Eu, ontem, escrevi no Mural da A Gazeta Digital (AGD) que
começava o dia vendo a página daquele blog chamada de Deu nos Blogs. E hoje fiz
isto outra vez. Arrependi-me. Hoje é domingo, dia de missa e de descanso e não
queria começar o dia chorando. Mas, foi o que eu fiz ao ler o texto abaixo escrito
por uma médica (link do Blog do Josias) chamada Juliana Mynssen da Fonseca
Cardoso, do Rio de Janeiro.
Eu dei a esta postagem o mesmo título do artigo da médica
que também pode ser visto (aqui)
no site do Conselho Federal de Medicina: “O
dia em que a presidenta Dilma em 10 minutos cuspiu no rosto de 370.000 médicos
brasileiros”. E foi mesmo. A presidenta quer resolver os problemas da Saúde
no Brasil, importando médicos, como se o problema da área fosse este. Que se
tente, através do Ministério da Saúde, alavancar a candidatura do Padilha a
governador de São Paulo, tudo bem, e até dou razão ao conterrâneo Carlos Sena
em defender a ideia nas redes sociais, pois falar é livre. Mas, colocar isto em
discurso presidencial e com o intuito de resolver problemas que não dizem
respeito à área é puro acinte.
Há outros argumentos, além dos da carta, para ser contra à
vinda de médicos estrangeiros para o Brasil, e sabendo-se que isto é apenas um
biombo para encobrir as promessas da presidenta aos cubanos, para melhorar um
pouco a situação dos médicos naquele país, os argumentos abundam. Beira à
desfaçatez.
Fiquem então com a carta da médica, e se der vontade de
chorar, como deu em mim, o façam, pois, a situação deste país, está mais para
choro do que para riso. Refreio-me no choro, abro um sorriso ao ler que a
popularidade da presidenta caiu, e se Deus quiser continuará caindo, chegando
ao seu lugar, que sempre foi próxima de zero. Obrigada, Doutora Juliana.
“Há alguns meses eu
fiz um plantão em que chorei. Não contei à ninguém (é nada fácil compartilhar
isso numa mídia social). Eu, cirurgiã-geral, ‘do trauma’, médica ‘chatinha’,
preceptora ‘bruxa’, que carrego no carro o manual da equipe militar cirúrgica
americana que atendia no Afeganistão, chorei.
Na frente da sala da
sutura tinha um paciente idoso internado. Numa cadeira. Com o soro pendurado na
parede num prego similiar aos que prendemos plantas (diga-se: samambaias). Ao
seu lado, seu filho. Bem vestido. Com fala pausada, calmo e educado. Como eu.
Como você. Como nós. Perguntava pela possibilidade de internação do seu pai
numa maca, que estava há mais de um dia na cadeira. Ia desmaiar. Esperou,
esperou, e toda vez que abria a portinha da sutura ele estava lá. Esperando.
Como eu. Como você. Como nós. Teve um momento que ele desmoronou. Se ajoelhou
no chão, começou a chorar, olhou para mim e disse “não é para mim, é para o meu
pai, uma maca”. Como eu faria. Como você. Como nós.
Pensei ‘meudeusdocéu,
com todos que passam aqui, justo eu… Nãoooo….. Porque se chorar eu choro, se
falar do seu pai eu choro, se me der um desafio vou brigar com 5 até tirá-lo
daqui’.
E saí, chorei, voltei,
briguei e o coloquei numa maca retirada da ala feminina.
Já levei meu pai para
fazer exame no meu HU. O endoscopista quando soube que era meu pai, disse ‘por
que não me falou, levava no privado, Juliana!’ Não precisamos, acredito nas
pessoas que trabalham comigo. Que me ensinaram e ainda ensinam. Confio. Meu
irmão precisou e o levei lá. Todos os nossos médicos são de hospitais públicos
que conhecemos, e, se não os usamos mais, é porque as instituições públicas
carecem. Carecem e padecem de leitos, aparelhos, materiais e medicamentos.
Uma vez fiz um risco
cirúrgico e colhi sangue no meu hospital universitário. No consultório de um
professor ele me pergunta: ‘e você confia?’.
‘Se confio para os
meus pacientes tenho que confiar para mim.’
Eu pratico a medicina.
Ela pisa em mim alguns dias, me machuca, tira o sono, dá rugas, lágrimas, mas
eu ainda acredito na medicina. Me faz melhor. Aprendo, cresço, me torna humana.
Se tenho dívidas, pago-as assim. Faço porque acredito.
Nesses últimos dias de
protestos nas ruas e nas mídias brigamos por um país melhor. Menos corrupto.
Transparente. Menos populista. Com mais qualidade. Com mais macas. Com
hospitais melhores, mais equipamentos e que não faltem medicamentos. Um SUS
melhor.
Briguei pelo filho do
paciente ajoelhado. Por todos os meus pacientes. Por mim. Por você. Por nós. O
SUS é nosso.
Não
tenho palavras para descrever o que penso da ‘Presidenta’ Dilma. (Uma figura
que se proclama ‘a presidenta’ já não merece minha atenção).
Mas hoje, por mim, por
você, pelo meu paciente na cadeira, eu a ouvi.
A ouvi dizendo que
escutou ‘o povo democrático brasileiro’. Que escutou que queremos educação,
saúde e segurança de qualidades. ‘Qualidade’… Ela disse.
E disse que importará
médicos para melhorar a saúde do Brasil….
Para melhorar a
qualidade…?
Sra ‘presidenta’, eu
sou uma médica de qualidade. Meus pais são médicos de qualidade. Meus
professores são médicos de qualidade. Meus amigos de faculdade. Meus colegas de
plantão. O médico brasileiro é de qualidade.
Os seus hospitais é
que não são. O seu SUS é que não tem qualidade. O seu governo é que não tem
qualidade.
O dia em que a Sra
‘presidenta’ abrir uma ficha numa UPA, for internada num Hospital Estadual,
pegar um remédio na fila do SUS e falar que isso é de qualidade, aí
conversaremos.
Não cuspa na minha
cara, não pise no meu diploma. Não me culpe da sua incompetência.
Somos quase 400 mil,
não nos ofenda. Estou amanhã de plantão, abra uma ficha, eu te atendo. Não
demora, não.
Não faltam médicos,
mas não garanto que tenha onde sentar. Afinal, a cadeira é prioridade dos
internados.
Hoje, eu chorei de
novo.”
E POR FALAR EM MÉDICOS E NA DILMA, LEMBRO-ME DE CUBA. POR ISSO, USUFRUINDO DA MINHA COTA DE MACHISTA DOU UMA DE BADERNEIRO OU VÂNDALO GRITANDO PALAVRA DE ORDEM: NÃO QUERO MÉDICO CUBANO, PREFIRO ENFERMEIRA SUECA!!!
ResponderExcluir