu, ontem, escrevi no Mural da A Gazeta Digital (AGD) que começava o dia vendo a página daquele blog chamada de Deu nos Blogs. E hoje fiz isto outra vez. Arrependi-me. Hoje é domingo, dia de missa e de descanso e não queria começar o dia chorando. Mas, foi o que eu fiz ao ler o texto abaixo escrito por uma médica (link do Blog do Josias) chamada Juliana Mynssen da Fonseca Cardoso, do Rio de Janeiro.

Eu dei a esta postagem o mesmo título do artigo da médica que também pode ser visto (aqui) no site do Conselho Federal de Medicina: “O dia em que a presidenta Dilma em 10 minutos cuspiu no rosto de 370.000 médicos brasileiros”. E foi mesmo. A presidenta quer resolver os problemas da Saúde no Brasil, importando médicos, como se o problema da área fosse este. Que se tente, através do Ministério da Saúde, alavancar a candidatura do Padilha a governador de São Paulo, tudo bem, e até dou razão ao conterrâneo Carlos Sena em defender a ideia nas redes sociais, pois falar é livre. Mas, colocar isto em discurso presidencial e com o intuito de resolver problemas que não dizem respeito à área é puro acinte.

Há outros argumentos, além dos da carta, para ser contra à vinda de médicos estrangeiros para o Brasil, e sabendo-se que isto é apenas um biombo para encobrir as promessas da presidenta aos cubanos, para melhorar um pouco a situação dos médicos naquele país, os argumentos abundam. Beira à desfaçatez.

Fiquem então com a carta da médica, e se der vontade de chorar, como deu em mim, o façam, pois, a situação deste país, está mais para choro do que para riso. Refreio-me no choro, abro um sorriso ao ler que a popularidade da presidenta caiu, e se Deus quiser continuará caindo, chegando ao seu lugar, que sempre foi próxima de zero. Obrigada, Doutora Juliana.

“Há alguns meses eu fiz um plantão em que chorei. Não contei à ninguém (é nada fácil compartilhar isso numa mídia social). Eu, cirurgiã-geral, ‘do trauma’, médica ‘chatinha’, preceptora ‘bruxa’, que carrego no carro o manual da equipe militar cirúrgica americana que atendia no Afeganistão, chorei.

Na frente da sala da sutura tinha um paciente idoso internado. Numa cadeira. Com o soro pendurado na parede num prego similiar aos que prendemos plantas (diga-se: samambaias). Ao seu lado, seu filho. Bem vestido. Com fala pausada, calmo e educado. Como eu. Como você. Como nós. Perguntava pela possibilidade de internação do seu pai numa maca, que estava há mais de um dia na cadeira. Ia desmaiar. Esperou, esperou, e toda vez que abria a portinha da sutura ele estava lá. Esperando. Como eu. Como você. Como nós. Teve um momento que ele desmoronou. Se ajoelhou no chão, começou a chorar, olhou para mim e disse “não é para mim, é para o meu pai, uma maca”. Como eu faria. Como você. Como nós.

Pensei ‘meudeusdocéu, com todos que passam aqui, justo eu… Nãoooo….. Porque se chorar eu choro, se falar do seu pai eu choro, se me der um desafio vou brigar com 5 até tirá-lo daqui’.

E saí, chorei, voltei, briguei e o coloquei numa maca retirada da ala feminina.

Já levei meu pai para fazer exame no meu HU. O endoscopista quando soube que era meu pai, disse ‘por que não me falou, levava no privado, Juliana!’ Não precisamos, acredito nas pessoas que trabalham comigo. Que me ensinaram e ainda ensinam. Confio. Meu irmão precisou e o levei lá. Todos os nossos médicos são de hospitais públicos que conhecemos, e, se não os usamos mais, é porque as instituições públicas carecem. Carecem e padecem de leitos, aparelhos, materiais e medicamentos.

Uma vez fiz um risco cirúrgico e colhi sangue no meu hospital universitário. No consultório de um professor ele me pergunta: ‘e você confia?’.

‘Se confio para os meus pacientes tenho que confiar para mim.’

Eu pratico a medicina. Ela pisa em mim alguns dias, me machuca, tira o sono, dá rugas, lágrimas, mas eu ainda acredito na medicina. Me faz melhor. Aprendo, cresço, me torna humana. Se tenho dívidas, pago-as assim. Faço porque acredito.

Nesses últimos dias de protestos nas ruas e nas mídias brigamos por um país melhor. Menos corrupto. Transparente. Menos populista. Com mais qualidade. Com mais macas. Com hospitais melhores, mais equipamentos e que não faltem medicamentos. Um SUS melhor.

Briguei pelo filho do paciente ajoelhado. Por todos os meus pacientes. Por mim. Por você. Por nós. O SUS é nosso.Não tenho palavras para descrever o que penso da ‘Presidenta’ Dilma. (Uma figura que se proclama ‘a presidenta’ já não merece minha atenção).

Mas hoje, por mim, por você, pelo meu paciente na cadeira, eu a ouvi.

A ouvi dizendo que escutou ‘o povo democrático brasileiro’. Que escutou que queremos educação, saúde e segurança de qualidades. ‘Qualidade’… Ela disse.

E disse que importará médicos para melhorar a saúde do Brasil….

Para melhorar a qualidade…?

Sra ‘presidenta’, eu sou uma médica de qualidade. Meus pais são médicos de qualidade. Meus professores são médicos de qualidade. Meus amigos de faculdade. Meus colegas de plantão. O médico brasileiro é de qualidade.

Os seus hospitais é que não são. O seu SUS é que não tem qualidade. O seu governo é que não tem qualidade.

O dia em que a Sra ‘presidenta’ abrir uma ficha numa UPA, for internada num Hospital Estadual, pegar um remédio na fila do SUS e falar que isso é de qualidade, aí conversaremos.

Não cuspa na minha cara, não pise no meu diploma. Não me culpe da sua incompetência.

Somos quase 400 mil, não nos ofenda. Estou amanhã de plantão, abra uma ficha, eu te atendo. Não demora, não.

Não faltam médicos, mas não garanto que tenha onde sentar. Afinal, a cadeira é prioridade dos internados.


Hoje, eu chorei de novo.”

Um comentário:

  1. E POR FALAR EM MÉDICOS E NA DILMA, LEMBRO-ME DE CUBA. POR ISSO, USUFRUINDO DA MINHA COTA DE MACHISTA DOU UMA DE BADERNEIRO OU VÂNDALO GRITANDO PALAVRA DE ORDEM: NÃO QUERO MÉDICO CUBANO, PREFIRO ENFERMEIRA SUECA!!!

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